CAPÍTULO 26 - HARLEY

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Bom dia, voltei para faze-las sofrer mais um pouquinho!

Bom dia, voltei para faze-las sofrer mais um pouquinho!

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HARLEY

No domingo a tarde a pressão arterial da vovó subiu e tive que acompanhá-la até a unidade de saúde mais próxima de casa, o médico mal a olhou e disse que ela deveria repousar em casa. A noite quando chegamos em casa a Fabrícia me ligou, falando se eu poderia ir de manhã, disse que sim.

Minha cabeça estava fervendo por causa da proposta do Leão e do mal-estar da vovó, pois me sentia culpada, fiquei agoniada a noite inteira. Somente na manhã seguinte que pensei na ligação da Fabrícia, que era um tanto estranho, mas não tinha mais o que fazer.

Me arrumei e pedi pra Ju ficar com a vovó, mas assim que pisei os pés na sede da PF, senti que desmaiaria, estava com falta de ar e ansiosa nem sei o porquê.

— Bom dia Harley, gostaria de conversar com você. — Fabrícia me abordou séria, sem jeito.

— Tudo bem...— falei calma, não expressando o que sentia na alma.

Fomos juntas para outro andar, em silêncio e entramos numa sala pequena; quando vi que o superintendente geral estava sentado, fui me acomodando desajeitada, com o coração acelerado, imaginando que aquilo só poderia significar uma coisa. A sala clara, apenas com uma mesa e duas cadeiras de cada lado, e uma janela de vidro, parecida com a que tem na sala do César, só podia significar que eu estava em uma sala de interrogatório.

Mas minha análise foi interrompida, pois a porta foi abruptamente aberta, e o César surgiu nela.

— Eu vou participar. — falou sério, e ao olhar em seus olhos opacos e frios eu soube: ele havia descoberto tudo!

A Fabrícia ficou um tanto desconfortável, olhando para o superintendente, que estava olhando pro César, sem expressão nenhuma. E eu conseguia só olhá-lo com uma dor na alma, pois em seus olhos, eu vi a mais pura decepção.

O superintendente se quis falar algo pro César, não esboçou reação nenhuma, pois virou para mim e começou a falar.

— Bom dia Harley, eu sou o superintendente geral da polícia federal no estado de mato grosso, meu nome é Anthony e bom, a partir de agora você tem direito de ficar calada, se assim o desejar. Mas, eu peço gentilmente a sua colaboração, para sanarmos algumas dúvidas. — ele falou superficialmente olhando pra uma folha.

Olhei pro César, que não se sentou, continuou no canto da sala em pé, me olhando com ódio, me causando muito incomodo. O superintendente colocou algumas fotos na mesa, onde estava eu e o Leão abraçados, falando em seguida:

— Você poderia me contar qual é a relação que você tem com o narcotraficante, codinome Leão. — falou lendo o documento, depois me olhou aguardando uma resposta, suspirei pesadamente, fechando e abrindo os olhos, falando em seguida.

— Ele me infiltrou aqui, para que eu ouvisse conversas e o passasse. — fui objetiva, olhando diretamente nos olhos do César. E olhando pro superintendente completei: — ele e o vereador queriam informações.

— Harley nessas fotos, vocês estão abraçados, como é a sua relação com ele? São namorados? — a Fabrícia me perguntou, e rápida respondi.

— Não, não. Eu nunca tive nada com o Leão. — falei cansada.

— Ele é jovem, bonito, tem muito dinheiro sujo nas mãos. — ela falou olhando pras fotos. — Pareciam a vontade... — finalizou, olhando pra mim.

— Não é isso, eu nunca tive nada com o Leão.— esfreguei meu rosto, deixando as lágrimas caírem. Derrotada perguntei: — Eu posso contar desde o início?

— Por favor... — o superintendente falou, e olhando nos olhos do César que continuava quieto, comecei.

— Eu tenho um irmão, moramos com nossa avó desde que papai morreu, fomos abandonados ainda criança pela nossa mãe... — a Fabrícia me estendeu um lenço pra limpar as lágrimas que caiam, enquanto eu contava detalhadamente tudo que aconteceu. — Meu irmão cresceu com esse sentimento de rejeição, e ainda adolescente entrou no mundo das drogas....

Comecei a contar os mínimos detalhes da história da minha vida, e de como me envolvi no mundo do crime, e por mais de uma hora falei, sendo interrompida uma e outra vez, pra confirmar nomes. Ao terminar a história apenas a Fabrícia me olhava mais compreensiva, o superintendente continuava do mesmo jeito e o César parecia estar com mais ódio ainda.

— Então quer dizer que o cara te ameaçou, te obrigou a cometer um crime, quase matou teu irmão, ameaçou sua avó. — César começou a falar com certo cinismo pausadamente, andando pela sala e contando nos dedos cada acontecimento. E pela primeira vez desde que entrei aqui, senti medo — E AINDA ASSIM, ESTÃO ABRAÇADOS NESSAS FOTOS? — nervoso, deu um tapa na mesa que me assustou, levei a mão na boca e mais lágrimas desceram.

— VOCÊ TEVE VÁRIAS OPORTUNIDADES DE CONTAR A VERDADE. — ele gritou e eu gritei assustada, começando a chorar descontroladamente.— VOCÊ COMETEU UM CRIME HARLEY.

— SAI DAQUI JÚLIO CÉSAR... — a Fabrícia gritou de volta com ele, se levantando.

— Calma, calma, calma! — o superintendente falou autoritario. — Doutor Júlio César se retire por favor, Fabrícia se sente.

Ele colocou um copo de água na minha frente, que aceitei de bom grado; enquanto o César saia nervoso.

— Harley você citou o vereador, me fale mais a respeito. — o superintendente pontuou, após eu me acalmar um pouco.

Apenas recontei a parte que o citava, mas não tinha muito o que falar. Pois não entendia o sistema do tráfico e nem qual era a real ligação do vereador e do Leão. A Fabrícia ficou mais calada e o superintendente foi fazendo as perguntas, mas eu praticamente não tive o que responder. Depois daquilo que pareceram horas, ele me deu voz de prisão e disse que minha família seria avisada.

Outros agentes vieram me levar pra uma sela, que mais parecia um quarto sem móveis, me deixando lá sozinha. Chorei por tudo, chorei por mim, me deixei em anos ser vulnerável e lamentar pela merda de vida que tive.

Culpei papai por ter morrido, minha mãe por me abandonar, Vitinho por ser inconsequente e o César por não me proteger. Chorei pela vida que nunca terei.

EU AINDA ESCOLHO VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora