Ana Luiza
Chego no hospital e vou entrando, amo o que faço, escolhi enfermagem por ter gosto em cuidar das pessoas, principalmente na área que trabalho que é pediatria, mas hoje eu não tô com cabeça pra nada, vim o caminho inteiro da casa da minha mãe pra cá pensando em tudo, o medo insistindo em tomar conta de mim, mas dessa vez eu decidi que ele não vai vencer, só tem uma pessoa que pode mudar essa situação e essa pessoa sou eu.
Agora estou aqui trocando de roupa e pegando meus equipamentos pra descer pra emergência e começar meu dia com meus minis pacientes, mas o que quero mesmo é que esse dia acabe e eu esteja livre de todo esse tormento e tentando ser feliz com a pessoinha que mais me importa nessa vida. Me sinto ansiosa, assustada, mas confiante, vim o tempo todo ensaiando o que ia falar pra Júlia mas mesmo assim não consegui chegar a conclusão de nada
É muito difícil abrir pra alguém um assunto que nos machuca tanto, difícil expor as nossas fraquezas, é vergonhoso, o que estou sentindo agora é vergonha. Mesmo sabendo que ela jamais me julgaria ou me nagaria apoio, mas estar nesse lugar de tanta vulnerabilidade me desestabilizou um pouco, porém tenho tentado não focar mais em coisas que possam me fazer querer voltar atrás, preciso olhar pra frente
Termino de me organizar, pego meus assessórios e vou saindo indo em direção ao elevador, sinto meu celular tocando no bolso do jaleco e pego na intenção de desligar e só retornar a quem quer que eja no meu horário de almoço. Meu corpo é tomado por um arrepio e meu peito aperta quando eu vejo o nome do Diego na tela, penso em não atender mas não consigo, minha agonia fala mais alto e eu não resisto,coloco o celular no ouvido mas me mantenho muda, não consigo dizer uma palavra. Sinto um arrepio na espinha quando escuto no fundo da ligação a voz do Kauê
Ligação 📲
Diego: Já chegou no trabalho Ana Luiza? - pergunta com um tom de voz ameaçador que eu conheço bem - meu Deus por que ele tá fazendo isso, porque ele está perto do Kauê, por que minha mãe permitiu. Apesar de eu nunca ter dado nehuma restrição sobre ele se aproximar do menino, primeiro pelo fato dele ser o pai e segundo porque eu nunca achei que precisaria já que ele não faz questão do meu filho.
Minha boca fica seca, perco os sentidos, me falta o ar, depois do que aconteceu ontem não consigo imaginar o que ele é capaz de fazer com meu filho, tento controlar meu desespero pra não dar motivos pra ele desconfiar de mim. Ainda parada em frente ao elevador, vejo a porta se abrir e a Júlia sair por ele, pela forma que ela olhou pra mim, posso ter uma idéia de como está meu semblante. Ela vem se aproximando e balançando a cabeca como quem quer perguntar o que está acontecendo, chamo ela com a mão pra chegar mais perto, coloco o celular no viva voz e finalmente respondo a pergunta dele
- Sim, estava me preparando pra descer pra emergência o que aconteceu, onde você tá, tô ouvindo a voz do Kauê, cadê minha mãe? - pergunto tudo de uma vez esquecendo que existe vírgula, esquecendo qualquer coisa, só estou pensando no meu filho, escuto ele dando uma risada fraca e em seguida ouço o choro do Kauê, mas dessa vez não tá tão perto da ligação
Diego: Que foi Nalu, que desespero é esse, o menino tá com tua mãe, ela me ligou porque ele caiu, se cortou e ela pediu pra levar ele no hospital porque parece que precisa de ponto, ela disse que não te ligou pra não te preocupar, mas parece que não adiantou, tá toda assombrada aí - fala e eu sinto meu olho arder, uma mistuta de sensações, porque ele faz isso comigo meu Deus, ele não pode mais ter tanto poder sobre mim.
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Destino Traçado
FanfictionAna Luiza Martins, jovem desacredita do amor, com um filho pequeno e carregando nas costas o peso que foi obrigada a suportar sozinha depois que o marido a abandonou, 8 anos de um relacionamento que foram jogados no lixo assim que ele se transformou...