CAPÍTULO 30

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 HARLEY

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 HARLEY

Após desligar o telefone, fiquei parada um bom tempo absorvendo cada palavra dita; sim estou grávida! E o pai é o homem que mais me odeia, eu me sinto completamente perdida, sem saber o que fazer, pois nunca me imaginei em uma situação como essa, ainda mais sob essas circunstâncias.

Senti que o Eduardo se assustou, assim como eu, mas não tem como voltar no tempo; e o fruto daquele final de semana, está se desenvolvendo em meu ventre. Mesmo sem coragem, e tentando ser honesta com todos a minha volta, a noite enquanto jantávamos, resolvi revelar a verdade. Tentando ser forte e objetiva, falei de uma vez:

— Estou grávida! —meu padrasto e o Vitinho pararam de comer imediatamente, minha mãe continuou normal, pois ela já imaginava o resultado.

— Quem é o pai? —Vitinho perguntou bravo.

— Júlio César. — falei, e ele ficou visivelmente confuso, na tentativa de se recordar, querendo ligar o nome a alguém, e resolvi ser mais específica. — Ele é o delegado da polícia federal, responsável pelo meu caso.

— O que te prendeu? —Vitinho perguntou bravo se alterando, oque me irritou.

— Sim. — revelei, bravo ele se levantou bruscamente da mesa, saindo de casa.

Ninguém falou nada por uns minutos, após o Vitinho sair. Quando eu mesma já iria pro meu quarto, resolvi completar, falando:

— Eu avisei o Eduardo, que avisará ele. —falei olhando pro meu prato, envergonhada nem sei do quê; e a voz do meu padrasto soou calma no ambiente.

— Harley eu sei que tem sido dias difíceis, que aqui na minha casa, não existe muito conforto. Mas você é bem-vinda neste lugar, essa criança é muito bem-vinda também. E que, o que eu puder fazer pra te ajudar, farei a você e ao seu filho. E gostaria de te pedir para não se sentir pressionada a depender desse homem, só porque ele é pai do seu filho. — fiquei o olhando sem acreditar, e ele que é sempre tão calado finalizou me olhando nos olhos. — não se sinta sozinha!

— Obrigada!— agradeci, me sentindo profundamente tocada com suas palavras.

Querendo ficar sozinha, me retirei da mesa, e fui pro quarto. Enquanto estava deitada na cama, chorando, o telefone tocou e vi que era o Eduardo, senti medo de atendê-lo e ser humilhada mais uma vez, mas tentando ser forte, limpei as lágrimas e atendi.

— Boa noite Harley, o César vai querer um teste de paternidade.— falou devagar, sendo objetivo.

— Já esperava por isso.— respondi orgulhosa, tentando recuperar um pouco de dignidade. — É só marcar!

— Harley tem outra coisa, a avó dele, Carmén, quer que você fique na casa dela pra cuidar de vocês.

— Não entendi?!

— Não é bem um pedido, é uma exigência. — Edu esclareceu do outro lado da linha, sem jeito:— Harley com todo respeito ao que você decidir, e caso não queira ir, eu entenderei. Mas não compensa travar essa guerra com o César, avó Carmén é uma mulher maravilhosa, ela vai cuidar de vocês, tenho certeza que não vai te expor a nenhum tipo de humilhação, e sem contar que você estará mais protegida na casa dela.

— Eu vou pensar a respeito Eduardo.

— Harley, eu sei que até o momento, César foi um babaca com você. Mas pensa nesse bebê que você carrega, eu acredito em você, o Leão não foi preso, o vereador tampouco, e por mais que você esteja com sua família, você precisa ficar protegida também.

— Eu vou pensar Eduardo, obrigado por tê-lo avisado.

Desliguei o telefone sem saber ao certo o que pensar a respeito desse pedido inusitado, não faz nenhum sentido ficar com a dona Cármen. Quando nos conhecemos ela pareceu ser uma mulher adorável, mas foi um breve encontro.

Agora a história é outra, muita coisa aconteceu, ela deve achar que foi tudo um plano ter ficado com o neto dela, sem contar que devo parecer um monstro. Não, não existe a mínima possibilidade de ficar na casa deles, quanto a isso não vou mais nem pensar, e nem mudo de opinião.

Acordei na manhã seguinte me sentindo péssima, mesmo falando que não pensaria, fiquei a noite inteira com esse assunto na cabeça e imaginando o que farei a partir de agora, se estava difícil sendo só eu, imagina com um filho?

Me sentei na mesa e minha mãe falou que o Vitinho não havia voltado.

Mas não demorou muito, ele chegou se sentando inquieto, fiquei aliviada de ver que ele não havia ingerido nenhuma droga e nem álcool, mas estava claro, que ele estava tendo uma crise de abstinência, minha mãe ficou olhando assustada.

Inquieto, suando muito, sentou-se na mesa; suas roupas estavam sujas e visivelmente perturbado, ficou esfregando suas mãos.

— Bom dia Vitinho, deveria ter voltado. — falei o censurando, mas ele nem se importou.

— Harley você não precisa ter esse filho... — falou esfregando o nariz fortemente.

— Como é Vitinho?— não estava acreditando, no que eu ouvi.

— Tem um pessoal aqui na cidade, que faz aborto, é super-rápido e...— nem deixei-o terminar e gritei com ele.

— FICOU LOUCO?

— Você não precisa carregar esse fardo! — falou frio, me olhando com ódio.

— JÁ CHEGA VITOR!

Levantei com pressa e raiva, sentindo tudo virar, minhas vistas escurecer e minha boca formigar. Minha mãe correu pra me apoiar, e com esforço me sentou de volta. Vitinho ficou me olhando, e direcionou um olhar de maldade pra minha barriga, que ainda estava plana.

— Filho de rato, não merece viver. — falou maldoso, se levantando em seguida.

Eu e minha mãe trocamos olhar assustado, e o mesmo medo que correu em mim, a atingiu.

— A partir de agora você terá que tomar cuidado com o Vitinho. — ela me advertiu, ainda assustada. — Ele pode tentar fazer algo contra esse bebê.

Não consegui falar nada e por um tempo fiquei tentando assimilar o comportamento do Vitinho, com medo do que possa acontecer a mim e ao meu bebê, pois se tem uma coisa que nunca farei na vida: será um aborto!

Estou assustada em estar grávida em meio a todo esse caos que estou vivendo, em ser filho de quem é; mas serei forte por mim e esse bebe, mas aborto? Não, de maneira nenhuma. E jamais imaginei meu irmão agir assim, com essa maldade toda só porque estou grávida de um policial.

E não querendo que a Karen presenciei todo esse confronto em casa; tomei coragem, pensando na proteção do meu bebê, e liguei pro Eduardo, falando que aceitava a proposta da dona Carmén, mesmo a proposta sendo descabida, e estando sujeita, a viver outro tipo de inferno, pelo menos ela não falou em matar meu bebê.    

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