capitulo 24

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Murilo on: sair do cemitério já estava escurecendo, só então me dei conta que fiquei lá por horas. Mas me sinto muito mais leve, estava e ainda estou uma confusão porém mais leve, sabe? Meio que começando a entender ou aceita algumas coisas.

(Obs: sei que isso é numa questão pessoal de cada um, visitar e conversar com quem já foi, pode parecer tortura ou até mesmo anormal mas penso diferente, não só agora, sempre tive esse possivelmento , mas isso não vem ao caso aqui, kkk por isso coloquei)

Conversar com a Marília sempre me ajudou muito, mas com o passar dos anos nunca mais tinha ido lá, nem sei o por que. Acho que com essa ideia de seguir em frente, na minha ignorância acreditava que seria mais fácil se deixasse tudo pra trás então, não tinha por que ir lá.

Lembro que a última vez que vim foi a uns 15 anos, com o Léo, no aniversário dela.

Esse sempre foi um assunto muito delicado para ser tratado com o Léo, levamos um bom tempo pra explicar a ele o que aconteceu, mesmo que que ele já sentia, mas achamos necessário explicar pra não tenha dúvidas. Porém próximo ao aniversário dele de 6 anos, estávamos conversando sobre o que ele queria de presente, nesse ano optamos por comemorar na escola junto com todos os amiguinhos dele, não seria nada grande até por que eu não estaria presente devido a agenda de show. Então quando perguntei o que ele queria de presente, ele ele me pediu pra ver a mãe. Aquilo me quebrou em mil pedaços, foi quando pela primeira vez conversamos sem muitos detalhes sobre o que aconteceu, expliquei onde ela estava mas mesmo assim ele insistiu que o que queria de presente era ir visitá-la.

Conversei com a Ruth e a psicóloga que o acompanhava e então decidimos levá-lo. Esse foi o primeiro dia que voltei lá, desde o ocorrido. então escolhemos um dia lindo e alegre ensolarado. Ele vestiu a melhor roupa ( segundo ele claro) pediu pra parar na floricultura, bom eu fiz tudo como ele pedia, estava temeroso mas surpreso com ele. Minutos depois chegamos lá, obviamente com exceção do zelador éramos os únicos lá. Então seguimos, caminhando lado a lado, uma das mãos ele segurava a minha e a outra trazia um pequeno buquê de rosas brancas, ele olhava tudo atentamente até que chegamos onde era o túmulo da Marília,

Conversei com ele um pouco, mais uma vez expliquei e dei dois passos a traz deixando que ficasse mais próximos, ele ficou em silêncio e quieto por alguma segundos, quando fiz mensal de ir até ele, vi que sentou animado em frente a foto dela colocou as rosas junto a ela, e logo engatou uma conversa animada até parecia que de fato tinha alguém ali conversando com ele, contou sobre a escola, os amiguinho, o que ele gostava de fazer, de brincar, de onde estava pude ouvir a risada dele algumas vezes quando lembrava algo e contava empolgado. Contou a ela da melhor amiga que tinha na escolinha que dividia o lanche que levava com essa menina, detalhe, ele nunca me contou isso, sempre que perguntava como foi a aula, ele contava várias coisas legal mas nunca me falou dessa amiguinha.

Alguns minutos depois me aproximei para irmos ele deixou escapar um " ahh pai, mas já? " Se despediu da mãe prometendo voltar novamente e fomos, desde então sempre que é dia das mães ou o aniversário da Marília ele vem, antes vinha com meus pais, a Ruth nao gosta muito de vim sabemos o por que né? Eu o acompanhei em poucas visitas infelizmente .Mas agora que já está grande ele vem só. Mas sempre vem.

Então como dizia, foi em uma dessas visitas com o Léo que tive aqui pela última vez a uns 10 anos atrás e voltei hoje. Sair de lá com o coração leve e como já está quase anoitecendo vou pra casa, como não tenho show hoje vou descansar em casa mesmo.

Tempos depois chego em casa e está uma animação que só. Uma conversação vindo da cozinha, coisa que é muito difícil acontece, a Marília e a Marta não fazem esse barulho tudo nem quando o leo e a Júlia estão aqui faz isso. Curioso vou lá ver e surpresa!! As gêmeas estão aí.

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