Capítulo 37

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Philippe Turner




Sabia que em meu trabalho poderia ver de tudo, e bem, achava estar preparado pra isso, mas como pode ter dado tão errado, tão rápido assim?
Faz poucos meses que finalmente comecei meu trabalho na delegacia, meus dias estavam bem tranquilos, nada muito anormal, muitos furtos, brigas de vizinhos... Pelo menos era assim, até toda essa bagunça começar.

A competência desse caso nem era da delegacia onde estou, mas já era de se esperar que a 28º DP era corrupta, isso não era novidade pra ninguém, mas dessa vez foram longe demais, literalmente todos daquela delegacia estavam envolvidos, nem consigo imaginar o valor desse suborno pra conseguir tudo isso, agora não tem mais uma simples alma daquele lugar, todos foragidos. As delegacias de polícia ao redor estão super sobrecarregadas, inclusive a nossa.Com isso, boa parte dos policiais ao redor estão sendo transferidos para lá, eu faço parte desse grupo. Apesar de tudo isso parecer emocionante e conseguir sentir a adrenalina percorrer todo meu corpo, sinto um enjoo enorme, acho que nunca vou entender como um ser humano consegue ser assim.

Um dos motivos pelos quais entrei para a polícia foi por querer ajudar todos que estivessem ao meu alcance, sinto que eu ter sido transferido para esta delegacia para auxiliar nesse caso é o destino, finalmente vou servir ao meu propósito.
Apesar do embrulho no estômago, e de flashbacks em minha mente, pretendo fazer meu melhor, e ajudar a essas mulheres como não pude fazer pela minha mãe.

Quando criança minha mãe tinham um relacionamento conturbado e agressivo com um amigo antigo, eu tinha apenas sete anos, era magrelo e pequeno, já o namorado dela era alto e musculoso, me tremia só de ver seu olhar de raiva. Até que um dia, eu já não conseguia suportar mais, não podia ver minha mãe machucada daquela forma sofrer ainda mais sem fazer nada. Peguei uma garrafa de vidro e tentei acerta-lo por trás, a garrafa quebrou em suas costas e parecia não ter sido nada, ele apenas se virou para mim e agarrou meu pescoço, acho que aquilo foi a gota d'água para minha mãe também.

Com muita coragem e um pouco de força que lhe restava ela pegou uma faca grande e o perfurou pelas costas, me soltando ele gritou, mas parecia que nada o deteria, arrancou a faca das mãos da minha mãe e jogando ela contra a parede a esfaqueou na barriga, aquele foi o pior momento de toda minha vida, vi a vida da minha mãe se esvaindo em seus olhos de forma tão brutal, por sorte, vizinhos tinham chamado a polícia e a porta estava aberta. Um policial, muito parecido comigo fisicamente, no mesmo instante deu dois disparos, um no braço e outro na perna do infeliz, seu parceiro o algemou e leu seus direitos enquanto ele checava a pulsação da minha mãe, mas já era tarde demais.

Eu não tinha familia, não tinha nada nem ninguém, a única coisa que eu tinha de preciosa em minha vida estava morta diante dos meus olhos.

Entrando em meu campo de visão, com um olhar profundo e sereno, o policial me estendeu a mão e me ajudou a suportar o insuportável. Como não tinha mais ninguém, fiquei um período no abrigo até que uma vizinha conseguisse minha guarda, era doce e gentil, gostava muito da minha mãe, não só ela mas todos que a rodeavam, mamãe era realmente incrivel! Aquele policial voltou inúmeras vezes, me visitava, ajudava nos deveres da escola, trazia compras para gente e cuidava da minha educação, foi como um verdadeiro pai pra mim, até que de repente ele desapareceu. Sua ajuda continuava, mas já não era presente, gostaria de encontra-lo de novo.

Este homem me inspirou a ser melhor, lutar pelo que acredito e fazer o bem as pessoas, foi então que decidi seguir seus passos, e fazer pelos outros o mesmo que ele fez por mim. Não sei o que aquele homem viu em mim, com certeza ja tinha visto muito ao longo de sua carreira, porém ele me deu uma chance de recomeçar, me mostrou que apesar da dor era possível, e me deu o empurrão que eu precisava para ser quem eu nasci para ser.








Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora