Capítulo 11

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Lorena Salles





Acabo achando melhor chamar a dona Lúcia, corro até o quarto dela e abro a porta chamando-a, ela ainda não estava dormindo então veio correndo assim que ouviu a palavra "Giovanna", estou dizendo que ela já se apegou a mulher. Nós voltamos para o meu quarto e ela continua lá, tremendo como se estivesse levando um choque, em posição fetal, com uma mão em seu pescoço, sem parar de repetir que não consegue respirar e falando o nome Fátima. Seu corpo está encharcado de suor, sua afeição transmiti dor e tristeza de um jeito que nunca vi antes na vida, meu corpo inteiro treme e eu sinto algo molhado escorrer dos meus olhos, passando pela bochecha e indo até a minha boca, hm, é salgado, é uma lágrima, faz tempo que nem me lembro qual é essa sensação.

Lúcia se agacha próximo dela, tenta acordá-la com delicadeza mas não consegue, ela está imersa demais em seu pesadelo.

- Segure ela por trás. - Ela fala e eu fico estática, como vou fazer isso? - Vamos Lorena! Deite atrás dela e segure os braços dela colados no próprio corpo. - Enquanto eu me ajeito deitando por trás dela dona Lúcia pega uma toalha de rosto e molha na pia do banheiro, coloca sobre a testa da moça e seca seu suor, colo meu corpo ao dela sentindo ele ferver, sem dúvidas ela está com febre, agarro seus braços e os seguro como Lúcia mandou, aos poucos ela para de se debater mas ainda geme e resmunga, seu corpo ainda está quente. - Giovanna, Giovanna acorde. - Lúcia tenta acordar a mulher de novo. - Por favor, acorde. - A sacode com cuidado e a mulher acorda num susto, se eu não a segurasse acho que ela bateria a cabeça na de Lúcia. Ela está ofegante e sua respiração as vezes falha, ela olha ao redor assustada e é como se procurasse por alguém, ela se acalma quando vê que estamos só nós três. - Minha linda, tudo bem? - Ela não consegue responder nada, apenas respira pesado. - Calma, estamos aqui, foi só um sonho, respire comigo. - Ela puxa e solta o ar indicando a mulher a fazer o mesmo e assim aos poucos sua respiração vai se regularizando. - Se sente melhor?

- Sim. - Ela respira fundo uma última vez. - Estou melhor, me desculpem por isso. - Ela abaixa a cabeça e uma lágrima caí.

- Que isso, não precisa pedir desculpas, mas... aconteceu alguma coisa? - Ela levanta o rosto mas não diz nada. - Não parecia ser só um sonho, está acontecendo algo? - Vejo ela engolir seco, me olha de canto e abaixa a cabeça sem dizer nada. - Vem, vamos tomar uma aguinha com açúcar. - Ela segura a mão da mulher para puxá-la e só ai percebo que ainda estou agarrada a ela e então a solto, ela conduz a menina por trás e antes de sair do quarto faz sinal para mim pois percebeu que ela não se abriu por não se sentir a vontade comigo.

Deixo elas irem e encosto a porta deixando uma fresta pequena aberta, apago as luzes mas deixo o abajur acesso, me deito e tento dormir mas minha mente está nela mais uma vez, sinto tudo dentro de mim se comprimir, estou curiosa, o que será que houve? Sei que dependendo do motivo a Lúcia não me dirá nada, ainda mais que está num grude insuportável com ela, não vou aguentar ficar sem saber. Me levanto da cama e na ponta do pé eu saio do quarto, ando pelo corredor a passos lentos e descalça para que não me ouçam se aproximar, as duas estão na cozinha, me abaixo no corredor para que não corra o risco de ser vista e escuto as duas conversarem.

- ... Acho que só um pesadelo mesmo.

- Mesmo? - Lúcia pergunta. - E essa marca em seu pescoço? - Ouço a menina se engasgar com o que deve ser a água com açúcar.

- Essa marca?... bom... é que... quando eu... foi uma mulher com...

- Para, para, para. - Dona Lúcia fala rápido a interrompendo. - Você mente mal demais, se não quiser contar tudo bem, eu posso respeitar isso, mas me incomoda pensar que alguém possa ter feito isso com você e você não vai fazer nada. Sei que não nós conhecemos e pode parecer estranho, mas quero o seu bem. - Ouço a menina fungar. - Se precisar conversar, se precisar de ajuda, ou qualquer coisa do tipo eu vou estar aqui ok? - Me levanto devagar e vejo as duas se abraçarem, corro de volta para o quarto quando vejo elas se levantarem para sair dali.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora