CAPÍTULO 23

66 14 16
                                    

HARLEY

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

HARLEY

Sai do banheiro, e já tem uns dez minutos que estou pensando em como devo começar a contar a verdade pro César, e não chego a conclusão nenhuma. Estou sentada na poltrona no quarto de hóspedes, que é quase maior que toda minha casa.

Diferente do escritório dele, essa casa além de ser linda eu consigo ver e sentir amor em cada parte dela. Seja no jogo de lençol que esta sob a cama, branco com pequenos ramos de lavanda bordado, seja nas cortinas que estão balançando sutilmente, com a brisa que está entrando pela janela.

Fechei os olhos inalando esse ar, e torcendo para que tudo isso que eu vivo se resolvesse magicamente, mas sei que não vai. Deixando todo esse negativismo pra trás, abri os olhos.

Trouxe duas peças de roupas, e entre o shortinho roxo e o vestido longo de florezinhas, fiquei com a segunda opção. No rosto não coloquei maquiagem, deixando os cabelos soltos. Me olhei no espelho mais uma vez, e talvez pelo ambiente ser tão lindo, estava me sentindo linda, como se eu estivesse iluminada.

Desci as escadas, admirando os quadros de paisagens expostos na parede, e de frente da escada um aparador de vidro, onde continha algumas fotos, em um aparecia o César abraçado com sua avó, ele estava usando uma beca e pelo enorme sorriso de ambos, acredito que tenha sido na sua formatura.

Em um outro porta-retratos aparecia uma versão bem mais jovem do César ao lado do seus amigos, doutor Frederico, Murilo, Gabriela e o Eduardo sentados em um banquinho, parecia uma praça, estavam tão sorridentes, que sorri pensando que o motivo devia ser muito bom.

Ainda tinha a foto do César e sua avó juntos com uma mulher e um homem muito bonitos ao lado de uma árvore-de-natal enorme, pela semelhança, acredito que seja a mãe dele.

Enquanto observava as fotos, nem havia percebido que ele me observava no canto da parede.

— São lindas César.

—Você que está linda!— tenho certeza que ruborizei. — Vinho?

— Sim.

Ele estava usando uma calça de moletom preta, com uma camiseta no mesmo tom, suspirei admirando-o, como esse homem consegue ser perfeito vestido tão simples. Ele me entregou uma taça, que imediatamente dei um gole, pra suavizar a sequidão que de repente se formou em meus lábios.

— Delicioso.

— Imaginei que você gostaria, ele é doce. — sorriu de lado.— Pedi almoço pra gente.

Repentinamente um silêncio se formou entre a gente, onde nossos olhares se falavam mais que as próprias palavras. E tomada pelo desejo, e pelo sentimento que guardarei pra sempre em meu coração, mesmo que ele me odeie; depositei minha taça no aparador, encurtando a distância que existia entre nós.

Deslizei minhas mãos em seu braço, gravando na memória cada detalhe do corpo desse homem. Ele fechou os olhos, absorvendo o carinho e respirando pesadamente, mas quando abriu vi fogo queimando, e sem pudor ou calma ele me agarrou em seus braços, me beijando como alguém sedento.

Agarrei em seu corpo tomando posse dele, e amando cada parte e com igual desejo ele me beijava, deixando marcas que ficarão gravadas na minha alma.

— Fica comigo. — com dor na alma, pedi, sabendo que eu preciso de coração deste momento.

— Tem certeza? — me perguntou rouco.

— Sim.— confirmei minha vontade, ofegante em seus braços.

Segurou em minhas mãos, em um convite silencioso para subir as escadas, mas quando finalizei o último degrau, num súbito me pegou em seus braços. Imersa neste mundo nosso, onde vibrava o desejo nos beijamos, e como se eu fosse a mais delicada das flores, fui depositada em lençóis macios.

Com desejo de antecipação o vi despindo a camiseta, e como se o mundo fosse acabar em um conta-gotas ele me amou, e eu soube que eu descobri um paraíso na terra. Onde estar em seus braços: seja meu oásis, e entre todas as mulheres a mais desejada.

****

Abri lentamente meus olhos, o quarto estava com pouquíssima claridade, demonstrando que o dia estava chegando ao fim, passei a mão do lado demonstrando que estava sozinha na cama. Me levantei sentindo me levemente dolorida, mas com um sorriso me recordei dos atos da paixão.

Como estava no quarto de hóspedes fui tomar um banho, e me dei ao luxo de ficar um bom tempo na água. Após o banho, desci as escadas e encontrei-o no sofá, concentrando lendo algo no notebook e alguns papéis na mesa de centro.

Assim que me viu sorriu, e me convidou a sentar em seu colo.

— Boa tarde.

— Devia ter me acordado, dormi muito. — pelo vidro, vi que do lado de fora começava a ficar escuro.

— Descanso merecido. Harley você devia ter me falado, que nunca havia ficado com ninguém.

— Era apenas um pequeno detalhe, se eu te contasse teria ficado comigo? — perguntei.

— Não. — falou sem hesitar.

— Está ai sua resposta. — falei vitoriosa, sorriu me beijando em seguida.

— Obrigado por confiar a mim.— beijou me mais uma vez. — Vou por seu almoço no micro-ondas, você deve estar com muita fome. — falou levantando-se, e enquanto ia em direção a cozinha completou:— Deixei agendado pizza para mais tarde.

— Tudo bem.

Enquanto ele sumiu, ainda com a paz interior olhei as coisas ao redor, e uma palavra chamou minha atenção no computador, o nome do Leão. E repentinamente senti minhas mãos gelando e meu coração acelerando.

Dei ainda mais uma olhada pra ver se ele não vinha da cozinha, chegando mais perto dos documentos para tentar entender o que era aquilo, pois havia planilhas com datas e porcentagens que não estava entendendo nada.

Enquanto lia rapidamente entendi que seria saídas de mercadoria em datas especificas e havia o nome do vereador em algumas delas, havia também nome de locais e pessoas, um ou outro nome soou familiar.

— Aceita algo para beber Harley? — ele me perguntou ainda na cozinha, me assustando.

— Mais vinho, por favor.— trêmula respondi.

Mexendo nas folhas rapidamente vi um mandato de busca e apreensão com o endereço do QG do crime para a madrugada de domingo para segunda, e para um local onde seria entregue mercadorias, ouvindo os passos dele se aproximar, tentei me sentar o mais normal possível.

Ele dispôs as coisas na mesa de jantar, me levantei indo até a mesa, mas a fome havia passado, era muito informação e eu estava incerta sobre o que fazer. Após ele arrumar a mesa, foi até onde estava sentado fechando o notebook e recolhendo a papelada.

— Caso complicado? — arrisquei perguntar, enquanto tentava pôr a primeira garfada na boca.

— Digamos que as peças começaram a se encaixar. — falou pro meu desespero.— Vou guardar essas coisas e já volto.

— Tudo bem.

Minha cabeça estava a mil, pois essa informação mudava tudo, eu poderia usá-la pra sair dessa enrascada que me meti. Sem com isso perder o carinho e a admiração do César. Feliz com o rumo dos meus pensamentos, e torcendo para dar certo dei a primeira garfada.  

EU AINDA ESCOLHO VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora