Décima Anotação

114 40 2
                                    

Isto definitivamente foi uma má ideia... Foi a primeira coisa que ele declarou, com a reconhecível forma áspera de seu tom quando passou a bufar sobre as mãos a fim de esquentá-las. Eu conseguia ver perfeitamente a forma como a que o seu sopro fazia em frente ao rosto, provocada pela condensação do ar quente que saia de sua boca em contato com a gélida noite que nos encontrávamos, no entanto, mesmo com o seu olhar fuzilador sobre mim, eu não conseguia parar de rir enquanto juntava um montinho de neve sobre o gramado coberto por branco em meio ao parque silencioso.

Eu disse. Ressaltei. Mas quem resolveu dar "uma caminhada"?

Eu... Respondeu impaciente. Zangado por não darmos as mãos e corrermos de volta para casa, algo que apenas me fez rir com mais intensidade. Mesmo que C não dissesse, eu conseguia imaginar perfeitamente o que ele gostaria de dizer.

"Maldita caminhada...".

Exatamente! Ele murmurou um xingamento enquanto retirava um par de luvas do bolso, e não consegui resistir à tentação de jogar uma bola de neve em sua barriga. Era um dos invernos mais frios já registrados. Agora mexa esses braços e ombros largos e venha me ajudar.

Ah, eu não vou ajudar você a fazer um boneco de neve, isso é coisa de criança.

Como se você fosse mais maduro do que uma. Ele levou uma das mãos ao peito mostrando dramaticamente que se sentiu ofendido, e revirei os olhos quase que automaticamente. Venha logo!

Me virei e comecei a levantar a bola enorme de neve que eu havia moldado cuidadosamente para uma cabeça, ou qualquer outra coisa semelhante que tentei fazer, mas ela desmanchou-se completamente em meus braços antes que eu tivesse tempo de colocá-la no lugar. Como as crianças conseguem fazer isso tão facilmente?

Onde está a ajuda quando se precisa dela? Antes que eu tivesse tempo de me virar em sua direção, senti algo gélido passar por minha nuca e escorrer para dentro do meu casaco, gelando as minhas costas com rapidez. Eram como pequenas agulhas formando um caminho aterrorizantes por meu corpo.

Um grito estridente saiu de mim com um sobressalto e a risada dele ecoou pelo parque. Era neve.

Isso se chama "vingança", o troco por ter me chamado de imaturo. Disse triunfante como uma criança vindo na minha direção com a outra mão cheia de neve.

Não me lembro do xingamento que deferi a ele, mas me lembro muito bem de como me abaixei e puxei sua perna o fazendo escorregar por falta de equilíbrio. Ele podia até ser mais alto do que a árvore que eu costumava subir, mas eu era mais rápida, logo caímos com tudo sobre a neve, e isso não me impediu de pular sobre ele ficando um pouco acima de sua pélvis para cobri-lo de neve, e após uma careta dolorosa pela queda, ela foi substituída por sorriso largo e malicioso, algo que me fez gargalhar com dificuldade pela falta de fôlego.

Isso se chama "vingança". Enfatizei o fazendo rir em seguida.

E uma bela virada.

Srta. A

VERDADE ROUBADAOnde histórias criam vida. Descubra agora