Ana Luiza
Não fazem nem 48 horas completas que eu tô aqui, e tudo que faço é me perguntar cadê a paz que eu tanto vim buscar, dois dias longe da minha casa só me serviram pra perceber que o Diego é muito pior do que eu imaginei, que a ruindade dele não é exclusiva pra mim e pro meu filho, ele destrói tudo que toca e sente prazer nisso, ele é sujo, mal caráter, capaz de tudo pra conseguir o que quer, não pensa em nada, nem em ninguém além dele mesmo e de seus próprios interesses. O que eu tenho vivido esses últimos dias me fez abrir os olhos, o cenário é mil vezes pior do que eu pensei que fosse, percebi quanta sujeira tem por trás daquela farda que ele se esconde e da pose de policial íntegro que tenta a todo custo manter, hoje percebo que tudo não passa de teatro, nada que venha dele é limpo.
Foi questão de horas depois que eu fugi pra ele conseguir reverter a história e sair como vitima, lógico que tenho consciência de que eu e a Júlia agimos mais com a emoção do que com a razão, na hora aquilo parecia o certo a se fazer, tínhamos que aproveitar aquela oportinidade, agora olhando com mais calma percebo quantas munições eu dei nas mãos dele pra que ele pudesse usar contra mim, quantas brechas deixamos pra que fosse facil pra ele sair por cima mais uma vez, assumo que não teve um grande plano, eu não tinha ideia de onde estava enfiada, tudo que eu tinha era um amor latenjante no peito pelo meu filho, e a certeza de que tiraria ele daquilo, não pensei em mais nada, não medi as consequências, meu instito de mãe foi maior e agora não adianta mais lamentar, repeti milhões de vezes pra mim mesma que tudo seria pelo Kauê, agora que já está feito tenho que encarar as consequências e fazer tudo valer a pena
Tive apenas algumas horas de alívio até tudo voltar a ser um inferno, eu sabia que ele iria revidar de alguma forma, nunca pensei que ia ter paz imediata, mas também não passou pela cabeça que eu iria viver tudo isso, que iria sentir tanto medo quanto estou sentido agora, que pra salvar meu filho eu teria que colocar tantas vidas em risco, inclusive a minha. Não sei explicar como me senti quando vi o alemão vindo em minha direção com sangue nos olhos falando todas aquelas coisas, eu ouvi muitas coisas sobre ele, coisas que vieram da boca de pessoas que o conheciam, mas nada do que eu ouvi, se compara ao que eu vi enquanto ele estava me sufocando, no primeiro momento senti pavor, angústia, mais uma vez eu me vi em uma posição de submissão , outra vez eu era o alvo fácil nas mãos de alguém
Mas eu percebi algo diferente nele, quando consegui em uma fração de milésimos encarar seus olhos que estavam ardendo de ódio sob os meus, alguma coisa dentro de mim me deu um alerta de que ele não era aquilo que estava mostrando, não sei explicar o que senti já que não sei absolutamente nada sobre ele, e aquela era a primeira vez que eu o via, mas eu consegui ver naqueles olhos um pouco do que tinha nos meus, muita tristeza, dor, incompreensão, sendo que no caso dele, essses sentimentos eram disfarçados,era como se aquele alemão que os outros costumam falar que é ruim, frio e vazio,fosse só uma capa pra esconder quem ele realmente é.
Não entendo porque consegui ler tanto de uma pessoa que era um total desconhecido pra mim, sei somente que a sensação que tive foi de que nós já nos conhecíamos de algun lugar,de alguma vida, não sei explicar, parece loucura, mas mesmo tendo a certeza que eu nunca tinha visto ele antes, foi surreal o que senti. Nem estando sob o controle dele, ouvindo todas aquelas acusações,não senti metade do pavor que eu sentia quando o Diego chegava perto de mim, era como se eu tivesse a certeza que ele não me faria mal, embora que conscientemente eu não tivesse tanta certeza assim, mas a verdade é que algo nele me desestabilizou e me tirou da realidade
O que me trouxe de volta foi ouvir meu nome assosiado ao do cara que tanto me fez mal, ouvir aquilo fez meu corpo estremecer, eu não sei porque mas eu sentia a necessidade de falar pra ele que eu não tinha nada haver com as imundices daquele demônio, que tudo que eu queria era distância dele, eu sentia uma estranha vontade de provar pra ele que eu era vítima aqui, não queria que ele pensasse mal de mim, só não sabia explicar porque raios eu estava sentindo isso, por algum tempo um silêncio se instalou, ninguém falava nada, ele me olhava de um jeito diferente, me analisando, como se tivesse me estudando, eu paralisada, querendo a todo custo fazer ele entender que eu não era culpada e não encontrava as palavras certas, mas isso não era por medo dele me matar, eu só tinha uma estranha necessidade de fazer ele entender que eu não era nada daquilo, não queria passar pra ele uma má impressão
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Destino Traçado
FanfictionAna Luiza Martins, jovem desacredita do amor, com um filho pequeno e carregando nas costas o peso que foi obrigada a suportar sozinha depois que o marido a abandonou, 8 anos de um relacionamento que foram jogados no lixo assim que ele se transformou...