Quarta Anotação

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Naquele fim de tarde em pleno início do verão, uma brisa refrescante passeava por meus cabelos e, com uma certa leveza, eles eram jogados sobre os meus ombros a cada um de meus passos.

Eles formavam um estreito caminho sobre a grama recentemente podada até onde eu pude encontrá-lo no mesmo lugar de sempre. Eu sabia que ele estaria ali. C sempre fazia isso, ou melhor, nós sempre fazíamos isso quando nos sentíamos pensativos, aflitos, ou dispersos demais da realidade que nos cercava para agirmos como os outros.

Você é realmente um animal com hábitos. Exclamei assim que eu me aproximei.

Abrindo os olhos e me mostrando um sorriso mais do que galanteador, ele se ajeitou para que eu me sentasse ao seu lado, abaixo da árvore. Aquele era o nosso lugar.

Este animal aqui, queria finalmente um tempo para descanso longe de uma certa pessoa. Imediatamente o soquei de leve na barriga, mas ele passou a mão sobre ela fazendo uma expressão exageradamente dolorosa, como se eu o tivesse machucado. Isso seria impossível...

Um suspirar cansado escapou de mim assim que a minha cabeça se ancorou contra o tronco da árvore.

Eu só vim aqui porque queria pensar um pouco. Comentei vendo-o bocejar. Provavelmente estivesse quase pegando no sono quando eu o encontrei.

E como vai fazer isso comigo falando na sua orelha? Perguntou me encarando de soslaio.

Talvez até ajude. Ele riu.

Não me deixe animado.

Encarei o balançar das árvores como se elas estivessem em câmera lenta. Tudo ali fazia com que eu me sentisse relaxada, ou até mesmo segura e, em alguns escassos momentos, aquele singelo lugar também me permitia não pensar em absolutamente nada do mundo fora daquele pequeno parque, ou até mesmo na imensidão que havia e ainda há dentro de mim.

Você me parece gostar daqui. Observou de repente, logo o encarei.

E você não? Um sorriso ameaçou tomar os seus lábios novamente.

Antes ou depois de você ter caído de cima da árvore e pousado na minha barriga? Naquele instante, era eu quem havia passado a sorrir. Contarei a vocês sobre isso outro dia.

Foi um acidente!

Foi um belo de um primeiro encontro. Eu ainda sinto dores, mas de forma alguma eu me arrependo de ter servido como a sua almofada.

Apoiei a minha cabeça sobre o seu ombro, me aninhando em parte do seu corpo. Nós dois sorriamos como idiotas.

Sim, eu gosto daqui.

E eu também.

Srta. A

VERDADE ROUBADAOnde histórias criam vida. Descubra agora