Capítulo 36

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Lorena Salles




Meu coração está em pedaços, claro que estou feliz por estar com a minha filha, por ela estar bem e fora de perigo agora, mas nem mesmo se eu me esforçasse eu poderia ignorar esse aperto no peito que estou sentindo, é como se estivessem comprimindo meu coração até que ele se quebre em centenas de pedaços.

Meu coração dói e as lágrimas descem violentamente pelo meu rosto sem a minha autorização, meu corpo todo está dolorido, não tenho forças, a minha cabeça parece ter sido sacudida por horas.

Sinto que é uma sensação que nunca vai sumir, não vou saber viver com esse vazio, com essa lembrança, com esse sentimento de culpa, porque sim, foi tudo culpa minha. Se não fosse por mim ela não estaria lá agora, sofrendo na mão daquele filho da puta, eu me odeio tanto.

Começo a dar socos nos meus peitos com a mão fechada e de lado, o monitor ao meu lado começa a fazer alarde, não demora nem um minuto para três enfermeiras entrarem no quarto em que estou, duas me seguram cada uma de um lado e vão tentando me acalmar, como não obtiveram sucesso a terceira veio com uma seringa de agulha fina, longa e afiada, estava tão agitada que demorou alguns minutos até que fizesse efeito.


[...]


Quando acordei, já acordei agitada, procurando pela Manoella e por alguma chance disso tudo não ter passado de um delírio meu, quando abri meus olhos eles rodaram por todo o quarto, não havia ninguém, me levantei e saí do quarto, nem preciso dizer que mal passei da porta, maldita roupa ridícula de paciente, ainda por cima deixa minha bunda quase toda de fora.

Pela minha roupa facilmente me identificaram como paciente e vieram até mim.

- Senhora Salles! Não!

- Me soltem! Eu preciso ver minha filha!

- Se acalme senhora, por favor.

- Não vou ficar calma até ver minha filha, porra!

- Ela está aqui, aqui, sua filha está aqui! - uma enfermeira aparece no corredor com ela nos braços, corro ao encontro dela e pego minha filha de seus braços antes que a mulher consiga abrir a boca. - Está tudo bem, ela está dormindo, depois que a senhora ficou desacordada a febre dela aumentou muito, não conseguíamos controlar nem identificar o problema, principalmente pela senhora não deixar que tirássemos ela do seu lado, conseguimos fazer alguns exames nela, os resultados ainda não saíram mas de repente a febre dela foi sumindo e ela descansou, não abriu os olhos desde então.

Seguro a Manoella forte em meus braços, um choro descontrolado desce pelo meu rosto, estava entalado na minha garganta, mesmo que por poucos segundos a ideia de não ter a Manu ao meu lado agora é mais do que o meu pior pesadelo. Caio de joelhos no chão ainda com ela em meus braços, ninguém nos toca ou chega perto de mim e dela, apenas um silêncio absurdo exceto pelo meu choro, e agora, a voz da Lúcia.

- Filhas! - Ela sempre nos chama assim quando está emocionada ou sensível, de certa forma me sinto de fato filha dela e com certeza a Manoella não é diferente, a Lúcia está comigo desde a infância, foi ela quem me viu crescer e me tornar a mulher que sou hoje, com ela eu já sorri, chorei, tive momentos bons, tristes e estressantes. - Ainda bem que estão bem. - Diz se abaixando, ficando a nossa altura e nos envolvendo com seus braços enquanto chora de soluçar. - Eu tive tanto medo, ainda sinto um aperto no meu peito... Vocês são as coisas mais preciosas da minha vida! Eu amo tanto vocês, tanto, tanto. - Choro ainda mais, não sei se aguento tudo isso.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora