Sendo acompanhado pela gélida e úmida penumbra, incansavelmente antes do amanhecer algo se rompia entre nós, nos despertando da dormência de um sonho que beirava perigosamente a realidade...
Quando abri os meus olhos, subitamente ouvi C murmurar algo ao meu lado na cama, como se o seu protesto amargo e silencioso fizesse com que a pessoa que estivesse ligando para ele com grandes esforços parasse de nos incomodar.
Atenta logo... Rezinguei ainda sonolenta de costas para ele, e logo me vi sendo puxada com vigor pela cintura, encontrando o seu corpo rígido, e lá as suas mãos me apertavam com força, me mantendo junto a ele.
Sem tecidos, apenas pele contra pele...
Mesmo lutando contra a letargia do meu corpo e mente ao despertar, eu ainda assim me sentia extasiada com o seu toque, o seu cheiro. Era como se eu tivesse ingerido algum tipo de droga.
Seja lá quem for... Ele se estendeu por uma breve pausa enquanto passava com avidez os lábios pela curvatura do meu pescoço, ela que o guiou até um de meus ombros como se sentisse que cada parte do meu corpo se arrepiava ao seu toque. Eu espero que vá para o inferno, se não, eu mesmo vou levá-lo...
E ao término de sua ameaça, o celular cessou abruptamente, algo que me fez rir em seguida enquanto eu me virava em sua direção, encontrando o seu rosto.
Ainda que consciente, os seus olhos continuavam fechados, exibindo a mim os seus longos cílios escuros e a tranquila respiração que o acompanhava, me fazendo tocar a sua face com suavidade, guardando em minha memória cada fragmento do seu belo rosto e corpo como se eu desenhasse uma pintura misteriosa em minha mente. Eu queria beijá-lo.
O que está fazendo? Perguntou, e me peguei rindo.
"Achei que estivesse dormindo". O seu olhar encontrou o meu, me levando de volta ao seu profundo mar cinzento.
Essa desculpa realmente não funciona mais.
Sim, eu sei, e eu não vou usá-la mais. E recebi um sorriso sereno como recompensa, algo que fez o meu corpo inteiro se extasiar, no entanto, ele foi roubado abruptamente de mim poucos segundos depois, quando o seu aparelho voltou a vibrar.
Droga... Pigarreou se erguendo bruscamente, revelando as costas nuas onde, seguindo os contornos dos seus músculos, eu pude ver perfeitamente as marcas que eu havia deixado nele com a noite...
A noite em que me derreti em seus braços...
Antes que eu pudesse vê-lo estender a mão em direção a cômoda ao lado da cama, eu me vi entrando de baixo das cobertas novamente, e após isso, finalmente o celular foi atendido.
Dificilmente eu presenciava C recebendo ligações, e isso não deixou de chamar a minha atenção, até porque, poucas palavras foram trocadas após atender quem quer que estivesse ligando para ele àquela hora, já o que sol ainda não havia mostrado qualquer sinal de aparecer para nos indicar a chegada da manhã.
Está bem, eu estou descendo. Respondeu à outra pessoa na linha, e sem mais, desligou.
Descendo? Quem seria a essa hora?
O que houve? Questionei imediatamente, saindo de baixo das cobertas e já o encontrando de pé vestindo as calças.
Um colega do trabalho veio me entregar algo que eu pedi.
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VERDADE ROUBADA
RomanceAssinando os seus textos apenas com os pseudônimos "Srta. A" e "Sr. C", eles compartilham uma história... Após suportar uma repentina sequência de eventos assombrosos em sua vida, "A" se encontra em um desequilíbrio emocional quase irreparável, e qu...