Lorena Salles
O estagiário retornou e eu sinceramente não estou gostando nada disso, todas essas semelhanças só fizeram a dona Lúcia e o médico continuarem ainda mais com essa idiotice, eu já não suporto mais ouvir uma palavra desses dois, a Lúcia até passa mas ele? Que falta de profissionalismo, sem contar a inconveniência, deveria pegar o nome dele e fazer uma reclamação. O estagiário retornou dizendo que a mulher já tinha acordado, mas estava com uma febre absurda assim como a Manu, inclusive as duas estavam com a mesma temperatura, foram feitos os mesmos procedimentos para diminuí-la e assim como foi com a minha filha, a primeira tentativa foi falha. Mas que que isso tem haver? Foi puramente coincidência, acreditar que elas estão ligadas de alguma forma por conta disso é ridículo! Aparentemente nas duas todos os exames não indicaram nada, e tudo levava a acreditar que se tratava de questões emocionais, só que a Manoella não tem razões para isso, já sobre a mulher descobrimos que ela perdeu a mãe e tinha acabado de sair do seu funeral, meu coração se apertou ao saber disso, me senti mal por não tê-la ajudado naquele banheiro, sei como é difícil perder uma mãe.
As duas estavam no mesmo barco, a febre de nenhuma queria ceder e não era possível realizar os procedimentos com elas ardendo em febre dessa forma. O médico mandou então que eu desse de beber a Manu e a levasse para respirar alguns segundos na área aberta do hospital, mas sem esquecer de por os algodões úmidos nos lugares indicados, na verdade, o estagiário vai nos acompanhar para cuidar dessa parte. Fui colocada na cadeira de rodas com ela em meus braços, o estagiário empurrava a cadeira e dona Lúcia carregava uma pequena maleta com algodões e água, quando chegamos na área aberta a Manoella começou a chorar do mesmo jeito que antes, isso me despertou um desespero enorme, sou a mãe dela, deveria ter algo que eu pudesse fazer.
Ela chorava alto, e a cada grito em meio ao choro eu recebia um soco no peito, acabei chorando junto com ela sem saber o que fazer. Levei um susto quando uma cadeira de rodas parou ao lado da minha, e quando virei o rosto me deparei com ela, aquela mulher, só pode ser perseguição. Ela está muito abatida, olhos fundos e extremamente pálida, está visivelmente fraca.
- Posso pegá-la um pouco? - Ela me pergunta e seus olhos parecem suplicar, mas não sei se é uma boa ideia, ela está muito fraca, pode acabar deixando ela cair, olho pra ela receosa e seguro mais forte a Manoella em meu colo. - Por favor, não vou machucá-la.
- Não sei se é uma boa ideia, vocês duas não estão bem, e você está sem forças pode acabar deixando ela cair.
- Você pode ajudar ela a segurá-la. - Dona Lúcia que fala, essa mulher não sabe mesmo a hora de ficar quieta.
Olho para a mulher e seus olhos não mudaram, continuam me suplicando, mas o que ela quer com a minha filha afinal? A Manu ainda chora, mas agora estendeu os braços em direção a moça que abriu um sorriso, mediante a isso acabei cedendo. Coloquei a Manoella em seus braços e as duas estavam pegando fogo, nem sei se é bom as duas terem esse contato, mas também já não sei mais o que fazer, acabei ficando ajoelhada de frente para a moça, preciso estar a postos caso ela tenha outro mal súbito com a minha filha em seus braços, coloquei minhas mãos por cima da dela para ajudá-la a segurar melhor a Manu, mas quando passei meus dedos por sua pele senti algum tipo de eletricidade percorrer do corpo dela ao meu e vice versa, acho que não fui a única pois no mesmo instante nossos olhares se cruzaram mas ela logo os desviou. Meus pelos estavam arrepiados e eu sentia um calafrio por dentro, não sei nem o que tudo isso significa mas não gostei nada, a Manu parou de chorar assim que se ajeitou no colo da moça nos surpreendendo mais uma vez.
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Uma babá para Manoella
RomanceGiovanna acabou de perder sua mãe para uma terrível doença, sem ter de onde tirar seu sustento e morando com a megera de sua tia e prima, que fizeram e fazem de tudo para tornar os dias dela tenebrosos, ela se vê encurralada e sem outra alternativa...