CAPÍTULO 31 - JÚLIO CÉSAR

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 JÚLIO CÉSAR

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JÚLIO CÉSAR

Fiquei um mês no Rio de Janeiro, visitei meus pais, encontrei velhos amigos, me dei a oportunidade de me desconectar do César que me tornei, do cargo de delegado, de ter sido enganado. Mas falhei miseravelmente, eu tentei, mas sem sucesso.

Pensei sobre tudo oque aconteceu, a raiva diminuiu; já não estou chateado com o Eduardo e talvez num futuro distante, consiga olhar a história da Harley com outros olhos. Voltei pro meu cargo, e tenho trabalhado muito em casos que havia deixado em segundo plano.

Nadine me chamou pra sair mais de uma vez depois que voltei, no terceiro pedido, eu passei um português bem claro pra ela: posso oferecer minha amizade, e nada mais! Não haverá encontros e nenhuma noite a mais. Enquanto estava no Rio, fiquei com uma mulher que conheci por lá, mas descobri que havia um corpo estranho pairando entre a gente.

Acho que fiquei muito encantando com o fato de ter sido o único homem na vida da Harley, agora meu corpo e minha mente busca algo que nem sei o que é, pois a Harley pode ter me enganado, e mentido, mas da vida dela eu fui o único homem, isso é real. Então resolvi, que é melhor ficar sem mulher nenhuma, por esses dias. E como diz o precioso ditado: antes só, que mal acompanhado!

A manhã estava quase findando, quando vi que o Eduardo me ligava, estava terminando de fazer umas anotações em um caso para encaminhá-lo, deixei a ligação cair. Pela segunda vez começou a tocar insistentemente, sem muito ânimo, resolvi atender pra ver do se tratava.

— Bom dia Eduardo! — falei prestando atenção no documento que estava na mão.

— Bom dia Júlio César, vou direto ao assunto: a Harley está grávida!

— Como assim? — perguntei assustado.

— Não sei, acho que o final de semana que vocês ficaram juntos foi massa de mais...— falou brincando, fazendo o velho Edu aparecer. Mas percebendo que não estava com graça nenhuma, completou: — A Harley está grávida, ela me ligou hoje avisando.

— Eu vou querer um teste de paternidade. — falei por força da expressão, mas não acho que ela está mentindo sobre a paternidade.

— Ok, irei informá-la.

Falando isso desligou, e não houve documento que prendesse minha atenção, fiquei com o choque e o peso daquela frase: a Harley está grávida! Afrouxei a gravata, abri um dois botões da camisa, pois sinto que de repente estou ficando sem ar.

E se não for meu? Será que existe essa possibilidade? Realmente fui o primeiro homem da vida dela, mas nas fotos ela abraçou de um jeito tão íntimo aquele infeliz. Mas ela estava sobre uma pressão muito grande, um pensamento sorrateiro falou.

Gravida, caramba, filho não está nos meus planos, na verdade não agora e nem sobe essas circunstâncias, ainda mais com a mulher que me enganou. Sinto que minha sala está pegando fogo, o que eu vou fazer agora?

Com mil coisas na cabeça, resolvi ir conversar com um amigo, se não vou pirar. Passei pelo setor e nem observei nada, indo direto pro hospital onde o Fred trabalha. Ao chegar lá, ele estava finalizando um atendimento, e como a secretaria dele, dona Antônia, me conhecia, ela pediu para eu aguardar.

Não consegui sentar, me sentia inquieto, nervoso; essa consulta parecia não acabar nunca!

— Doutor Júlio César aceita uma água? — ela me perguntou preocupada.

— Não obrigado!

— Um café? — ela me perguntou novamente.

— Não quero nada, obrigado!

Vi a porta da sala do Fred se abrindo, e um casal saindo de dentro, e por ironia da vida, a mulher estava com uma enorme barriga de grávida! E foi impossível não olhar e me questionar: a da Harley vai crescer tanto assim?

— Imperador? Tudo bem?— Fred me perguntou com um olhar interrogativo.

— Preciso falar com você. — respondi.

Entramos na sala dele, e nos sentamos no sofá que havia por lá, ele esperou eu falar primeiro e era assustador até pronunciar as palavras em voz alta.

— Fred, a Harley está grávida. — de preocupado, vi o esboço de um sorriso surgir em seu rosto.

— E presumo que você seja o pai? — perguntou devagar.

— Ao que tudo indica, sim. Mas não sei o que fazer, quando essa história começa a se encaixar na minha mente, agora uma gravidez surge.

Frederico estava por dentro de toda história com riqueza de detalhes, e como ele havia conversado com o Eduardo ele tinha duas visões de tudo que aconteceu. Me levantei, me sentindo incomodado de continuar sentado, com falta de ar, ele riu e como se estivesse se lembrando de algo falou:

— Fiquei um pouco parecido com você, quando a Hari me disse que estava grávida. —ele e a Hari, tiveram uma história muito difícil.— Mas eu não indico você agir como eu agi, quando soube da notícia.

— Frederico a história sua e da Hari, é totalmente diferente do que aconteceu comigo e com a Harley. — fui enfático, ao afirmar.

— Será mesmo César? — ele me perguntou, e depois continuou:— se você tem dúvidas sobre a paternidade, pode fazer um teste, existem métodos sofisticados e seguro de você fazer durante a gestação. Mas Imperador, ao que tudo indica de toda essa história, e te respondo como médico, não como amigo, a Harley deve está precisando de um descanso mental, de segurança e acima de tudo pro bem-estar da criança, de paz e tranquilidade.

Fiquei pensativo e ele continuou:

— Você precisou de uns dias fora de tudo isso pra se recompor, mas pra você é fácil Júlio César, é só pegar um avião e ir descansar na praia. Agora imagina ela, com a história de vida? Ela estava vivendo sob agressão psicológica por um traficante, ela foi obrigada a fazer coisas que não queria, ela citou no depoimento que foi agredida fisicamente por um homem, ela foi pressa, teve de mudar de casa e agora descobre que está grávida. Isso tudo sem acrescentar que devida as circunstancias recurso financeiro ela não terá nenhum, e enquanto esse processo não finalizar, ela estará exposta.— ele parou e me olhando sério falou:— Olha seu estado imperador, imagina como ela deve ter ficado? Pois tenho certeza que uma mulher, não vai querer ficar grávida do homem que a prendeu.

Quando ele finalizou lagrimas queimaram em meus olhos, pois minha vida em comparação com a história da Harley, sempre teve mais privilégios. Eu nunca passei necessidade na vida, tive acessos aos melhores lugares, as melhores escolas, sempre fiz o que quis e sempre tive recursos e apoio pra tal.

—Júlio César meu amigo, ajude ela. Sem contar que agora você estará fazendo tudo isso pelo seu próprio filho ou filha; se como amigo você é um cara leal, como pai tenho certeza que será maravilhoso. — Fred finalizou.

— Eu não tenho tanta certeza Frederico...

— Ajude a César, esse já um passo.

Sai do consultório do Fred mais calmo, com os pensamentos centralizados. De fato, eu tenho que ajudar a Harley, e com um pensamento definido eu liguei pro Eduardo, que me atendeu imediatamente.

— Eu tenho outro recado pra ela Eduardo.

— Qual?

— Ela vai morar na casa da minha avó. — falei sério.

— E se ela não quiser? —ele me perguntou.

— Não é bem um pedido.

Com essa parte resolvida, e sem cabeça pra voltar pro trabalho, segui pra casa da minha avó, em Chapada dos Guimarães, para contar pra ela toda a história e pedir sua ajuda, afinal agora terei um filho e mesmo não existindo a mínima possibilidade de ter algo com a mãe novamente, essa criança terá do bom e do melhor, desde a gestação.  

EU AINDA ESCOLHO VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora