DESAMPARADO

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Caetano: Você está brincando comigo, certo?

Leandro: Você realmente acha que eu brincaria com um assunto tão sério? Nós viemos aqui algumas vezes fazer um tour pela casa. Eu queria te informar, mas você não estava.

Caetano: Eu tenho telefone e você sabe disso. Você devia ter me ligado.

Leandro: Coisas tão sérias devem ser discutidas cara a cara, não pelo telefone.

Caetano: Eu não consigo te reconhecer. Como você pôde fazer isso?

Leandro: Escute, Caetano, essa casa é minha, está no meu nome. Eu poderia fazer o que quisesse com ela, e eu quis vender. Não tenho obrigações com você. Não temos nenhum contrato assinado, você não paga aluguel.

Caetano: Eu não consigo acreditar que você virou um...

Leandro: Você tem que se mudar até amanhã. E tenho certeza de que você já tem alguém para te oferecer uma cama para dormir. Então você pode começar a encaixotar as suas coisas agora.

Caetano sabia que não adiantava discutir com Leandro, então pelo bem da memória de Leonardo, ele só deixou Leandro falar tudo o que queria, e quando ele saiu com os novos donos, Caetano sentou no chão pensando no que podia fazer. E então ele percebeu que não tinha lugar para ir.

(...)

Naquela noite Caetano decidiu afogar as suas mágoas, então pegou uma garrafa de vinho e começou a beber taça após taça enquanto guardava as suas coisas.

Caetano: ( Não preciso de muita coisa. Vou pegar só o básico e o resto vou doar para os necessitados. )

(...)

Na manhã seguinte não parecia mais otimista depois que o álcool passou. Caetano acordou de manhã com o som do seu celular.

LIGAÇÃO INICIADA.

Caetano: Alô?

Fátima: Caetano, querido, o que está acontecendo com você? O Papai Noel já chegou e as crianças com seus pais também. Estamos te esperando para começar a distribuir os presentes de Natal. Onde você está? Está tudo bem?

Caetano: Ah, sim, estou bem. Só estou tendo um... problema.

Fátima: Problema? que tipo de problema?

Caetano: Fátima, eu tenho que me mudar hoje porque o Leandro vendeu essa casa. Eu não tenho para onde ir.

Fátima: Ah, querido, eu só posso te oferecer um sofá para dormir. Você sabe que eu tenho uma mãe idosa e não posso ter mais gente em casa.

Caetano: Ah, obrigado, Fátima, mas vou encontrar uma solução definitiva.

Fátima: Conheço algumas pessoas que podem te deixar ficar na casa deles e falo com eles hoje. Eu vou te ajudar, não se preocupe. Você não vai ficar na rua.

LIGAÇÃO ENCERRADA.

um pouco depois, enquanto Caetano pensava no que fazer, a campainha tocou. Era David.

David: Oi!

Caetano: Oi, David!

David: Você está tendo algum problema de família?

Caetano: Bem, alguns desentendimentos na família, nada que você mesmo nunca teve. E onde está...

David: A pequena chorona? Em casa, abrindo presentes com o avô dela. Na verdade, ela só está brincando com o papel de embrulho.

Caetano: Não chame a criança de "chorona". Ela tem um nome lindo. É normal ela chorar, ela não sabe falar.

David não disse nada como resposta. Depois de um breve silêncio, ele falou.

David: Se você quiser, pode usar o quarto acima da  loja na nossa casa. Quero dizer, você vai ter a sua própria entrada, sua privacidade, mas ainda vai estar perto da gente. Sabe, para você poder vir visitar a nossa chorona sempre que quiser.

A voz de David estava falhando o tempo todo, e Caetano podia ver como ele estava nervoso.

Caetano: Obrigado, David, é muito legal da sua parte. Mas não é uma solução permanente. Eu tenho que pensar no que fazer com a minha vida. Só o que me mantém aqui é o meu trabalho, e isso é algo que qualquer um pode fazer.

David: Mas talvez você consiga achar nessa cidade...

Uma batida na porta interrompeu David. Na verdade, pareciam murros, que não paravam.

Caetano: Com licença, David, eu tenho que abrir.

Quando Caetano abriu a porta, percebeu que sua suspeita estava certa.

Caetano: Por que você está aqui? Precisa de um advogado?

Continua...

O toque da Besta (Romance Gay +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora