Borba
Não tenho nada de interessante pra contar sobre o meu passado, sempre andei na linha, corri pelo certo, estudei, me formei na profissão que eu queria e me dei bem dentro do que escolhi exercer, que foi ser policial militar. Comecei muito novo, desde que alcancei a idade necessária pra fazer os concursos , que eu me dediquei pra conseguir passar, tive duas tentativas falhas, mas depois foi só progresso, me estabeleci dentro daquele novo universo que fazia meus olhos brilhar, ser PM sempre foi o meu sonho, eu exercia por amor, não foi atoa que eu fui subindo muito rápido, tanto pelo meu desempenho quanto pela vontade que eu tinha de ocupar um cargo maior, eu almejava uma posição de respeito e consegui, hoje sou tenente coronel, não é o lugar mais alto que se pode ocupar dentro da polícia, mas ainda assim me deixa eu uma posição bastante confortável.
Claro que, se não fossem as mudanças de plano que se fizeram necessárias depois que eu comecei a mexer com coisas ilícitas e fora da lei, eu buscaria sem via de dúvidas o maior cargo, se tem uma coisa que posso dizer que faz parte de mim, é essa busca constante por poder, sinto prazer em me sentir um homem importante, poderoso, e eu não sabia até que ponto isso deixava de ser bom e passava a ser ruim., hoje eu sei. Sempre me considerei um homem íntegro, nunca havia feito nada que manchasse a minha índole ou o meu caráter, dentro e fora da minha profissão eu sempre agi de forma correta, tanto andando na linha como profissional, quanto sendo um homem de família no meu pessoal, estou casado com a mesma mulher a 25 anos, não tivemos filhos por opção dela, porque ser pai sempre foi meu maior sonho, na verdade era como uma meta de vida, meus planos eram conquistar minha estabilidade financeira e profissional, depois construir minha família, ter isso era o mais importante
Mas não aconteceu como eu imaginei, a parte de construir família não saiu conforme eu havia planejado,a Gláucia sempre foi o amor da minha vida, não foi a primeira mulher que me relacionei claro, mais foi a primeira que eu amei, estamos juntos desde os meus 19 anos e os 16 dela, sempre um ao lado do outro, compartilhando metas e sonhos, nossa vida profissional hoje é muito bem sucedida, tanto eu quanto ela trabalhamos nas áreas que almejamos, ela é advogada e eu polícial, nossos objetivos profissionais foram alcançados com muito êxito, mas o pessoal não fluiu tão bem como o esperado por mim. Não era novidade pra mim que minha esposa não compartilhava do mesmo desejo que eu, ela sempre deixou claro que não sentia vontade alguma de ser mãe, que seu foco era somente seu trabalho e lógico, o nosso casamento, que até alguns anos atrás, era muito feliz.
No início eu não dei ouvidos ao que ela dizia, acreditei que com o passar do tempo as idéias dela iriam mudar e amadurecer, começamos a namorar muito jovens, nos casamos novos também, ela estava no auge dos seus 21 anos, focada em seus estudos, desejando a sua profissão, não seria justo da minha parte insistir no assunto família, até porque eu mesmo tinha planos que queria realizar antes de ser pai, por isso pensei que na hora certa, conquistaríamos nossa família. Mas isso não aconteceu, foram passando os anos, tanto eu quanto ela já estávamos bem o suficiente pra dar o conforto necessário que uma criança precisa, já tínhamos adiquirido bastante maturidade, tanto pela idade, quanto pelas vivências que tivemos ao logo deste tempo, pra mim, estava no momento ideial, ela já tinha seus 30 anos e alguns tantos escritórios de advocacia espalhados pelo Rio de Janeiro, era uma profissional de renome, vivíamos bem e confortavelmente, realizados pra ser mais exato, mas faltava uma realização pessoal, o nosso filho, que eu imaginei que logo viria.
Mas não veio, foi como um banho de água fria quando eu ouvi da boca dela que seus pensamentos em relação a maternidade não haviam mudado e tão pouco mudariam, ela bateu o martelo e disse que na nossa vida, o espaço família que até aquele momento estava em branco, jamais seria preenchido, foi um choque pra mim, uma queda, difícil de aceitar. Porém mais uma vez eu passei por cim das minhas vontades pra satisfazer as dela, preferi entender que seria melhor daquela forma, e também não estava disposto a abir mão do nosso casamento, meu desejo era ter um filho com ela, e se não fosse com ela, não teria outra, tentei a todo custo me fazer entender isso, e por alguns anos deu certo, éramos felizes como marido e mulher, mas eu era vazio, ou melhor, incompleto, comecei a perceber que eu tinha tudo e ao mesmo tempo não tinha nada, eram sempre as mesma coisa, trabalho, casa, viagens, jantares com casais de amigos que sempre falavam sobre suas famílias, filhos, e eu na mesma, não tinha nada de novo pra contar,tudo de feliz que eu tinha em minha vida se baseava em conquistas profissionais, meu pessoal passou a ser a mesmice de sempre, sem maiores novidades, e sem muita alegria
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Destino Traçado
FanfictionAna Luiza Martins, jovem desacredita do amor, com um filho pequeno e carregando nas costas o peso que foi obrigada a suportar sozinha depois que o marido a abandonou, 8 anos de um relacionamento que foram jogados no lixo assim que ele se transformou...