Capitulo 39

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Alemão.

Alguns dias se passaram desde aquele papo cabeça com a analu, e falar legal, a vida do vagabundo ta fluindo bem pra caralho, porra, mó sensação boa no peito, maior satisfação saber que eu não tô mais andando sozinho no bagulho, que eu tenho ela pra dividir minhas paradas, pra fechar comigo, pra me ouvir, é essa fita ai mermo, eu que sempre fui de poucas palavras, tô falando a beça, papo de desabafar minhas mágoas que eu prendi por anos, a vida toda pra ser mais exato, tô aprendendo a compartilhar minhas paradas com ela, na real ela tá me ensinando tudo, porque eu mermo, sou leigo quando se trata de relacionamento, nunca tive nada parecido ao que tô vivendo agora, nunca, com ninguém, nem com mulher nenhuma.

Tô me sentindo benzão, vivendo um bagulho novo, que assusta pra caralho, mas que tem me proporcionado coisas que eu nunca pensei que fosse digno de viver, toda vida tudo que eu tive a minha volta foi por interesse, toda mulher que se aproximava de mim vinha em busca de alguma parada em troca, a maioria dos manos que colava comigo era de olho no que eu podia proporcionar, por grana, ou por cargo dentro do tráfico, tuo que eu tinha até uns 20 dias atrás era superficial demais, vazio, agora não, a situação mudou pra mim, to vivendo uma parada limpa, transparente, honesta, do lado de uma mulher foda pra caralho, e de um menorzinho que papo só, já ganhou meu coração!

Pô, eu tava na maior ansiedade, maior agonia pra saber como ia ser recebido pelo meu parceiro, maior medo de ser rejeitado, receio dele não aprovar meu lance com a mãe dele,sabe como?! Papo é que eu não dei nem dou a mínima pra qualquer opinião que não seja a do meu mano Kauê. Nos primeiros dia o moleque tirou o tio pra otário no bagulho, não quis papo comigo, chorava toda vez que eu me aproximava, a ana sempre com maior cuidado com ele, sendo atenciosa, não falamos pra ele que nos tava junto, eu fui me aproximando sem interesse, mas o menor não quis papo, não tinha conversa, era meia hora de choro só pelo fato dele me ver passar, chatão a beça com esse bagulho de choro, puxou a mãe, infelizmente.

Mas as coisas fluiram, tio alemão não é comédia pô, eu sei chegar chegando, e o menorzinho também tava na razão dele, a cabeça como? Cheia de trauma, de medo, sem referência boa da figura masculina, já que o pilantra que fez ele, era um comédia brabo, o menor tava mais que certo de sentir medo mesmo, ciume da mãe, mesmo sem saber que eu e ela tava numa paradinha mais pra frente, as reações que ele teve comigo era de um filho na intenção de proteger a mãe, normal, diante de tudo que ele viu a ela passar, e passou também, não tinha como eu esperar uma recepção calorosa, foi e tá sendo um processo lento, tô chegando aos poucos, no tempo dele, mas agora já sou o tio do carro "glande" que leva ela pra passear na favela e tomar sorvete escondido da mãe,acho que ganhei um ponto positivo com meu parceiro.

Falar legal, parada de outro mundo tudo isso que tô vivendo, é tão bom que dá medo, tô ligado que tem muito bagulho pra ser colocado no lugar, os caô brabo já tão começando a bater na porta, mas nada vai abalar essa parada que eu tô construindo com a Analu e o Kauê, papo só?! Nem a mãe e o pai dela conseguiram desestabilizar a gente pô, nada mais consegue. Lembrar desse bagulho é indigesto pra caralho pra mim, tô num ódio brabo desses velho filha da puta, mantendo o respeito pra agradar minha gata, claro, mas aquela velha soberba do caralho não me desce, as coisas que ela disse pra filha também, tá sendo brabão de digerir, ver a forma que a Ana ficou depois de ouvir as coisas que saíram da boca da mãe dela, só de lembrar eu me arrependo de não ter metido uma bala na testa daquela velha.

Mas eu tô ligado que não ia valer a pena, eu ia perder coisa a beça com essa atitude, no mais eu já sabia que a mãe e o pai não iam aceitar, iam ser contra de todo jeito, iam tentar fazer a cabeça dela, por isso mermo que antes de cair pra dentro, eu pedi pra que ela fechasse comigo, e o resto seria nada. Parece que eu tava prevendo, ela também, porque me pediu um tempo pra se entender com os pais e só depois contar do nosso lance, parecia estar com medo, nervosa, passou uns dias, eu já impaciente, sem poder chegar perto dela na hora que eu queria, porque tava geral na minha casa e nós tava mantendo uma parada as escondidas que não tava me agradando muito, mas mesmo assim eu não quis pressionar, deixei que ela fizesse quando se sentisse a vontade, seria uma passo grande pra ela, e eu tava ciente.

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