Capitulo 27

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Ak

Desde que eu tomei conhecimento dos bagulho da vida que eu me pergunto até onde eu seria capaz de ir pelo meu irmão, porra, na real nem eu imaginei que iria tão longe, nem eu calculei que seria capaz de arriscar minha vida por ele, asssim na prática, como eu fiz. Claro que na vida que nós leva, eu sempre pensei que um dia essa porra poderia acontecer, e talvez eu tivesse que me colocar na bala por ele, ser preso no lugar dele, me arriscar pra verme nenhum escontar nele, e outros bagulho desse tipo, e eu faria, como fiz, mas o que pega é que por mais que tu imagine que as paradas tem grande chance de acontecer, tu acha que nunca vai rolar contigo, eu e o alemão temos uma fé do caralho, e é ela que nos faz acreditar sempre no melhor, foi nossa fé que já nos livrou de altos bagulhos,apesar de toda merda que a gente viveu, de tudo que a gente já enfrentou, das vezes que a gente já passou de morrer, ter fé foi uma das coisas boas que nós aprendemos sozinhos, na real, esse bagulho de fé foi ele quem me ensinou!

Não só isso, como quase tudo que eu sei na vida, o que pega é que o que eu tenho no peito pelo alemão, vai além do que eu posso explicar em palavras, até porque nem eu, nem ele somos de falar muito, ainda mais quando se trata de sentimento, somos fechados pra caralho nesse sentido, talvez seja reflexo de tudo que a gente já passou, ninguém nunca ensinou nenhum de nós dois a sentir paradas boas, ninguém nunca demonstrou nada de bom nem por mim, nem por ele. Nossa vida foi dor pra caralho, decepção, tristeza, mágoa, só parada ruim, porra, arrisco a dizer que vida, vida mermo, nós só veio ter depois que o alemão matou nosso pai e tomou frente dos bagulho, e quando eu digo tomou frente, eu não falo só do que diz respeito ao morro, digo no geral, meu irmão tomou toda carga que nem um adulto suportaria e botou na caixa dos peito, sozinho, colocou um mar de responsa nas costas, reaponsa essa que eu tô ligado que era bem maior do que ele conseguia e deveria suportar, mas o papo é que nós nunca teve muitas escolhas, ele teve menos que eu, sempre se achou na obrigação de dar conta de tudo, de reparar a merda que as pessoas faziam, e isso ele faz até hoje.

E é aí que entra a história da minha vida, história que ninguém sabe, e que se depender de mim, ninguém nunca vai saber. A real é que meus olhos não brilham pra essa porra toda de crime, eu não trago nada de bom desse mundo,não vi meu pai ser um bom frente, pelo contrário, ele era um filho da puta, todo errado, eu não cresci nesse meio por escolha, cresci no morro porque foi o lugar que eu nasci, sem família, sem ninguém, eu não tinha opção de estar em outro lugar, mas na real mermo, meu problema não é o cpx nem nenhuma outra favela, com o tempo eu aprendi a amar o lugar de onde eu vim, mas foi só só isso, tomei gosto pela favela, pelos moradores, tomei gosto em poder ajudar os menorzinho que assim como eu fui um dia, vivem na favela largados, com pai e mãe drogados, alcoólatras, ou que simplesmente os abandonpuou, ou seja, vivem sozinhos no mundo, e não tiveram a sorte de ter um alemão por eles, como eu tive.

E foi por ele, pelo meu irmão, que eu entrei nessa porra, parece loucura dizer isso, já que tudo que o alemão sempre quis foi me manter longe dessa vida, sempre fez questão de segurar tudo sozinho e me deixar só com a parte boa,mas isso não é justo, não seria justo meu irmão carregar crimes, mortes, uma sujeira enorme que é tudo que envolve o crime,enquanto eu, pagaria de playba por aí, nunca achei da hora essa merda, e foi por isso que eu segui o mermo rumo que ele e virei bandido, naquela época eu tinha certeza que aquilo era o certo a se fazer, apoiar o meu irmão, tentar retribuir tudo que ele fazia por mim, eu também queria me sentir útil, cuidar da pessoa que tanto cuidava de mim, e mesmo parecendo errado, essa foi a forma que eu encontrei de resolver as coisas, e pra ser bem honesto, não me arrependo, se é só nós dois nessa porra de mundo, nada mais justo ser ele por mim e eu por ele!

Meu sonho, sonho mermo de molequinho, era ser jogador de futbol, pô, eu marolava nas peladinhas no campinho da comunidade, viajava em jogar um fut com os menor da minha idade, sempre me vi jogando em um estádio grande, em um campo de verdade, com aquela grama verde, papo de bagulho professional, mas esse é o sonho que eu enterrei junto com o cara que se dizia meu pai, enterrei junto com todos os sonhos que eu tenho certeza que meu irmão também tinha e precisou enterrar,peu tô ligado que se um dia eu tivesse aberto sobre essa parada pra ele, ele faria questão de me colocar exatamente onde eu queria estar, mas o bagulho é que não é justo, e eu prezo muito por justiça, parece ironia, já que eu sou bandido, mas é essa porra mermo, dentro da minha realidade, eu sou um homem justo pra caralho, sendo assim, não tem espaço pra eu sonhar e ele não, não tem realização pra mim, se não tiver pra ele, e eu tô ligado que por mais que ele tenha se encontrado dentro do tráfico, se tivesse tido outras oportunidades, tudo feito diferente, mas a nossa vida, nossa história, nos colocou exatamente onde a gente tá agora.

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