Terceira Anotação

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C... Começou A repentinamente, logo em seguida as suas pequenas mãos tentaram me empurrar para longe de si, mas isso não foi o suficiente para que eu me afastasse de seu corpo. Isso seria impossível, e após perceber tamanho equívoco, apenas continuou: Por favor, ignore tudo, ou apenas algumas de minhas partes, até porque, algo tão insignificante meu não merece a sua atenção, então não quero que se preocupe.

Tenho certeza de que o meu sorriso cínico foi notável o suficiente para o seu olhar, pois ele a fez me encarar com curiosidade, então aproximei o meu rosto do dela até que pudéssemos sentir na pele a respiração um do outro, no entanto, o que eu realmente queria, era capturar a sua boca em meus lábios até que ficasse sem ar em meus braços, mas – infelizmente para mim e, talvez felizmente para ela – eu consegui me conter.

C? Chamou me roubando a atenção.

Por que será que você sempre pensa dessa forma...? Era o que eu gostaria de perguntar, mas ao invés disso...

Não seja tola, eu não vou ignorar. Logo ela notou certa determinação em minha voz.

E por quê?

Um breve sorriso escapou de mim.

Por que eu sempre tenho que explicar os meus motivos?

Porque você sempre ignora as minhas perguntas.

Quer realmente uma resposta para isso?

E ela não hesitou.

Claro que eu quero.

Muito bem, por favor escute A, porque eu vou falar o mais pausadamente possível para que me entenda. Ela assentiu atentamente, balançando a cabeça enquanto as suas mechas de cabelos escorregavam sobre os ombros nus. Eu não vou ignorar, porque quem ignora, basicamente não se importa, mas eu me importo, muito mais do que você pode imaginar, me entendeu bem? Afeição surgiu em seu olhar, me aquecendo de fora para dentro.

E isso é bom? Ri achando graça em sua pergunta.

Talvez. Dei de ombros e passei o meu braço por sua instigante cintura curvilínea o juntando ao outro para que ela ficasse colada a mim. Eu sempre gostava da forma como a que os nossos corpos se encaixam. Mas também pode indicar o começo da minha loucura. Isso se ela já não estivesse aqui há muito tempo.

A nossa loucura. Desta vez ela fez questão de olhar nos meus olhos quando eu os desviei. Não se feche comigo, ou melhor, não me afaste de você por isso, não agora.

Pendi a cabeça sobre um de meus ombros e a encarei novamente, logo uma de suas mãos chegou até o meu rosto, trazendo a maciez de seu toque, e me peguei fechando os meus olhos por alguns segundos,

A... Já parou para pensar que talvez eu me feche por me sentir bem em ser egoísta? Algo foi estampado em seu rosto por cerca de poucos segundos e, surpreendentemente, eu não pude identificar de imediato o que teria sido aquela expressão. Eu também não sabia ao certo o porquê de dizer aquilo naquele momento, mas as palavras de A me deram uma boa pista do que teria sido a rápida expressão em seu semblante.

Isso é cruel...

E por quê?

Porque acabou de dizer que se importa. Senti o meu cenho se franzir.

Isso é...

Você está mentindo, C. Declarou com seriedade me interrompendo, e antes que eu pudesse retrucar algo, subitamente os seus braços se ergueram me enlaçando com dificuldade em algo que eu supus ser um abraço, logo os seus lábios chegaram até os meus, surpreendendo a mim por ter roubado o meu ar de uma forma tão despretensiosa, logo a sua cabeça descansou contra meu peito, e como uma criança, eu a envolvi da mesma forma.

De modo maquiavélico, o resultado desta "emboscada" foi a seguinte afirmação abaixo sussurrada a mim:

"Se fosse verdade, eu não estaria nos seus braços agora...".

Me peguei em algum tipo de sorriso, involuntário.

É, você deve ter razão... Declarei.

Você sempre tem razão, A. Eu tento me apegar cegamente a ela...

Sr. C

VERDADE ROUBADAOnde histórias criam vida. Descubra agora