Capítulo 22

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Lorena Salles





Poucos minutos depois de mandar a mensagem obtive minha resposta, na mensagem diz que ela está disponível a qualquer dia até o fim dessa semana, poderia deixar isso para depois, mostrar que não estou intimidada com suas acusações, mas a quem eu quero enganar? Estou ficando maluca com tudo isso já, minha cabeça está fritando e não só por conta desse calor, mando uma mensagem perguntando se podemos nos ver hoje mesmo, a noite. Peguei a Manoella e fui para o carro, preciso de um banho e da minha cama para esfriar um pouco a cabeça, assim que entro no carro pego o celular para ver se ela me respondeu, entrei no exato momento em que ela estava digitando, esperei um pouco e logo a mensagem veio, por ela podemos resolver isso ainda hoje, é um certo alívio, esperar só aumentaria ainda mais a minha ansiedade, digo que vou pegar ela em casa depois das dez da noite e ela não responde, vou entender como um sim.

Deixo o celular de lado e ligo o carro, estou tão perturbada com tudo isso, nem mesmo esse ar refrescante e essa bela vista são capazes de diminuir o que sinto, que angústia no peito, já não basta tudo que aquele maldito me fez passar, agora sou acusada de matá-lo. Confesso que vontade não me faltou, mas não fui eu a responsável pela sua morte, mas não nego que ela me agradou imensamente, lembro que achei muito suspeito na época essa história de acidente, mas pouco me importava como ele morreu, o relevante para mim era que eu jamais teria que vê-lo novamente. Cheguei a ser levada a uma delegacia para prestar meu depoimento, fizeram algumas perguntas mas o interrogatório mesmo ainda seria marcado, disse toda a verdade naquele dia, entrei e sai com a minha consciência limpa e confiante que a justiça seria feita, antes mesmo que o interrogatório fosse marcado descobriram como tudo ocorreu e eu já não era mais suspeita. Ficou concluído que tudo não passou de um infeliz acidente, mas para mim, ele foi mais que feliz.

Chegando em casa estacionei o carro em frente ao bloco, subi com a Manoella que dormia, mas foi só colocar o pé em casa e sentir esse cheirinho delicioso da comida da Lúcia que ela despertou, dei banho nela enquanto dona Lúcia terminava de preparar tudo, depois entreguei a ela para alimentá-la e fui para o meu banho, tomei um banho demorado, lavei meus cabelos com a água fria mas nem mesmo isso foi capaz de me ajudar, eu estava péssima e nada iria mudar isso. Que provas serão essas que ela tem para me incriminar? Sei que são forjadas, mas ainda sim isso me perturbar, será que a Giovanna está por dentro de tudo isso e veio trabalhar aqui para ajudar no plano da prima? Não, não tem como, fui eu quem a chamei e insisti para que aceitasse a vaga, mas ainda assim, será que ela sabe de algo? Se sabe, o que ela pensa de tudo isso? Com certeza deve acreditar nas palavras da prima, não a julgo, faria o mesmo em seu lugar.

Está ai, não consigo parar de pensar nela nem em momentos como esse, seja lá para onde eu tente levar a minha mente, ela acaba sendo envolvida e logo toma total domínio sobre os meus pensamentos. Em procura de alivio para todo esse estresse meus pensamentos me levam para aquele bendito banheiro da cafeteria, sinto meu corpo estremecer ao lembrar de seus tímidos gemidos enquanto eu beijava seu pescoço, que boca deliciosa, o sabor dos seus lábios era como um manjar, ainda que ela não retribui-se as minhas carícias nos mesmos. O que está acontecendo comigo afinal? Nunca fui assim, nunca estive assim na vida, e preciso garantir que continue, não posso alimentar isso, isso tem que acabar.

Desligo o chuveiro, me seco e visto meu pijama, mas não qualquer pijama, o mesmo que a Giovanna usou quando dormiu aqui, ainda não lavamos mas está bem limpinho e cheiroso, com o cheiro dela na verdade, um perfume incomparável, nunca senti nada igual. Olha ai, já estou pensando nela de novo, preciso me policiar melhor. Já vestida eu vou até a cozinha, tudo está lindo, sempre como com os olhos, acho que aumenta o meu apetite, além de estar muito bem apresentado o prato está exalando um odor magnífico, dona Lúcia sempre cozinhou muito bem, mas hoje, por mais que eu queira não consigo comer nada. Peço a ela que congele um prato para mim, ela tenta me fazer comer mas mesmo querendo muito não sinto fome, e quando fico nervosa costumo passar mal, certeza que se eu me forçar a jantar colocarei tudo para fora. Boto a Manoella em seu quarto e fico com ela até ela dormir, não demorou muito, estou estranhando essa sonolência toda dela mas ela está aparentemente muito bem. Vou para o meu quarto, me jogo na cama e faço o que já nem lembrava mais que era capaz de fazer, choro, tudo estava indo tão bem, por que tudo isso tinha que acontecer agora? Uma coisa atrás da outra? Amanhã é o primeiro dia do evento, não sei o que farei, não sei nem se terei cabeça para isso depois de conversar com essa mulher. Falando nela, acabei de receber mensagens dela.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora