Capitulo 32

698 60 79
                                    

Júlia

Diante de tudo que eu tô vivendo, aprendi que tem horas que se faz necessário ser uma fortleza, engolir o choro, arregaçar as mangas e agir, e é exatamente o que eu precisei fazer, mesmo tomada de dor, medo, angústia, mesmo que no fundo eu só quisesse me esconder em um quarto escuro e chorar, mesmo que eu não tivesse tanta certeza do que deveria fazer,tudo que eu sabia era que alguma coisa presicava ser feita, até porque pra mim, a liberdade do meu amor tinha muito mais importância do que pra qualquer pessoa, inclusive pra o alemão, o segredo que eu levava comigo era o que tava me dando gás, nada era mais relevante do que tirar o Alisson daquele lugar e trazer ele pra perto de mim e do nosso bebê, e foi esse bebezinho que tá crescendo dentro de mim,que me fez sentir como se eu fosse a prova de balas, o amor que eu sinto pelo meu pacotinho me fez passar pelo vale da morte e enfretar o titio bandidão sem temer, e eu faria tudo outra vez, por mim, pelo meu grãozinho e pelo meu marrento!

Quando eu saí da boca, a única certeza que eu tive foi de que seria eu a responsável pela fulga do Ak, por um milhão de motivos eu decidi que agiria sozinha, sem contar com o apoio de ninguém, e que caso o alemão me procurasse, eu recusaria, não porque teria desistido do que pretendia, mas sim porque eu queria provar que posso ser e fazer muito mais do que ele imagina, até porque ele não faz a menor ideia dos motivos que me movem. O que eu senti depois de tudo que ele me falou, foi uma mistura de sentimentos que se fossem em outra ocasião, com certeza teriam causaso algum efeito sobre mim, mas naquele momento não, tudo que eu queria era provar pra o babaca que se acha soberano, que eu conseguiria ser tão útil quanto ele acha que é, que eu poderia ser uma pessoa que como ele disse "sabe o que está fazendo" além de trazer meu amor de volta, eu queria provar que eu era capaz, e acima de tudo, esfregar na cara daquele imbecil, que nem tudo se resolve com arma, tiros, morte e sangue, isso eu tentei explicar, porém no mundo que o alemão vive, a única palavra que vale é a dele.

E pro azar do meu cunhado, no meu mundo também é assim, minha palavra é lei, eu quero e eu faço acontecer, não sou mulher de ficar sentada esperando que façam por mim, mas isso eu tenho certeza que ele vai aprender na marra, no susto eu diria, porque na minha cabeça eu já sabia exatamente o que iria fazer, e foi justamente pra isso que fui ao encontro dele, na esperança de que a gente podesse unir nossas forças e agir juntos, ele usaria a influência que tem, e eu usaria a cabeça, e a minha profissão, que se ele tivesse pensado, veria que eu tenho nas mãos tudo que ele precisa, passe livre pra entrar no hispital, e amizades em meio aos médicos, porém o que eu encontrei foi um não bem grande na cara, argumentos que me diminuiam e me faziam parecer incapaz, e palavras que diziam explicitamente que a culpa de tudo o que está acontecendo era minha, por isso que quando eu virei as costas, bati aquela porta e sai da boca, fiz questão de convencer a mim mesma de que sozinha eu poderia ser tão foda quanto ele se achava ser, que eu tenho a mesma disposição que ele tem, e que seria eu a subir a porra daquele morro com a lili do meu preso.

Por isso que ao invés de me dar por vencida e me entregar a tudo de ruim que tava tentando me sugar, eu fui pra casa, a contra gosto, claro, por que a vontade do rei era que todos ficassem na casa dele até segunda ordem, mas como cresci ouvindo minha mãe dizer que eu não era todo mundo, fiz como eu queria e fui pra minha casa, tomei um banho, comi na minha paz, porque eu tinha um bebê que precisava de mim bem, mas mesmo assim, nada fazia minha mente parar de trabalhar, eu tinha um plano, e estava apostando nele, sabia que era um bom plano e que seria uma fulga jamais vista antes, diferente do convencial, por que eu não gosto de me igualar, mas eu sabia também que ainda tava faltando alguma coisa, tinha algum detalhe que eu poderia acrescentar e que sentia que tava deixando passar,  eu sabia que precisava ser perfeito, que tinha que ser cauculado, bem pensando, que eu não poderia agir na emoção, por que apesar de eu não ter me agradado do tom que o alemão usou pra se referir a forma que a nalu chegou aqui, eu tinha consciência de que o que fiz, não tinha sido a melhor forma de fugir com alguém, e era um erro como esse que eu não queria cometer de novo, até porque teria muita coisa em jogo, e minha dignidade era uma dessas coisas.

Destino TraçadoOnde histórias criam vida. Descubra agora