Capítulo 17

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Giovanna Veríssimo




De todas as coisas que já passei na vida, nada, além da morte da minha mãe, me doeu tanto quanto o que essa mulher me fez, suas palavras, seu olhar, sua afeição exalando raiva e desprezo, suas insinuações, a vergonha que ela me fez passar e o fato de nem se quer me deixar falar. Mas dessa vez não fiquei calada, joguei sobre ela tudo que estava preso em meu peito e garganta, não foi fácil falar, ela é dessas que não escuta ninguém e quer que a palavra dela seja não a última, mas a única a ser ouvida, mas eu me fiz ser ouvida, não só por ela mas por todos do condomínio, não gosto desse tipo de coisa mas não tive escolha, não podia voltar para casa sem dar a resposta devida. Enquanto eu caminhava para longe daquela mulher senti um aperto no coração e uma tristeza me invadir, meu coração gritava que eu não deveria me afastar enquanto minha mente dizia o contrário, ouvir o choro da Manoella e ela chamando pelo meu nome quase me fez dar meia volta, mas do que adiantaria? A dona Lorena já deixou bem claro que não quer me ver nem pintada de ouro e depois do que fiz naquele condomínio ela jamais me permitiria se quer vê-la de longe. Apressei meus passos afim de parar de ouvir aquela vozinha fofa chamando "Gigi", com certeza vou morrer de saudades dessa pequena, acredito que essa tenha sido a primeira coisa que ela disse na vida, a mãe dela não deve estar nada feliz com isso, mas o que eu posso fazer?

Não deixei de chorar um mísero minuto se quer até em casa, assim que cheguei dei de cara com uma das pessoas que eu menos gostaria de ver tão cedo, minha tia Fátima estava na sala, varrendo o chão, sua cara não era das melhores, quando colocou seus olhos em mim senti toda sua raiva me queimar, mas antes que ela pudesse abrir a boca a Lu apareceu.

- Olha se não é ela. - Abre um sorriso e vem me abraçar, um abraço doce e caloroso, tudo o que eu precisava agora. - Estou sentindo a sua falta, a casa não é a mesma sem você... Mas... O que está fazendo aqui? Não deveria estar no trabalho? - Perguntou se afastando um pouco, abaixo a minha cabeça envergonhada, não por perder o trabalho mais por tudo que houve, respirei fundo e ergui minha cabeça.

- Não estou mais trabalhando, fui demitida. - Falo de uma vez, vejo minha tia parar o que estava fazendo e me olhar com desprezo.

- Mas como assim? O que houve? - A Lu pergunta toda preocupada, porém não quero falar sobre isso com ela agora, muito menos aqui, e como falar que fui demitida porquê o novo namorado da irmã dela me assediou e minha patroa pensou que eu estava com ele em horário de serviço? Essa história toda só fica pior.

- Não quero falar disso agora, por favor, só quero tomar um banho e ficar alguns minutos sozinha. - Passo por ela e pela minha tia e vou direto para o meu quarto pegar outra peça de roupa, saio do quarto em menos de dois minutos carregando minhas roupas em direção ao banheiro, porém sou puxada pelos cabelos por ninguém menos que a tia Fátima, ela os puxa com força e bate minha cabeça na parede.

- Sempre soube que você era uma inútil, que não servia para nada, mas mesmo assim me surpreendi. - Olho confusa para ela, seus olhos transbordam o ódio que sente. - Maldita, como pode ter sido demitida em tão pouco tempo e num trabalho tão simples? Nem cuidar de uma criança, que você tanto diz que gosta você serviu, perdeu a única chance de ajudar em casa, ajudar não, ressarcir as despesas que tenho com você nessa casa. - Ela segura em meu pescoço e me sufoca. - Escute bem o que vou lhe dizer agora, verme imundo, é bom arranjar um novo trabalho, depressa, mas enquanto isso. - segura em meu queixo com força, o apertando entre seu polegar e dedo indicador. - Aquela nossa regrinha continua em pé, vai fazer tudo por aqui, e continuar calada. - Empurra minha cabeça contra a parede me fazendo bater ela novamente, se vira e sai em direção a sala.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora