Bom dia, me desculpem a falta de capítulo na sexta!
JÚLIO CÉSAR
O treinamento que inicialmente começou com a proposta de ser apenas uma semana, se estendeu para mais duas semanas e meia. Eu liguei pra minha vó quase que diariamente, e sempre ela falava que estava tudo bem e que a Harley ou estava no escritório, no banho ou dormindo.
Não consegui ouvir a voz dela em nenhum desses dias, pelo treinamento ser muito intenso, chegava moído de cansaço e dormia ao tocar na cama. Mas todas as noites, minha mente a buscava em sonho, e eu percebi que estava me torturando e torturando a Harley, por uma coisa que nós dois queríamos.
Sempre me orgulhei de ter uma vida certinha, metas definidas e vivia feliz com minha rotina de solteiro. Não tinha nada contra vida conjugal, de certa forma achava que a pessoa perdia, quando optava por ela, mas estar longe da Harley me fez perceber que minha vida não é o conto de fadas que eu sempre imaginei, e viver tão sozinho, as vezes pode ser solitário demais.
Eu a quero, mesmo com todos os seus erros, mesmo que ela não seja a parte perfeita, mesmo que tenhamos um longo e difícil caminho a percorrer, eu quero a Harley! E com a decisão tomada, assim que pisei os pés em Cuiabá, segui caminho para Chapada dos Guimarães pra encontrar a mulher da minha vida!
HARLEY
Quando se passou os dias que minha avó pôde ficar comigo no apartamento do César, resolvi voltar para a casa da dona Carmén, com a justificativa que aqui é maior e mais fresco. Mas o que realmente eu quis fazer foi me afastar do César, e do quanto passei a amar aquela rotina.
Mas não posso me deixar enganar, não posso me iludir, e pensando no meu bem-estar emocional achei por bem sair da casa dele. Impus esse limite, enquanto ele está de viagem, como um recado pro meu coração, que iremos ficar bem sem ele, e o principal ele não me pertence.
Mas essas duas semanas tem sido tão difíceis pra mim, estou com saudade, estou carente dele, sinto falta da sua companhia e acho que a gravidez tem me deixado muito fragilizada.
Com esses pensamentos me torturando, não consegui ficar mais deitada na cama e me levantei.
Peguei uma de suas camisetas, e trouxe comigo como uma forma de me lembrar dele. Dormi vestida ela todos os dias, e tentava ludibriar minha mente com o pensamento que ela era larguinha, o tecido era maleável e a textura macia. Mas eu queria apenas sentir seu perfume e ter algo dele para tocar.
Além de grávida, chorona e com fome; por mim comeria pizza toda hora. E com fome, sai do quarto andando devagar, pois a claridade era pouca, e a que tinha, vinha das luzes da área externa. Apertei a blusa no corpo, pois o ambiente estava gelado.
Assim que cheguei na cozinha, vi que a dona Carmén havia deixado a porta aberta, e quando fui até ela fechar, levei um susto, pois havia um homem deitado na espreguiçadeira.
— Calma Harley, sou eu o César... — ele se apresentou imediatamente, se levantando.— resolvi tomar um pouco de vinho antes de deitar.
Olhei na mesa, havia uma garrafa de vinho aberta pela metade, e uma taça sob mesa.
— Me assustei, não sabia que você havia chegado.
— Cheguei hoje a noite, e vim pra cá.— ele justificou: — Depois do banho, vim beber um pouco. — falou com um sorriso atraente, completando em seguida: — Está tudo bem?
— Sim, apenas vontade de comer pizza. —falei com um sorriso, passando a mão na minha barriga que havia crescido um pouco.
E me surpreendendo ele levou a mão até minha barriga, a acariciando devagar, fiquei sem reação curtindo aquele carinho que nunca havia demonstrando. Com o passar dos dias, minha barriga ganhou um leve aumento, criando o formato da barriguinha de gestante.
— Cresceu enquanto estive fora. —falou devagar, admirando meus novos contornos.
— Sim. — falei, fechando os olhos e absorvendo aquele carinho. Quando abri os olhos senti que estava queimando, que cada poro meu queria se jogar em seus braços e falar coisas das quais é melhor eu me manter calada, para não me arrepender, mas quando olhei em seus olhos senti que ele compartilhava dos mesmos desejos.
— Harley, senti sua falta... —me confessou, e por um momento eu não acreditei ouvir isso.
E sem fingir ser forte, e sem me mostrar indiferença ao seu sentimento, como em uma dança sincronizada onde já sabia todos os passos. Ele deslizou devagar as mãos em meus braços, e ao alcançar minha nuca, avançou em meus lábios e por um momento acreditei estar sonhando.
O gosto do vinho ainda em seus lábios, sua mão forte e firme em mim, o trouxe ainda mais pra perto, para que nunca mais se afastasse. Deslizei minhas mãos em cada parte de seu corpo, matando a saudade e tentando extravasar tudo que havíamos vivido.
Passei a mão em seu rosto, sentindo sua barba que havia crescido, inalando seu cheiro, seu ar. Ofegante, nos abraçamos, mas ficar sem seus lábios, me fez sentir sem chão e como alguém sedento por água o procurei mais uma vez, o beijando e matando a saudade.
Mas a mágoa, o sentimento de rejeição, a humilhação invadiu minhas lembranças, e triste recuei para trás.
— O que foi? — me perguntou ofegante.
— César as coisas não funcionam assim... — mesmo doendo em mim, corajosa falei.
— Harley, eu sei que você me quer e eu também te quero... —protestou, apelando em seguida:— vamos ter um filho!
— Mas você continua sendo o cara que me humilhou, e me prendeu sem me ouvir. — ele abriu a boca e fechou várias vezes, ponderando falou.
— Harley eu não podia ter agido diferente, se coloca no meu lugar!— falou cansado e triste.
— Não César, se coloca no meu!— cabisbaixa respondi.
— Harley não faz isso com a gente...
— César eu te quero, mas não quero ser a pessoa que você recorre quando está carente.
— Harley eu demorei pra perceber, me desculpa! Mas eu te quero e muito.
— Você já se imaginou tendo um relacionamento comigo? — ele me olhou sério, como ficou em silêncio continuei:— As pessoas já sabe que estou grávida de você?
E como não ouve uma resposta,eu entendi que eu era seu segredo, que eu era a pessoa que ele queria; mas não teria orgulho de estar ao meu lado, uma lagrima silenciosa caiu.
— Quem é importante pra mim, sabe que serei pai. — falou mais pra ele mesmo.
Me apegando ao pingo de dignidade que corria na minha veia, mesmo desejando ele com toda força que existe em mim, voltei pra dentro de casa; indo o mais depressa pro meu quarto. Eu amo o César e o desejo, como nunca vou desejar um outro alguém, mas tenho que me dá respeito.
Deitei na cama sentindo tantas emoções conflitantes em mim, eu o quero; mas ele tem que ter certeza que me quer, e que não se envergonhará de estar ao meu lado. Sei que eu errei ao me associar a criminosos, mas foi a única forma que encontrei de salvar o Vitinho, e mesmo decepcionada com meu irmão, não me arrependo de tê-lo ajudado.
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EU AINDA ESCOLHO VOCÊ
RomanceHarley é uma mulher determinada, que se esforça muito estudando e trabalhando. Mas uma fatalidade fará com que ela trilhe caminhos não desejados, mas necessários. Júlio César é um delegado admirado por todos, e que preza por sua reputação acima de...