CAPÍTULO 22 - HARLEY

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Bom dia! Capítulo extra da semana.... 

 Percebendo que algo mudou, ele interrompeu o beijo, mas nem deixei-o olhar pra mim, e o abracei fortemente, tentando me agarrar aquele abraço como um náufrago em um bote salva-vidas

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 Percebendo que algo mudou, ele interrompeu o beijo, mas nem deixei-o olhar pra mim, e o abracei fortemente, tentando me agarrar aquele abraço como um náufrago em um bote salva-vidas.

— Está tudo bem Harley? — questionou, e apenas neguei com cabeça, ainda agarrada a ele. E de igual modo ele me abraçou ainda mais forte, sabendo que eu precisava daquele momento.

— Venha, vamos nos sentar na areia. — abraçados seguimos até areia, nos sentando em seguida.

Ficamos em silêncio por um tempo, abraçados, apenas ouvindo o som da água caindo e o som dos pássaros. E com uma coragem crescente em mim, falei:

— Lembra que esses dias atrás, queria falar com você, pra me ajudar em algo?

— Sim...

— Então eu disse, que havia resolvido, mas a verdade é que ainda preciso da sua ajuda.— confessei.

— Harley olha pra mim... — levantei a cabeça, o olhando nos olhos. — O que você quiser, e que eu puder fazer, farei pra te ajudar. E se eu não consegui, ainda assim darei um jeito. — sorri, sem achar graça.

— Eu preciso te contar, como eu consegui o estagio na polícia.— revelei.

E quando abri a boca pra começar a contar a história, um grupo de banhistas chegou na cachoeira, fazendo muito barulho.

— Bom, vou te levar pra fazer uma boa refeição, acho que te fiz andar muito hoje. — falou com um sorriso.

— Tudo bem.— concordei, vendo que nossa privacidade e o momento de coragem haviam passados.

JÚLIO CÉSAR

Eu sempre tentei controlar as coisas que acontecem ao meu redor, eu nunca gostei da sensação de estar no escuro, ou de sentir que algo não vai bem. Eu sempre fui muito racional quanto a minha vida, e tudo que a envolve.

Mas estando aqui com a Harley, soou um alerta vermelho em minha mente. Com ela eu não consigo manter o controle, é tudo tão espontâneo que me assusta, pois nunca vivi essa emoção com outra pessoa.

Eu sei que algo não vai bem com ela, e isso me incomoda, o César que sou: seria solidário e me afastaria. Mas o César que sou com ela, quer descobrir e resolver o que tanto a incomoda. E pensando nisso, mudei nosso destino de volta.

Como estamos em Chapada dos Guimarães voltaria pra Cuiabá, mas acho que ela precisa de um tempo em um lugar mais tranquilo, e imediatamente lembrei da casa da minha avó aqui em Chapada, sei que minha avó vai criar mil e umas suposições sobre me ver novamente com a Harley, mas é o que sentir em fazer.

Ela ficou silenciosa após voltarmos da cachoeira, apenas observando tudo ao redor; seus olhos ganharam um brilho tímido apenas quando adentramos a casa da minha avó, no final da manhã.

— Doutor Júlio César, tudo bem com o senhor? — a secretaria do lar da minha avó, perguntou assim que desci do carro.

— Bom dia Dete, estou bem, obrigado. E você como está?

— Estou bem doutor. — respondeu, e curiosa ficou surpresa ao ver a Harley.

— Essa é a Harley, e Harley essa é a Dete. — se cumprimentaram.

— E minha avó Dete, está em casa?

— Não está doutror, ela saiu esse final de semana com a Camila.

Vovó sai muito de casa, toda oportunidade de passeio e conhecer um lugar novo ela vai, eu sempre peço pra ela me avisar sobre essas saídas repentinas, mas é complicado.

— Ela nem me avisou... — falei mais pra mim mesmo.

— Ela tentou te ligar ontem, mas não conseguiu falar com o senhor.

— Estava em reunião e acabei me esquecendo de retornar. Mas e você por que está aqui hoje? — perguntei, pois geralmente final de semana ela não trabalha.

— Tive compromisso um dia dessa semana, e não pude vir. Sua avó disse que não precisava vir repor, mas o senhor sabe que gosto de fazer as coisas certinhas né doutor?!

Sorri, imaginando as duas discutirem sobre a reposição, pois Dete trabalha a anos na nossa família, atualmente é mais uma companhia pra minha avó, que uma funcionaria em si, até porque tem uma faxineira que vem três vezes na semana, devido a casa ser grande.

— Daqui a pouco já iria, mas se quiser deixo almoço pronto pra vocês.

— Obrigado, mas não precisa Dete, pode ir, eu peço algo.

— Tudo bem, mas qualquer coisa estou à disposição.

— Imagina, bom descanso, venha Harley vamos entrar.

Entramos em casa, e como a Harley já havia estado aqui antes, o primeiro andar ela já conhecia, mas imaginando que ela queria tomar um banho, por estarmos ainda com a roupa da trilha e molhada devido ao banho na cachoeira subi os degraus para levá-la até o quarto.

— A casa da sua avó é muito linda César. — falou enquanto íamos em direção aos quartos.

— Aqui foi feito um excelente trabalho.

A casa foi construída em um formato de chalé moderno, pra remeter a ideia de lugares onde nevam, mas toda estruturada pra aguentar as altas temperaturas matogrossense, de fato um lugar muito lindo.

Parei em frente ao quarto de visitas, abrindo a porta.

— Aqui tem banheiro, e toalhas no armário Harley, pode ficar à vontade.

— Obrigada.

Após fechar a porta, fui em direção ao meu próprio quarto tomar um banho, pois tinha areia em todas as partes do meu corpo. Mas não deixei de notar que eu nunca trouxe uma mulher aqui em casa, que estive envolvido, apenas meus amigos.

Se eu falasse isso pra Harley, acho que nem ela acreditaria, mas, o mais sutil sentimento é que não estou incomodado com isso, está sendo tão normal pra mim.

Sendo objetivo comigo mesmo, isso está sendo meu erro: tive um primeiro encontro espontâneo, sai com ela como casal, roubei beijos como um adolescente e trouxe ela pra minha casa. Tudo isso não são características da minha personalidade.

Harley é linda, uma mulher envolvente, quero ajudá-la seja la com o que estiver acontecendo, mas tudo que está acontecendo com nós dois não dá mais para acontecer, tenho que parar por aqui esse nosso envolvimento, e deixar apenas no campo da amizade, ou no profissionalismo.

E com esse pensamento resolvido, sai do banho.  

EU AINDA ESCOLHO VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora