Capítulo 55

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Zahara de Moçambique.

Dias atuais.

Não dormi bem noite passada, fiquei o tempo todo me virando de um lado para o outro, sentindo o coração pesado.

Por que agora? agora? Ele teve todos aqueles dias nos quais estávamos sozinhos, tantas oportunidades, tantas conversas, tantos sinais para dar... Se ele se sente assim a tanto tempo, por que só agora?

E por que ele nunca poderia deixar a Mi-Suk? Não faz sentido para mim continuar com alguém que você não ama.

Fiquei pensando assim por uma boa parte da noite. Durante a madrugada, quando peguei um pouco no sono, a imagem daquele dia, há mais de um ano, em que eles estavam em um parque e ela se ajoelhava aos seus pés, ficava voltando à minha mente. Algo na expressão dela, o modo como parecia venerável, não me deixava nem deixa tranquila.

Também revivi aquele dia quando ela o seguiu para fora do refeitório como um cachorro. Nada disso faz muito sentido para mim, ela é rica, bonita, tem tudo o que eu gostaria, não faz sentido algum para mim que ela faça isso. Ela não se ama? Todo o seu amor foi passado para ele?

Bem, ele passou para mim. Não que eu o queira agora, claro, mas mesmo assim... Eu só não entendo.

Fique com isso bem claro na mente até acordar.

Quando fiz isso e me olhei no espelho há cinco minutos atrás, me assustei: meus cabelos estão iguais a um ninho, minha boca seca, minha pele mais pálida do que de quem já morreu e meus olhos estão fundos.

- Ella - ponho a cara para fora do banheiro e vejo minha mãe pondo algumas cobertas em cima da minha cama - Estas aqui estão limpinhas e - ela vira-se para mim com algumas peças ainda nos braços - Eu... AH! - seus braços giram no ar, derrubando tudo, sua mão vai para o peito depois disso e sua boca ainda fica aberta, ofegante, depois do grito - O que é isso meu Deus? Por que está igual a um fantasma? Minha nossa, poderia ter me matado do coração.

Junto às sobrancelhas.

- Está exagerando mãe e além disso eu estava dormindo, acabei de acordar...

- Do sono eterno? - cerro os olhos.

- Engraçadinha. Se me der licença, tenho que dar um jeito na minha cara de " sono eterno " - faço aspas com os dedos e volto para o banheiro a ouvindo falar antes de fechar a porta.

- Não saia na rua assim, ou as crianças vão achar que é aquela noiva.

***

Minha mãe ficou me enchendo sobre meu estado a manhã toda, até tirou uma foto quando não estava olhando.

Quanta petulância.

Hoje decidi vir caminhando calmamente entre as árvores, agora com folhas verdes mas meio magras.

Minha escola fica numa subida, então as sombras são bem-vindas.

Há alguns estudantes catando folhas do chão e jogando uns nos outros, outros conversam em grupos, casais passam lado a lado, há quem brinque de quem vai atravessar o portão mais rápido, e... Um ônibus branco enorme no lado esquerdo do caminho, depois do portão.

Dou de ombros, talvez uma turma faça turismo, isso explicaria o grupo de estudantes próximo a ele.

Mas então, uma desses estudantes para de conversar e vem em minha direção.

- Ella... - ao me ver, Mi-Suk franze a testa e aponta para minha mochila - Por que a trouxe? Não vamos precisar, lembra?

Como assim?

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