Capitulo 37

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Júlia

Nem sei explicar a sensação de alívio que tive quando vi que meu amor estava em casa, quando percebi que tinha dado certo, e que eu havia conseguido, não sozinha, como tinha planejado, mas o importante era que meu plano tinha funcionado e meu amor estava perto de mim de novo. Pra falar a verdade, eu nunca tive a intenção de fazer tudo sozinha, pelo menos não era essa a minha idéia principal, eu só decidi seguir sozinha, quando percebi que não teria apoio,e que não tinha mais tempo pra esperar, e ainda bem que eu pensei assim, porque foi isso que me permitiu chegar antes que algo pior acontecesse,que bom que mais uma vez eu dei ouvidos aos meus impulsos e fiz o que achava que tinha que ser feito, dessa vez eu salvei uma vida, a vida de uma das pessoas que eu mais amo nesse mundo.
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Agora, com o sangue frio, sem a adrenalina e sem toda aquela pressão, eu percebo sim, que fui inconsequente, impulsiva e tudo que eu sempre costumo ser,agir na emoção deveria ser minha marca registrada, assumo, e por mais que possa parecer, eu não me orgulho de agir assim, porém acho que esse é o meu instinto, mas passar pelo susto de achar que eu tinha perdido o ak pra sempre, por causa de uma atitude precipitada minha, também me fez acordar pra realidade, colocar a mão na consciência e perceber que algumas coisas poderiam ter sido doferente, não que eu me arrependa de ter tomado a frente da situação, isso nunca, até porque se não fosse o fato de eu ter chegado a tempo de impedir os policiais de continuarem agredindo o Ak, tenho certeza que as consequências daquilo poderiam te sido fatais, mas o fato é que eu podia ter insistido em ajuda, poderia ter recorrido a outra pessoa, ou até mesmo ao alemão, tinham outras formas, eu sei, mas mesmo assim preferi deixar o ego e o orgulho falar mais alto, quis me provar quando o momento pedia que eu deixasse tudo isso de lado e unisse forças, então eu reconheço sim, todas as minhas falhas.

Também reconheço minha força e a coragem que tive, e nada do que aconteceu vai fazer com que o meu pensamento mude, eu sei o quanto tive que ser sangue frio, apesar de não ter sido o plano mais perfeito e mais articulado do mundo, fui eu quem dei o primeiro passo, e esse prestígio ninguém vai tirar de mim. Por um momento eu quase deixei me levar, me senti um nada, a pior pessoa do mundo, confesso, quando eu fui colocada dentro daquele carro, por um cara que eu sabia que era amigo do Ak, mas que eu mesma só o vi pouquíssimas vezes, ali, naquele instante passou um filme na cabeça, uma onda de coisas ruins tomou conta de mim, senti medo, dor, mais do que eu já estava sentindo, senti culpa, vergonha, e um misto de tantas outras coisas.

Além das palavras que ouvi vindo da boca do tal amigo do Alisson, o meu subconsciente também fazia questão de me torturar, de me sabotar,eu mesma, inconscientemente, tava assumindo meu fracasso, ali eu recinheci que perdi, que não tinha mais jeito, e que eu havia assinado a sentença da morte do pai do meu filho, e o peso disso era esmagador, sufocante.

Eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse tentar adivinhar qual seria o paradeiro do ak, na minha cabeça eu tinha sido enganada pelo diretor, já que pra mim, a pessoa que aquele cara do IML falou, era ele, então com base nisso eu passei a acreditar que o destino do Alisson seria a morte, e teria sido eu, a dar isso de bandeija pra quem queria vê-lo fora de circulação, tava sendo insuportável ter todas essas verdades jogadas na minha cara por mim mesma, pela minha própria consciência, eu só pensava no meu bebê, lembrava que o motivo de eu ter tido forças pra fazer o que fiz foi por ele, e agora por causa disso, da minha atitude mal pensada, ficariamos meu grãozinho e eu sem o Alisson, por culpa única e exclusiva minha, foi angustiante tudo que eu vivi dentro daquele carro, foram minutos que mais pareciam horas intermináveis, o cara que estava dirigindo o carro, dava voltas e mais voltas por caminhos que não nos levaria ao nosso destino.

Aparentemente na tentativa de me amedrontar e me desestabilizar mais do que eu já estava, e se essa foi a intenção, ele conseguiu, porque enquanto aquele carro rodava sem um paradeiro certo, minha mente vagava por tudo que tinha acabado de acontecer, aquela demora infinita pra chegar ao destino final só me deu mais tempo pra me martirizar, pra pensar no que eu ainda teria que enfrentar, me fez me dar conta de que eu teria que dizer ao alemão que perdi, que não consegui, que falhei, eu teria que dar razão a ele e assumir que ele tava certo quando disse que eu tinha de deixar tudo nas mãos de quem sabia o que fazer, mas o pior de tudo era ter que dar a notícia de que por minha causa, o Ak não ia mais voltar pra casa.

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