Giovanna Veríssimo
Quando a dona Lorena retornou já eram 22H da noite, decidimos deixar a conversa para a manhã do dia seguinte, sendo assim ela pegou o celular e tentou chamar um carro por aplicativo mas nenhum motorista aceitava a corrida, tentei pelo meu também e nada, nisso se passou uma hora. Eu já estava ficando aflita, estava cansada, precisava ir para a casa, a Lu está super preocupada comigo, também está tentando chamar um motorista para mim pelo celular dela mas nada.
- Bom, você pode dormir por aqui essa noite, te empresto uma roupa para poder dormir e para passar o dia amanhã, isso ou eu posso te levar para casa, só vou precisar de um café antes. - A dona Lorena sugere, sinceramente nenhuma das opções me agrada muito, ela está visivelmente exausta, não quero fazer com que ela tenha que me levar até a minha casa, é muito longe e não vai ser uma viagem rápida, sem contar que mesmo de carro não é nada seguro, até mesmo pelo cansaço dela, imagina voltar do lugar de onde eu moro até aqui ainda mais tarde da noite? É uma péssima opção. Mas ficar e dormir aqui também não fica muito atrás, nunca dormi fora de casa nesses vinte e sete anos, não quero dar trabalho para ela nem para a dona Lúcia, além do mais esse apartamento em que estamos é provisório então tem apenas três quartos, o da dona Lorena, da Manoella e da dona Lúcia e não tem como eu ficar em nenhum deles. O quarto da Manoella tem muitos movéis e brinquedos, não tem espaço nem para que eu forre e deite no chão, o quarto da dona Lucia é o menor de todo, e quase todo o espaço já foi preenchido pelas suas coisas, também não tenho como dormir com ela, o quarto da dona Lorena é o maior obviamente, tem uma cama de casal imensa e a olhar pelo espaço certamente teria como dormir com ela, mas sei que se tentasse isso não ia acontecer, o medo que sinto dessa mulher não me permitiria dormir, mas tem o motivo principal, pelo pouco que sei dela, não vai gostar nada de ter alguém em seu quarto, dona Lúcia contou que até ela não tem muita autoridade sobre o quarto, a sala é grande mas cheia de decorações espalhadas sem contar algumas caixas da mudança, o sofá é de poucos lugares, com certeza acordaria mais torta que o "s" da sádia. - E então? O que me diz? - Sinceramente não sei o que responder, de qualquer forma vou atrapalhar elas e isso é tudo o que eu menos quero.
- Não precisa se incomodar, vou para a casa de transporte.
- De jeito nenhum! - Dona Lúcia surge do nada, cheguei a me assustar, a mulher parecia até que estava só ouvindo a conversa escondida. - Vai dormir aqui essa noite, vou dar um jeito, só preciso de alguns minutos.
- Não, não precisa, eu não quero dar trabalho para vocês.
- Pode ficar no meu quarto. - A dona Lorena fala, eu e dona Lúcia olhamos para ela de imediato com surpresa. - Bom, é o único cômodo do apartamento que tem espaço.
- Perfeito! - Dona lúcia chega dar um pulinho no lugar de tanto entusiasmo. - Vou providenciar tudo para você poder dormir bem confortável. - Ela diz e se retira deixando nós duas sozinhas.
Eu estou completamente desconfortável com tudo isso, ficar perto dessa mulher me deixa assim, estranha, o jeito que ela me olha faz com que eu sinta uma sensação esquisita no estômago, que minhas mãos fiquem suadas, que eu esqueça coisas básicas como manter o ritmo normal da minha respiração. O pior é que ela esta fazendo isso agora, me olhando como se pudesse ver além do que está a sua frente, como se pudesse ler as entrelinhas do meu interior, sinto meu coração acelerar e minhas mãos ficarem pegajosas, ela tem esse dom de me deixar nervosa sem fazer nada, porquê é isso que ela está fazendo, nada, ela apenas está a minha frente ainda com a roupa que chegou, está vestida com uma saía de couro marrom que cobre só metade das suas coxas e é colada ao corpo, um cinto prata fino de correntes com as pontas penduradas do lado esquerdo, uma blusa sem mangas na cor branca, está descalça mas suas sandálias estão ao seu lado me indicando que ela as tirou ali mesmo, seu cabelo está solto e jogado para o lado, a mulher está linda, ficaria melhor se não estivesse sempre com essa cara fechada e me olhando com esse olhar capaz de matar qualquer um do coração. Suas pernas estão cruzadas e suas costas recostadas na poltrona, seus braços estão jogados como se ela estivesse largada, isso tudo somado a sua afeição e seu olhar dão a ela um ar de bad girl.
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Uma babá para Manoella
RomanceGiovanna acabou de perder sua mãe para uma terrível doença, sem ter de onde tirar seu sustento e morando com a megera de sua tia e prima, que fizeram e fazem de tudo para tornar os dias dela tenebrosos, ela se vê encurralada e sem outra alternativa...