Capitulo 26

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Ana Luíza

Irracional, foi o que eu fui e estou sendo agora, na verdade eu me tornei uma pessoa irracional desde que eu tomei a decisão de vir pra cá, sem saber de nada, sem ter a menor noção do que me esperava quando eu chegasse aqui, sem nem imaginar o turbilhão de emoções e sentimentos que estavam destinados a mim, eu que abandonei minha vida por querer fugir de um sentimento que só me destruiu e me desestabilizou, eu que jurei a mim mesma que não ia mais dar espaço pra sentir nada por ninguém, estou agora, entregue a um sentimento novo, diferente de tudo que eu já experimentei antes, insano eu diria, intenso, inexplicável, essa é a palavra!

Na verdade essa é a palavra que eu mais tenho usado pra me referir ao alemão e ele a mim, por que na realidade, nenhum de nós sabe explicar o que está acontecendo, nenhum de nós sabe dizer exatamente de onde veio tanta atração, tenta conexão, tanto conhecimento um do outro, já que na teoria, somos ambos, completos estranhos um pra o outro, mas isso só na teoria. A prática me mostrou totalmente o contrário, a forma que ele conseguiu mexer comigo após dizer aquelas palavras desajeitadas, porém sinceras, a forma que conseguiu me desarmar, e aparemente se permitiu e também se desarmou pra mim, foi surreal, de outro mundo.

Não foi ele quem deu o primeiro passo, fui eu quem dei, não foi ele quem tomou a iniciativa de me beijar, fui eu! Uma força maior que eu, maior que as minhas dores e os meus motivos de evita-lo, fizeram com que eu fosse adiante, e eu fui, sem exitar, sem saber exatamente onde ia dar, sem saber o que aconteceria depois, mas quem estava ligando pra o depois?! Eu precisava dele, e ele, aparentemente, precisava de mim na mesma intensidade, o depois parecia complexo demais pra se pensar naquele momento, parecia complicado demais, e era.

Optei por fechar meus ouvidos pra razão, e dar lugar pra o meu coração falar, coração esse que me colocou em más lençóis uma vez, coração esse que um dia já permitiu que entrasse na minha vida a pessoa responsável pela minha ruína, o homem que me causou tanta dor, mas que foi o responsável por me fazer chegar até aqui, talvez isso tenha sido a única coisa boa que ele fez por mim, por que no momento em que eu beijei o alemão minha dor virou nada, eu não esqueci, lógico, acredito que nada nem ninguém tenha o poder de me fazer esquecer de tudo que eu carrego comigo, porém naquele momento, nos braços dele, nada além de nós dois parecia ser importante, nada era relevante ao ponto de me fazer exitar, parar ou não querer, era hora de ouvir o coração, que naquele momento, parecia estar certo, pelo menos eu, queria muito que ele estivesse!

Mesmo andando no escuro, pisando em um terreno totalmente novo e desconhecido, eu não senti medo em momento nenhum, pelo contrário me senti a vontade e decidida, decidida a aceitar o que ele estava me oferecendo, e a me doar pra ele na mesma proporção, decidida a aproveitar cada gota daquele sentimento tão bom, daquele beijo quente, que parecia casa, que me acolhia e me instigava no mesma intensidade, mesmo que essas duas coisas sejam tão distintas. Ele, aquele cara que todos dizem ser ruim, frio, sem sentimentos ou emoções, conseguiu despertar em mim um turbilhão de coisas, apenas com palavras que não foram ensaiadas, mas vieram de um lugar que ele abriu especialmente pra que eu entrasse, e de uma ação que assim como as palavras, aconteceu naturalmente, por instinto, por vontade, por um desejo que falava mais alta do que qualquer outra coisa.

Me entreguei a ele, de corpo, e estranhamente de alma, mais entraho ainda foi sentir que ele fez o mesmo, que estava ali inteiro, que apesar de não saber exatamente o porquê, ele foi tão meu, quanto eu fui dele, sem restrições, sem medos,sem a capa que ele costuma usar, sem aquela auto proteção que geralmente ele usa pra que as pessoas não consigam perceber quem ele realmente é, mas que comigo não funcionou, por eu conseguia enxergar o que ele tentava esconder, e talvez tenha sido por isso, que tudo entre nós fluiu de forma tão natural, como se precisássemos isanamente daquele contato mais íntimo, ele se doou, assim como eu, deixou de lado tudo que pudesse nos atrapalhar, ele não me deu a opção de pensar em desistir, eu também, não dei espaço pra que ele pensasse nisso.

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