Capítulo 41

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Victoria








Lá estava ela, a mulher por quem me apaixonei se despindo diante dos meus olhos, claro que já a vi nua durante o período que fiz seus cuidados mas agora era diferente, ela achava que eu era dela, e Deus sabe o quanto eu realmente gostaria que fosse, mas eu não posso, ela não merece isso.

- Gi, vá na frente, tome seu banho enquanto eu faço uma ligação, depois nós sentamos e conversamos, pode ser? - Ela me olha confusa mas confirma com a cabeça, se levanta indo até o banheiro e admiro seus belos passos até que ela suma da minha vista.

Desço as escadas e vou andando e tropeçando pela casa esperando pelo milagre de conseguir algum sinal nesse fim de mundo, vou até o quintal e nada, vou andando pela rua feito uma doida, ainda bem que não há vizinhos aqui para me ver assim.

- Isso! - Ouço uma voz familiar pela rua, me viro e me deparo com ele provavelmente procurando por um sinal assim como eu, como a vida é engraçada, não?

- Turner! - O chamo e ele se vira para mim, corre em minha direção e me olha dos pés a cabeça.

- Você está bem? Está viva? - Fala segurando meus braços.

- Não, assim como nossos vizinhos, sou um fantasma.

- É, esta viva e muito bem né, já está até ignorante como sempre.

- Deixa de ser mole... O que houve? O que está fazendo aqui? Atacaram vocês?

- Não, vim visitar você nesse cemitério que virou esse bairro. - Faço menção de socar ele e ele se encolhe. - Tá bom, calma ai... Atacaram a casa da Salles, só ai a teimosa resolveu aceitar a minha ajuda, tínhamos pouco tempo, alguns caras foram mortos, aqui era o melhor lugar para trazê-la, ao menos por um tempo... Pode levar suas coisas para lá, tem um quarto para você, assim não fica sozinha.

- Quem disse que estou sozinha animal? - Me olha confuso. - No telefone não me deixou terminar e não me ouviu, a Giovanna não está morta como pensa, ela está aqui em casa, por isso vim para cá, por ela. - Ele me olha espantado, parece aliviado mas ao mesmo tempo nervoso. - Ela parece bem, porém o brutamontes que invadiu sua casa a acertou com um golpe que fez cair da escada e bater a cabeça, ela não se lembra de quase nada, não consegui avaliar ela o suficiente e nem vou sem alguns exames que são impossíveis de reproduzir em casa, ainda mais aqui no meio do mato. Não sei se esse lapso de perda de memória é temporário e se for quanto tempo irá durar.

- Do que ela se lembra?

- Pelo que entendi só dos últimos dias, acha que somos um casal porquê vivemos juntas, dormimos juntas, por tudo que fazemos... enfim.

- Bem que você queria que fosse. - Fala rindo. - Mas e o que você disse para ela?

- Não disse nada, só que depois do banho iriamos conversar.

- Pretende contar para ela? Ou vai viver seu sonho um pouquinho?

- Está maluco cara? Não posso fazer isso com ela, ela não merece ser enganada assim, eu seria uma pessoa horrível, jamais me perdoaria.

- Não precisa enganar ela, só não dizer toda verdade. - O olho confusa. - Sabe? Não precisa dizer que são um casal mas também não precisa dizer que não são.

- Não entendi seu raciocínio não.

- Bom, nós já passamos por muita coisa, e eu não sei você, mas eu daria tudo para apagar o que já passou da minha mente e começar de novo sem toda aquela perturbação. - É, se pudesse também apagaria o meu passado, penso comigo mesma. - Agora imagine ela, tão pura, tão ingênua, tão frágil, passou e suportou coisas que nós nem se quer imaginamos, não acha que seria melhor para ela? Viver sem esse fantasma do passado? Não se lembrar de todo esse pesadelo? Você mesma disse que não sabe se é definitivo ou temporário, e quanto tempo isso pode durar, se ela se recordar não há nada que possamos fazer além de ajudá-la como já temos feito, mas se não lembrar ela terá a chance de começar do zero sem toda essa escuridão manchando sua história.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora