Capítulo 42

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Lorena Salles



Eu simplesmente não estou aguentando essa dor insuportável, eu trocaria tudo para ter a chance de voltar atrás e mudar o que aconteceu, para ter ela aqui ainda que isso significasse que eu tivesse que ir em seu lugar. Jamais vou me perdoar pelo que houve, ela não merecia isso, e nada disso teria acontecido com ela se não fosse por mim, eu sou a culpada, foi tudo culpa minha.

Por mais que eu tente, não consigo tirá-la da minha cabeça por nenhum mísero segundo, como antes, minha mente e coração pertencem a ela, e pelo visto é assim que eles irão continuar daqui para a frente.

Minha mente chega a pregar algumas peças, consigo senti-la, vê-la ao meu lado, sentir o seu perfume quase como se estivesse a uma curta distância de mim.

Já se passaram três dias desde que chegamos a essa casa, nada de anormal aconteceu, esse lugar é insuportavelmente entediante, não há nada para fazer além de ficar triste e olhar para o rosto desses soldadinhos e para o mato. Isso tem aumentando ainda mais a dor que estou sentindo, o único motivo para ainda estar aqui é a minha pequena e preciosa Manu, ela tem estado bem esses dias que estamos aqui, estranhei já que parecia ter uma ligação forte com a Giovanna, imaginei que ficaria bem mal depois que tudo aconteceu, sem contar que sentiria saudades dela, mas não, não posso dizer que ela está bem, tenho notado ela um pouco diferente, apática em muitos momentos, mas nada que não fosse de se esperar com tudo isso que nos ocorreu.

Lúcia está completamente desolada, a vejo inúmeras vezes no dia chorando pelos cantos, ela tenta se manter forte na minha frente mas sei que sente tanta falta dela quanto eu, a amava tanto quanto uma filha. Não anda comendo, não tem mais o mesmo ânimo e força de antes, mas eu a entendo, estou sem comer desde que chegamos aqui, só olhar para os pratos já me deixa enjoada.

- Querida. - Lúcia se aproxima e se senta ao meu lado no jardim. - há algo que preciso te dizer.

- O que?

- Não olhe agora e não mexa muito os lábios, sabe que eles não desgrudam de nós e prestam atenção em tudo o que fazemos... - Isso está estranho. - Ouvi uma conversa estranha do Turner com alguém no telefone, e desde então não consigo tirar isso da minha cabeça.

- Sobre o que falavam?

- Eu não sei direito... mas, falavam como se ela estivesse aqui, como se estivesse viva.

- Ela?... Quer dizer, a Giovanna? Mas... não tem como, você sabe disso.

- Eu sei que parece loucura, mas você sabe que não podemos confiar em nada e nem em ninguém depois de tudo que aconteceu, e se ele tiver inventado a morte dela?

- Lúcia, acho que sua ficha ainda não caiu... também queria ela aqui e que estivesse viva, mas foi achado um corpo de uma mulher com todas as características dela no local.

- Você não sente? Não sente como se ainda fosse vê-la? O perfume dela tão presente que chega a ser palpável? Não sente como se ela estivesse por perto?

- Bom, sim mas...

- Então siga seus instintos. Preste atenção no que vou dizer, todos os dias no mesmo horário o Turner vai para a fora da casa com o celular falando ao telefone, pelo que parece, ele fala com a mesma pessoa, eu acredito que seja com a pessoa que está com a Giovanna agora. Quando for a hora vou distrair os homens dele junto com a Manu e você o segue, precisamos descobrir a verdade, algo me diz que estou certa.

- Quero muito acreditar nisso, mas, não quero me encher de falsas esperanças, já estou quebrada.

- Sei disso, também estou e não quero que fique assim, pensei muito antes de vir falar com você sobre isso, se estou aqui, é porquê de fato acredito e tenho motivos para acreditar que seja real, mas sei que só vai acreditar por si mesma... O que me diz. - Aceno com a cabeça positivamente, um fogo em meu peito queima me deixando ansiosa. - Está quase na hora, suba comigo, te darei um sinal para que você finja ir ao banheiro, quando todos estiverem distraídos comigo e com a Manu, siga-o.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora