Harley é uma mulher determinada, que se esforça muito estudando e trabalhando. Mas uma fatalidade fará com que ela trilhe caminhos não desejados, mas necessários.
Júlio César é um delegado admirado por todos, e que preza por sua reputação acima de...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
JÚLIO CÉSAR
Não entendo qual foi a parte da minha vida, onde dei tanta liberdade pra Harley, a ponto de tudo isso está me afetando numa proporção gigante. É tudo tão simples, e não consigo ser eu mesmo e muito menos agir como de costume.
Fiquei extremamente chateado quando o Eduardo apareceu, mas uma parte de mim, num fundinho minúsculo, ficou satisfeito dele entrar no caso, porque ele é um dos melhores advogados desse país.
Doeu-me no fundo da alma, quando a vi triste e encolhida naquela sala, por um momento me deu vontade de tirá-la de lá, voltar no final de semana e não sair de lá nunca mais, mas as coisas não são assim. Enquanto colocava o processo no sistema, a Nadine apareceu querendo falar da Harley, e do quanto algo nela dizia que a Harley não era uma boa pessoa. Com todo respeito do mundo, me deu vontade de mandá-la ao inferno, mas minha educação não me permite, apenas disse que estava de saída, a deixando sozinha.
Enquanto saia, fiquei com vontade de subir e conversar com a Harley, colocar tudo em pratos limpos; mas sentindo que minha cabeça explodiria, fui pra casa, e pra anestesiar a dor que estava sentindo, fui abrindo os vinhos que havia em casa, e nem sei quantos bebi, mas num dado momento me senti leve e com a lembrança daquela mulher em meus braços, adormeci.
***
No dia seguinte, bem cedo já estava em reunião com o Anthony. Quando a Fabrícia veio me avisar que o Eduardo já me aguardava do lado de fora, acredito que ele tenha trabalhado no caso a noite toda, não me importando da presença do Anthony, autorizei a entrada dele.
— Bom dia doutores! — entrou falando sério, no seu modo advogado.
— Bom dia Eduardo. — Anthony se levantou e o cumprimentou mais informal, mas eu continuei exatamente onde estava.
— Bom, como meu dia está corrido hoje, vou logo ao ponto. — Edu falou, abrindo sua valise, e tirando de dentro alguns papéis. — eu trouxe um habeas corpus expedido com o alvará de soltura, abri dois comunicados contra vossos senhores na corregedoria, por excesso no ato da prisão. Visto que minha cliente estava cooperando com a justiça. Garanti um domicílio seguro pra ela, longe dos limites de Cuiabá, visto que estamos falando de um narcotraficante de alta periculosidade. E ... — finalizou, me fazendo querer matá-lo.— pedi o afastamento imediato do doutor Júlio César do caso, visto que o mesmo tem ligação com a minha cliente, por tais motivos e por respeito ao princípio da impessoalidade em questões judiciais, peço a designação de um novo delegado neste caso.
Nem vi quando levantei, mas parti pra cima do Edu.
— ESTÁ LOUCO EDUARDO?
O superintendente levantou-se depressa me afastando dele, e o ouvi dizer:
— Estou pensando no que é melhor pra minha cliente. — o olhei com rancor e ódio.
— Esqueça que eu existo Eduardo. — falei com raiva.
— César estou pensando no que é melhor pra Harley, agora se possível Anthony gostaria da soltura imediata dela.
Ele e o Anthony saíram da minha sala, e eu fiquei com o gosto amargo de saber que estava completamente sem controle, daquilo que nunca pude controlar. Com a sensação que havia sido golpeado pelo meu grande amigo, pelo irmão que a vida me deu.
Horas mais tarde o Anthony veio até minha sala, dizendo que ela havia sido solta, e que ela continuaria em cooperação com a justiça federal através da pessoa do advogado dela. E que ela sairia da cidade, pra segurança da mesma.
— E César, vai descansar uns dias longe daqui.— falou calmo, me sondando.
— É um afastamento Anthony? — o questionei.
— Não meu amigo, não é um afastamento. É um período de repouso Júlio César, você é sem dúvida um dos melhores delegados desta corporação, mas até os bons precisam descansar; fica uns dias longe de tudo isso aqui, vai te fazer bem. — falando isso, levantou- se e saiu da sala.
Não questionei suas ordens, e aceitei de bom grado, talvez de certa forma, passar um tempo fora me ajude a refrescar a mente, e coloque meus sentimentos em ordem novamente.
Após comunicar minha avó que sairia uns dias, sem contar tudo que ocorreu. Resolvi embarcar na manhã seguinte para o Rio de Janeiro, minha cidade natal, e passar um tempo longe das terras matogrossenses e de tudo que ele me lembrava.
