Lorena SallesAproveitei que a Manoella dormia e fui esticar as pernas, tanto tempo que não faço isso, cansada de só caminhar dentro do condomínio, em São Paulo além das pessoas me parando a todo momento para tirar foto era extremamente perigoso, sempre tinha que sair acompanhada de seguranças. Aqui no Rio não é tão diferente, mas ainda consegue ser um pouco mais tranquilo, sem contar que ainda não comuniquei ao público sobre a minha mudança, mas de hoje sei que não passa, as coisas se espalham rápido demais. Aproveitei para ir numa padaria próxima do condomínio que eu adoro, ia andando porque não é tão longe, mas já vi alguns jornalistas na entrada do condomínio, sem contar que o meu bloco é o mais afastado, demoraria muito só para sair do condomínio, então achei melhor pegar o carro e sair, tive que comprar um novo, o outro todos já conheciam. Chegando na padaria já avisto ela logo de cara, está linda e como de costume com um sorriso estampado no rosto enquanto fala com o funcionário da padaria, me aproximo sem que ela veja e tento escutar o que falam, ela parece animadinha demais conversando com o rapaz, já ele a encara sem pudor nenhum, vontade de quebrar os dentes dele, não por ela, mas porquê ele deveria ser mais respeitoso com as clientes e qualquer outra pessoa. Ouvindo a conversa vejo que não falavam nada demais, ela estava só pedindo informação, e pelo que vejo dela acho que não percebeu as segundas intenções dele. Antes que ela saia a seguro pelo braço, sinto meu corpo estremecer quando ela se vira e me olha mas mantenho a postura como se nada tivesse acontecido.
- Está perdida? - Dei um breve sorriso discreto vendo a afeição dela - Espere um minuto, vou fazer o pedido.
- Bom dia senhora Salles, há quanto tempo, do que gostaria hoje? - o mesmo funcionário me atendeu, ela logo se afastou nos dando espaço.
- Primeiro eu quero que você tire os olhos dela. - Falei baixo para que só ele escutasse. - Se a olhar assim de novo pode ter certeza que vai ser a última coisa que você vai ver na vida. - O homem ficou branco. - E segundo, vou querer o de sempre, e rápido, estou com pressa. - Ele saiu dali na mesma hora e foi preparar tudo, não demorou já estava de volta com tudo o que pedi. - Espero que tenha entendido. - Me afasto dele sem olhar para trás.
- Vamos? - Vou até ela com algumas sacolas em mãos, saímos da padaria e a levei até o meu carro. - Por aqui.
Quando entramos no carro ela se sentou no banco de trás, a olhei pelo retrovisor querendo entender, dessa vez ela não desviou o olhar, mas ele era de nervoso e medo, desviei não querendo espantar a menina. Todo o percurso foi feito em silêncio, eu queria entender qual o motivo dela agir assim quando está comigo, por que ela tem medo? Quando chegamos não me aguentei, estacionei o carro mas não sai, ela tentou abrir a porta mas eu não destravei, no mesmo instante me viro para trás e tento ver o que seu corpo me diz, seus olhos revelam o medo e o nervoso, seu corpo inteiro treme no lugar.
- Por que se sentou no banco de trás?... Diga, por acaso tem medo de mim?
- Sim. - Sua voz quase não sai, depois disso se encolheu no canto do carro, só pode ser brincadeira.
- Não precisa ter medo. - Falo rindo. - O que acha que eu poderia fazer com você? - Seu corpo tremeu mais ainda, sua mente parece ter a levado para outro lugar por um instante, vejo ela juntar as pernas com força e agarrar sua bolsa a apertando, a olho dos pés a cabeça mordendo o canto da boca. - Vamos subir. - Disse me virando para a frente e destravando as portas no painel do carro, saímos e entramos no bloco, ela deu bom dia para o porteiro que a olhou surpreso, nem conseguiu responder tamanho era o espanto, já eu passou direto como sempre. Entramos no elevador e estávamos sozinhas, entramos no meu apartamento ela está deslumbrada com tudo. - Se importa se eu tomar café antes da nossa reunião? - Pergunto com a minha barriga já roncando, antes passava o dia inteiro sem comer, mas depois que tive a Manoella faço todas as refeições.
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Uma babá para Manoella
RomanceGiovanna acabou de perder sua mãe para uma terrível doença, sem ter de onde tirar seu sustento e morando com a megera de sua tia e prima, que fizeram e fazem de tudo para tornar os dias dela tenebrosos, ela se vê encurralada e sem outra alternativa...