Capítulo 19

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Giovanna Veríssimo




Sai de lá e fui para a casa caminhando mesmo, ia demorar um bom tempo já que o café é afastado mas eu não tinha opção, vim de carro com a Luiza e nem mesmo trouxe o celular para pedir um carro por aplicativo ou dinheiro para pegar um ônibus. Já estava caminhando a mais de meia hora quando o carro da Lu vem em baixa velocidade se aproximando de mim, ela abre o vidro e me manda entrar no carro, penso em não entrar, estou com raiva dela mesmo sem saber porquê, mas seria burrice da minha parte recusar, mesmo que não voltasse para casa com ela nós vamos nos ver quando chegar lá. Abro a porta de trás e me sento, não quero ir ao lado dela, fecho a porta mas ela permanece parada, olho pelo espelho e vejo que ela está segurando a risada.

- Posso saber o que é tão engraçado? - Pergunto de braços cruzados e é ai que ela não se aguenta e cai na risada, fico ali esperando ela terminar sem achar a menor graça. - Deve ter sido algo muito cômico para estar rindo assim, pelo visto a conversa com a dona Lorena foi boa. - A risada continua, só que agora ela ri alto, faço menção de sair do carro mas as portas estão travadas. - Abre, eu quero sair... anda Luiza, eu quero sair.

- Gi. - Fala limpando as lágrimas dos olhos, pois a mulher riu tanto que chegou a chorar. - Senta aqui na frente, precisamos conversar. - Nego com a cabeça. - Vem logo Gi. - Olho para a paisagem pela janela fingindo que nem ouvi nada. - Não vou abrir, nem sair daqui até a gente conversar. - Tento me manter firme quanto a minha decisão mas sei que ela não vai ceder, vou para o banco da frente e me sento ao seu lado mas não olho para ela, mantenho minha visão na estrada mesmo que estejamos paradas. - Gi? - Não a respondo nem a olho. - Gigi para com isso. - Põe a mão em meu braço e sacode tentando chamar minha atenção, fecho os olhos e a ignoro. - Giovanna Veríssimo. - A olho, só houve uma vez em que ela me chamou pelo nome e isso não é nada bom, me viro para ela, afinal que escolha eu tenho mesmo? - Nossa como você é teimosa e rabugenta quando está com ciúmes em. - Fala revirando os olhos, bufo na hora.

- Eu com ciúmes? Você só pode ter ficado doida! De que eu teria ciúmes?

- Da loirona né, ou melhor, "dona Lorena" - Imitou meu jeito de falar, faço careta com o que ela diz.

- Você só pode ter batido a cabeça, onde já se viu, eu com ciúmes da don... - Me corrijo na mesma hora. - dela. Eu nem mesmo gosto de mulher e se gostasse com certeza não seria uma mulher como ela, tão mal educada, ignorante, bruta, seca, que não sabe ouvir, soberba... Ela é o oposto de tudo o que eu admiro nas pessoas, jamais gostaria de alguém como ela.

- Ai Gi, você é tão inocente. - Acaricia minha bochecha enquanto fala. - Você não percebeu ainda? - Olho para ela confusa. - Sei que você nunca namorou, nunca esteve com alguém, nunca nem beijou ou sentiu algo por qualquer pessoa, mas será que você não consegue ver que você está caidinha por ela? Não diria apaixonada, mas ela conseguiu despertar interesse em você, e pelo que eu vi você fez o mesmo nela.

- Não, não pode ser isso, você está vendo coisas. - Me recuso a acreditar nisso, já disse, não gosto de mulheres e mesmo se gostasse com certeza não seria alguém como a dona Lorena.

- Ai prima, você não reparou que olha para ela diferente? Não sente algo diferente quando ela está por perto? Não se deu conta ainda que você morreu de ciúmes só de me ver indo falar com ela? - Cruzo os braços e bufo de raiva só de lembrar delas duas e todo aquele grude, mas isso não é ciúme, eu apenas não gostei, ela pega em minha mão e me faz olhar em seu rosto novamente. - O que você sentiu quando a beijou? - Sinto um arrepio pelo corpo só de reviver esse momento em minha mente, minhas bochechas devem estar coradas agora. - Diga Gi, vamos descobrir o que você sente por ela afinal. - Passa os dedos em meus olhos fechando eles. - Não pense no que responder, apenas lembre do que houve no banheiro e me diga o que sente, vou fingir que sou sua médica e darei o seu diagnóstico no fim da consulta. - Abro os olhos e me seguro para não rir, as vezes a Lu fala cada besteira, parece doida, até me esqueci da raiva que estava sentindo dela. - Ou, fecha os olhos. - Fecho e respiro fundo, isso é tão engraçado, estou fazendo um grande esforço para não rir de toda essa situação, a Lu pelo contrário está toda séria. - Agora vamos, me diga como começou.

Uma babá para ManoellaOnde histórias criam vida. Descubra agora