Uma babá para Manoella

Capítulo 35

Lorena Salles

Eu não podia acreditar, como pude ser tão burra? Deveria ter planejado isso melhor, ter escolhido melhor as pessoas, não ter confiado cegamente e principalmente não ter achado que isso seria tão simples de ser solucionado.

Agora eu mal consigo sentir as minhas pernas, quando ele disse que seus aliados estavam atrás de nós e vi todos os que eu pensava ter do meu lado, foi como se o meu mundo tivesse sido destruído, aquilo era a confirmação de que eu estava derrotada.

Tudo que se passa na minha cabeça para explicar tantas coisas ruins é simplesmente que eu devo estar pagando pelos meus pecados hoje, eu só queria que a Giovanna e a Manoella não estivessem aqui, elas não merecem passar por nada disso, eu faria qualquer coisa para tirá-las desse lugar.

- Podem levar as três, preciso resolver algumas coisinhas antes, cuidem muito bem das minhas meninas em. - Ele fala aos policiais, se aproxima de mim e me toma um beijo, o empurro e cuspo nele, homem nojento, vou matar esse desgraçado custe o que custar. - Você sempre preferiu as coisas mais complicadas não é? Pois se é assim... - Pega no braço da Giovanna com força e o aperta. - A babázinha vem comigo, mas não se preocupe, sei que ela vai gostar muito, e você não fique com ciúmes viu? Tenho o suficiente para as duas. - Sorri e sai arrastando ela até o carro onde a joga no banco de trás, grito por ela que faz o mesmo chamando por mim, os policiais me colocam para dentro da viatura junto com a Manu, seguimos em direções opostas, e é aí que as coisas só pioram, ter ela fora do meu campo de visão só me faz imaginar as terríveis coisas que ela pode estar passando, ela está lá, sozinha com aquele desgraçado, vulnerável e indefesa, não vou aguentar isso.

Olho pelo vidro da janela pensando sobre o que farei para sair daqui e tirar elas das mãos desse ser asqueroso, no entanto não vejo saídas, como fugir correndo com uma criança de colo? Para onde eu correria se aqui não há nada além de árvores e matas altas, não há nada nem ninguém para que eu possa recorrer. Mas se for para escolher entre viver nas mãos dele sob as suas vontades ou morrer, não há o que se pensar, descansarei tranquila.

Esse não é o destino que nenhuma mãe deseja para o seu filho, mas não posso permitir que ela sofra nas mãos dele, ela é filha dele, o sangue corre em suas veias porém sei que ele não pouparia nem mesmo ela. Eu sonhava em ver a Manoella crescer, fazer amigos, ir para a escola, se formar, encontrar alguém... ter uma vida plena, feliz e longa. Mas infelizmente não parece ser isso que a vida tem em mente.

Se for para morrer, que seja, mas não permitirei que minha menina sofra nas mãos desse canalha.
Andamos por alguns minutos mas para mim parecia uma eternidade, depois de um certo tempo entramos numa estrada de terra, a mata havia diminuído assim como as árvores, a Manoella está em meu colo e há dois seguranças um em cada lado, de repente a Manoella começa a chorar, olho pra ela e seu rosto está vermelho como um tomate, ponho aos mãos sobre ela delicadamente e ela está pegando fogo.

- A minha filha, por favor, chamem um médico! - Falo desesperada mas eles não me dão atenção, a Manoella continua piorando, começo a tremer quando ela simplesmente fecha seus olhos e não responde mais aos meus chamados. - MANU! Manu, filha, por favor não faz isso comigo. - Já me sinto mole, não tenho mais forças.

O que me mantinha em pé era ter que lutar pela minha filha, pela segurança e o bem estar dela, se ela se for eu simplesmente não tenho mais motivos nem força para continuar vivendo, sinto que uma parte de mim está sendo arrancada agora sem direito a anestesia e com muita brutalidade. Não sinto nem vejo mais nada depois que sua mãozinha cai sem forças sobre seu corpinho e ela já não se mexe.