Lorena Salles
Já estava quase chegando na portaria quando lembro que esqueci o pen drive com todas as informações e design pronto de todas as coisas que eu alterei sobre o evento, não tive tempo de salvá-lo no computador e enviar para o notebook do escritório então preciso desse pen drive para a reunião de hoje, pior é que o Jorge me ligou e avisou que todos já estão na sala de reunião, somente a minha espera. Dei a volta com o carro e retornei, corri pois preciso ser rápida, peguei o elevador que por sorte acabou de chegar no térreo, apertei o botão do meu andar e graças a Deus ninguém mais o chamou. Quando o elevador chegou enfim ao meu andar meu corpo esquentou de raiva ao ver a Giovanna agarrada com aquele idiota, ela estava encostada na parede, o idiota do Alan a beijava, e só de ver dava para perceber o quanto ele beija mal. Até hoje não entendo como todas as minhas candidatas a babá e empregadas deram para esse cara, eu achei que com a Giovanna eu não teria esse problema, achei que fosse ser diferente, na verdade achei que ela fosse diferente mas pelo visto estava enganada, isso que dá acreditar nos outros.
O Alan é um babaca, mas fisicamente é bonito, é moreno dos olhos castanhos, alto e faz musculação, acredito que sua condição financeira também o ajuda a atrair algumas mulheres, as interesseiras principalmente, ele é filho de um milionário tão sujo quanto ele, dono de várias redes de hotéis. Não gostei nada de ver ela junto com ele, esse é o terceiro dia dela aqui e eu já a pego se agarrando com o meu vizinho em pleno horário de trabalho, e pelo amor de Deus, de todas as pessoas do mundo tinha que ser logo ele? Ele me odeia, isso tudo porquê deu em cima de mim e eu neguei, ele é daquele tipinho mimado que não sabe ouvir não de ninguém, me encheu por três dias seguidos, só parou quando eu disse que gostava de boceta e para provar a minha palavra transei com a irmã dele, fiz questão de levar ela embora na hora que ele costuma sair de casa, ele ficou vermelho de ódio assim como eu estou aqui agora, desde então todas as empregadas que já tive saem com ele, acho que é a forma dele de vingança, mas eu não ligo, nunca liguei, pelo menos até agora.
Eu esperava mais da Giovanna, não deveria, pois das pessoas se deve esperar tudo e ao mesmo tempo nada! Mas achei que ela poderia ser uma exceção, mas eu estava errada, isso pelo menos serviu para me mostrar que ninguém presta nessa porcaria de mundo, mas se eles pensam que vai ficar assim, estão enganados. Mesmo que eles fossem ter um caso, que fizessem isso em outra hora e em outro lugar, imagina depois os vizinhos falando que a minha empregada estava quase transando com ele aqui no corredor, aqui moram crianças, se fosse uma delas passando e vendo essa pouca vergonha? A verdade é que além de tudo isso e acima de todos os motivos que citei eu estou com raiva, raiva dele tocando nela desse jeito, raiva de ver seu corpo roçando no dela, de vê-lo beijar sua boca, aliás muito mal por sinal. Minha raiva só aumentou agora, o imbecil puxou a blusa dela e fez seu peito saltar, ele aperta com força, isso se nota, mas totalmente sem jeito, juro, esse cara é muito amador.
- Porra, gostosa. - Ouço ele falar entre o beijo, com a voz carregada de desejo, ele a ataca como se fosse um animal comendo carne, parece até que tomou uma pílula azul, ele a aperta com ainda mais força, limpo minha garganta mas ele está tão entretido que não nota e pelo visto ela também não já que nem se mexeu.
- Senhora Giovanna. - Minha voz sai firme, por mais que eu tente esconder a minha raiva meu tom sai carregado por ela, ele finalmente a solta, ela me olha surpresa e ao mesmo tempo com um sorriso discreto no rosto, minha vontade é de arrastar ela para fora pelos cabelos. - Eu gostaria se deixasse para namorar depois do expediente, deveria estar com a Manoella agora. - Ela tenta falar mas eu não permito. - Não precisa dizer nada, não tenho nada haver com a sua vida particular, ela não me diz respeito, só espero que dá próxima vocês evitem se engolir no corredor, ninguém merece ver isso, ainda mais um beijo tão feio e tão mal dado, há crianças aqui e outros morados, façam em outro lugar. - Do corredor é possível ouvir o choro e o grito da Manoella, ela se solta dele que até então a segurava pela cintura como se ela fosse propriedade dele e vai em direção ao meu apartamento mas eu não permito, estendo meu braço bloqueando a sua passagem, ela me olha confusa. - Era seu horário de trabalho e você estava aqui, agora já não precisa mais, nem agora nem depois, está demitida. - Seus olhos quase saltaram, ela segura em meu braço e me olha com o olhar de um cachorrinho perdido, mas pouco me importa, foi ela quem procurou por isso. - Me solte, preciso cuidar da minha filha, espere perto da portaria que antes de sair te entregarei o valor equivalente aos seus dois dias de trabalho e passagem, isso se é que você trabalhou mesmo, mas não me interessa, só quero me livrar de você para não olhar mais para a sua cara. - Ela tenta mais uma vez e eu a empurro, ela quase cai. - Já disse, sai daqui e não ouse pisar na minha casa.
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Uma babá para Manoella
RomanceGiovanna acabou de perder sua mãe para uma terrível doença, sem ter de onde tirar seu sustento e morando com a megera de sua tia e prima, que fizeram e fazem de tudo para tornar os dias dela tenebrosos, ela se vê encurralada e sem outra alternativa...