Capítulo 07

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Giovanna Veríssimo




Fui para o quarto correndo, precisava sair logo de casa para não chegar atrasada, vesti a primeira roupa que achei pela frente, mas quando me olhei no espelho vi aquela marca em meu pescoço, não posso deixar que vejam isso, aliás foi muita sorte a Luiza não ter visto quando servi o café. Tirei a roupa que tinha posto e procurei uma camisa de gola alta no armário, ela é preta e sem nenhuma estampa, suas mangas vão até os pulsos, coloquei uma jardineira jeans na cor bege por cima e um tênis branco no pé, todas essas coisas eram da Luiza. Por sorte minha tia Fátima nunca interferiu quando ela me doava as roupas, mas isso só porquê a minha prima Sandra nunca quis nada que fosse repassado, apenas coisas de marca, mas nunca usava se já estivessem ultrapassadas, mas gostava de ter para fingir que comprou quando estavam em alta, eu nunca liguei para nada disso então tudo para mim era muito bem vindo.

- Não vai tomar café? - Dou meia volta e me deparo com a Luiza recostada na porta com um copo de café nas mãos.

- Não posso, estou atrasada. - Falo prendendo o meu cabelo.

- E onde vai toda bonita assim?... Não me diga que finalmente arranjou um namorado. - Levou as mãos ao rosto como se estivesse espantada, mas logo fechou a cara. - Olha se for isso e você não me contou vou ficar muito chateada com você.

- Vou para uma entrevista de emprego, e não, eu não arrumei um namorado. Ainda que tivesse alguém, não teria cabeça para sair assim um dia depois de... - Não consegui falar, a dor no meu peito não permitia, acho que vou demorar um bom tempo para me recuperar da morte da mamãe. - Bom, você sabe.

- Sim, eu sei, desculpa pelo que eu disse.

- Não precisa pedir desculpas. - Pego minha bolsa, me aproximo dela e lhe dou um beijo na bochecha. - Preciso ir agora senão vou me atrasar.

- Boa sorte Gigi, vai dar tudo certo. - Falou enquanto eu me afastava indo em direção a porta.



[...]



Desci do metrô e fui atrás de informação sobre onde ficava esse tal condomínio residencial, primeiro pedi informação numa padaria grande e chique não muito longe da estação, lá me indicaram que era um dos condomínios de frente para a praia, que eu deveria andar pela orla, pois era mais movimentado e as pessoas de lá poderiam me indicar melhor o caminho. Agradeço a funcionária da padaria pela informação, antes de conseguir sair da padaria sinto meu braço ser puxado, me viro vendo ninguém menos que a própria, acreditam que ela está de pijama? Mas não me entendam mal, o pijama dela é melhor que todas as minhas roupas, tem até seu sobrenome bordado caprichosamente, consegue estar mais bem vestida que eu.

- Está perdida? - Dá um breve sorriso de canto e vou dizer para vocês, eu pensava que essa mulher não tinha dentes. - Espere um minuto, vou fazer o pedido.

- Bom dia senhora Salles, há quanto tempo, do que gostaria hoje? - o funcionário a atendeu cordialmente, me afastei dando espaço aos dois, não quero parecer intrometida.

- Vamos? - Ela vem até mim com algumas sacolas em suas mãos, aceno com a cabeça e saímos da padaria. - Por aqui. - Me guiou até seu carro, me ofereci para ajudar com as bolsas mas ela não aceitou.

Quando entramos no carro me sentei no banco de trás, ela me olhou pelo retrovisor e eu senti seu olhar me queimar mas dessa vez, mesmo querendo muito, não consegui desviar meu olhar, mas o contato visual só durou míseros segundos. O trajeto até o condomínio era extremamente curto, demorou mais quando já estávamos no condomínio indo até o bloco dela do que da padaria até aqui. Todo o percurso foi feito em silêncio, quando chegamos ela estacionou o carro mas não saiu, tentei abrir a porta mas ainda estava travada, no mesmo instante em que tento abrir a porta ela se vira para trás com um olhar que eu nem sei explicar, o medo que sinto dessa mulher é surreal.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora