Boa noite, a @cleonicefamily18 me pediu com tanto carinho um bônus que não resisti, kkk, boa leitura meus amores!
HARLEY
Um mês e meio se passou desde o dia que sai de Cuiabá, e vim pra casa da minha mãe. Confesso que em nenhum momento desejei vir pra cá, mas segundo Eduardo poderia ser perigoso pra mim e minha avó ficar em Cuiabá, com o Leão a solta.
Não acredito que o Leão faria algo comigo, até porque ele propôs me ajudar. Mas é claro que não citei isso a ninguém, como o Leão disse: era um segredo nosso. Mas ainda assim, tinha o vereador, e esse me dá arrepios.
Ainda não passou nenhum dia, que eu ficasse sem pensar no César. Eu queria muito ter conversado com ele, falar que em nenhum momento fingi e que nunca foi meu plano seduzi-lo. Mas ainda estou com a lembrança dele na sede da PF e com seu olhar de ódio; sei que não voltaremos no tempo e nunca mais teremos nada, mas eu sinto que deveríamos ter conversado e esclarecido as coisas.
Perguntei somente uma vez dele, pro Eduardo, ele foi sincero comigo e disse que sabia que o César estava bem, através do Frederico. E me revelou que o César cortou relação com ele, após ele pedir o afastamento dele do caso.
Fiquei assustada, é claro! Não queria que essa guerra fosse travada entre os dois por causa de mim, mas o Eduardo me falou que o César agiu errado como profissional, que ele exagerou comigo. Serei eternamente grata ao Edu, por me ajudar, mas não queria ser a causa da briga dos dois.
Eu sempre converso com ele por telefone, pra me manter informada do andamento do processo e pra contar o que tenho feito, mas sem alterações na minha rotina agora que fico somente em casa, quero dizer na casa da minha mãe.
E por falar nela, ela realmente está mudada, tem tentado agir como uma mãe, mas a verdade é que há um abismo entre nos duas, somos completamente estranhas. Mas não está forçando a barra comigo, mais ainda assim, me sinto uma completa estranha entre ela e sua família.
Vitinho está trabalhando com o esposo dela, que é pedreiro, ele tem frequentado a igreja com eles, ainda não fui nenhuma vez, mesmo sendo convidada. Pouco tem conversado comigo e não está igual antes, apenas dois dias depois que cheguei, me sentei com os três e contei a história, sem mencionar meu envolvimento com o César, se queriam me falar algo, não falaram e Vitinho ficou mais quieto e estranho ainda.
Além de viver tudo isso, respondendo um processo em andamento e longe da vovó; pra completar me sinto doente! Pois vivo com dores no estômago e náusea; já não tenho mais dinheiro, estou com o mínimo do mínimo, o que me faz, me sentir uma parasita.
— Oi Harley, quando sai da escola, vi esse bombom, e lembrei de você. — a filha da minha mãe, Karen, me perguntou sem jeito, estendendo a mão com o doce.
— Obrigada. —falei tentando ser gentil com ela, pois não tinha nem um pouco de fome.
Ela me passou o doce, que estava com uma boa aparência, e ficou me olhando, com aquele jeitinho que criança pequena faz. Mesmo sem vontade de comer, mas para agradá-la, que desde quando cheguei tem se mostrado adorável, eu mordi o primeiro pedaço.
— Está muito bom, obrigada!—ela me deu um enorme sorriso, e dei mais umas mordidas.
Mas não sei, se foi o fato de estar o dia com o estômago vazio, comecei sentir minha boca salivar, e uma forte vontade de vomitar. Sem conseguir segurar, corri pro banheiro, despejando ele.
— O que foi? —minha mãe chegou correndo na porta do banheiro, enquanto eu vomitava.
— O doce que trouxe pra ela, estava estragado... —Karen falou triste, mas nem consegui responder.
Minha mãe saiu de perto sem falar nada, típico dela é claro, mas a Karen ficou por perto me olhando preocupada, assim que acabei, lavei minha boca, dando um sorriso pra ela.
— Estou bem, não foi seu doce. Apenas meu estômago que não está legal. —justifiquei pra ela, que continuava por perto triste.
— Harley, estava com vergonha de te falar, mas ontem comprei esse...é que tem duas semanas que você esta assim, eu, eu, aqui... —minha mãe falou sem jeito, me entregando um teste de gravidez.
Não consegui esboçar nenhuma reação, fiquei em choque olhando para a embalagem. E sem dizer nada, ela e a Karen saíram, me deixando com aquele conteúdo pequeno, mas que poderia mudar minha vida pra sempre.
Desde o dia que cheguei estou mal, e com o passar dos dias, fui ficando pior ainda. Só que é tanta coisa na minha cabeça, que jamais assimilei o mal-estar à gravidez.
Limpei uma lágrima que caiu, fechando a porta do banheiro e nos minutos seguintes eu soube que jamais seria a mesma, pois dois tracinhos marcaram aquela tirinha.
***
Não contei nada a ninguém, chorei a noite toda e no dia seguinte liguei pra vovó contando que estava grávida. Acredito que ela não está no juízo perfeito, pois ficou feliz e disse que filho é benção de Deus! Mas me aconselhou a contar pro César, disse que não era pra eu mentir e nem omitir essa notícia, que independente da atitude dele, ele tinha o direito de saber da gestação.
Sem coragem, com medo e ansiosa; segui o conselho da vovó e liguei pro Eduardo, que rapidamente me atendeu:
— Boa tarde Harley, aconteceu alguma coisa?— perguntou preocupado.
— Boa tarde Edu, não! Está tudo bem por aqui.— falei ansiosa.
— Que bom, fiquei preocupado. Mas em que posso lhe ajudar?
— Eu preciso falar com o César, Eduardo. — revelei, sem jeito.
— Harley...— ele suspirou do outro lado da linha, e começou a falar:— César voltou tem pouco tempo do Rio de Janeiro. Ainda não está falando comigo, sei que ele está bem, através dos nossos amigos em comum, vou ser sincero: ele não vai querer falar com você! —foi honesto e claro, e com pressa falei, para não perder a coragem.
— Eduardo, estou grávida!— ouve um silêncio do outro lado da linha, a ponto de eu quase achar que a ligação havia caído, mas então ele falou.
— Harley, eu te ligo de volta em breve.
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EU AINDA ESCOLHO VOCÊ
Roman d'amourHarley é uma mulher determinada, que se esforça muito estudando e trabalhando. Mas uma fatalidade fará com que ela trilhe caminhos não desejados, mas necessários. Júlio César é um delegado admirado por todos, e que preza por sua reputação acima de...