Capítulo 33

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Giovanna Veríssimo





Foi maravilhoso, é fora do comum o jeito que essa mulher me deixa, tudo com ela é tão bom, tudo é perfeito, ela parece sempre saber o que fazer. Por um instante consegui me distrair dessa tragédia que nos assola, mas também, todos os meus sentidos ficaram perturbados, eu não tinha controle sobre o meu corpo, cada fibra do meu ser parecia ser controlada por ela telepaticamente.

Depois de tudo ficamos um tempo sozinhas, foi tão bom quanto qualquer outra coisa, ela me faz bem, como eu jamais imaginei que aquela rabugenta que conheci faria, ela vinha se mostrado tão diferente nos últimos dias.

Tivemos uma tarde tão boa e agradável com a Manoella, chega ser difícil de acreditar que tudo isso está mesmo acontecendo, parece até coisa de filme, só espero que aconteça o mesmo que lá, que tudo dê certo no fim. De certa forma sinto isso, que no final tudo dará certo, mas por outro lado sinto que coisas ruins nos aguardam, é uma mistura estranha.

Nos arrumamos, demos um breve beijo e descemos as escadas, o policial pergunta se estamos prontas pois chegou a hora, ela fica pálida na hora, minhas pernas se enfraquecem e sei que as dela não estão diferentes, pego em sua mão e dou um tímido sorriso sem mostrar os dentes, acaricio sua mão com o polegar e ela respira fundo.

- Estou pronta. - Fala decidida, sorrio e ao mesmo tempo as lágrimas descem.

Fomos direto para o veículo onde os policiais já nos aguardavam, a dona Lorena também acabou contratando uma equipe particular para busca da menina e nossa segurança, eles estão indo junto conosco mas em carros separados.

- Vamos explicar a vocês, vocês terão que ir na frente sozinhas, ele não pode saber que estamos com vocês mas nós estaremos logo atrás escondidos, assim que a Manoella estiver a salvo com você. - Aponta pra mim. - Entraremos em ação e resgataremos a senhora Salles, entendido? - Confirmamos em uníssono.

Entramos no carro sozinhas, apenas nos duas, por um rádio no carro eles vão nos informando a rota a ser seguida para chegar até o ponto de encontro. O trajeto foi feito em silêncio, meu único pensamento era a Manoella e a dona Lorena, acredito que o dela também, seguimos até lá, nunca vim aqui, diz a Lorena que é uma estrada que perdeu o funcionamento já a muitos anos, olho para os lados e só vejo árvores altas e sinistras, péssimo lugar para se estar a uma hora dessas da noite.

Meu coração gela quando noto um carro escuro parado no meio do nada com um homem ao lado, não tem outra opção, só pode ser ele, nos aproximamos ainda no carro, ela para a alguns metros de distância dele. Olho para o lado vendo a dona Lorena com os olhos esbugalhados, pálida e dura feito uma pedra, entendo, afinal ela pensava que ele estava morto e de repente descobre que ele está vivo e com a sua filha como refém. Ponho a mão em sua coxa, aperto sem malícia alguma, apenas para que ela olhe para mim.

- Dona Lorena? - A chamo e ela parece estar fora de si. - Vamos conseguir.

Ela olha para mim, sua mão repousa sobre a minha, acena com a cabeça e abrimos a porta ao mesmo tempo, pego a maleta de dinheiro e saio, ela faz o mesmo. Caminhamos a passos lentos, dessa vez ela quem pega em minha mão, sinto ela suada e trêmula mas não a solto, ele sorri ao nos ver chegar.

- Bem na hora. - Fala olhando o relógio de pulso. - Já ganharam um ponto comigo.

- Sem conversas, cadê a minha filha? - Fala com autoridade.

- Calminha Lorena, ela está bem ali atrás. - Ele vai até a porta de trás, abre e pega ela no colo. - Está vendo? Sem nenhum arranhão.

- É bom mesmo seu desgraçado.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora