Destino Traçado

Capitulo 6

Ana Luíza

Depois de ler a mensagem que a Júlia recebeu do tal cara que ia nos ajudar, pensei seriamente em desistir dessa loucura e aceitar minha realidade, será possível que eu não vou conseguir dar um passo a frente sem ser ameaçada de morte, quando não é pelo Diego, é por um completo estranho. Mas colocando tudo na balança eu vejo que nesse momento a opção mais válida pra mim é aceitar ajuda de bandidos desconhecidos, e bem perigosos por sinal.

A Julinha nunca me falou muita coisa sobre esse tal alemão, que pelo que entendi é o manda chuva do morro onde ela mora, o dono pra ser mais exata, ele fala e vento para, mas o que está prestes a parar é a minha vida se esse plano da minha amiga não der certo, já que o querido e nada amigável alemão deixou bem claro que se der ruim pro morro dele, a gente morre. Estou tentando convencer a mim mesma que está tudo bem, que tudo vai dar certo,mas por dentro tô uma pilha,se eu não temesse tanto pela vida e pela segurança do meu filho eu jamais ousaria desafiar o Diego, aceitaria tudo que sempre aceitei e ponto

Mas agora não tem mais como voltar atrás, não vou correr o risco de voltar pra casa depois do que ele fez hoje, não vou permitir que ele me tenha nas mãos a vida toda, nem que continue me manipulando como se eu fosse um fantoche, se for pra correr riscos prefiro que seja pra me livrar dele. Só peço proteção a Deus, minha mãezinha Maria e a todos os santos pra que isso dê certo e eu não acabe arrumando um problema maior com esse cara que não me parece ser boa coisa, e não é nem pelo fato de ser bandido, nem conheço ainda mas a impressão que eu já tenho não é nada boa, mas se ele é a única saída que tenho, pretendo deixar essa impressão de lado

Fora toda preocupação que essa "fulga" tá me trazendo, ainda tenho um assunto bem difícil pra resolver antes de ir, no começo eu não pretendia dizer nada a minha mãe, pensando que isso seria melhor até pra que ela não sofra, mas percebi que não posso ir embora e deixar minha mãezinha

no escuro sem saber o que está acontecendo, até porque seria bem pior, não é justo fazer isso com ela, por mais que me doa ter que tocar nesse assunto e meio que avisar a ela que vou precisar sumir com o Kauê, é necessário e o mais certo a se fazer.

Depois de tantas emoções que esse dia já me trouxe - e olhe que não são nem 12h ainda - volto pros meus pacientes e assim que entro na emergência me bate uma tristeza pois sei que depois de hoje eu não vou poder voltar aqui tão cedo, vou precisar abdicar desse sonho por conta de uma escolha que fiz anos atrás, não vou ter mais minha rotina agitada e muito contente aqui nessa emergência, contente por que pode até parecer estranho, mas um dos momentos mais felizes do meu dia era estar aqui fazendo o que eu gosto, cuidando dessas crianças, trabalhar é minha terapia, era um refúgio da minha realidade

Mas agora sei que minha vida vai virar de cabeça pra baixo, vou perder meu emprego, meu sustento e de certa forma minha liberdade, porque sei que pra minha segurança vou precisar ficar presa dentro
do cpx, vou precisar abrir mão de tudo de bom que eu consegui conquistar, que é minha profissão, não sei como vai ser daqui em diante pois eu estava só no começo, ainda tinha muito o que estudar e me especializar, sinto medo de ter que precisar abrir mão disso pra sempre

Apesar de tudo estou fazendo muito esforço pra não me atentar a isso, prefiro me apegar ao fato de que eu vou ter vida, vou poder dormir e acordar tranquila sem precisar ter medo do Diego me machucar enquanto eu estver dormindo, ou de fazer algo com meu filho, não vou precisar mais ouvir as tantas humilhações, nem ser desrespeitada ameaçada e agredida. A maior liberdade eu vou ganhar assim que eu sair de perto dele, ficar presa no morro vai ser só um detalhe que eu tenho fé que não vai durar por muito tempo, emprego eu posso arrumar por lá, mesmo que não seja como enfermeira, o que não me falta é disposição,topo qualquer coisa sem pensar duas vezes, mas isso é o menos importante agora