capítulo 3

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Parto em rumo a saída, buscando algo para fazer na minha pausa para o almoço. Entro numa livraria, buscando novos livros, as quais não tenha lido, passo os olhos pelas estantes, paro quando um título me chama a atenção. O pego, lendo sobre do que se trata, decido levar ele comigo. Pela sinopse, fala sobre uma sonhadora, que não é feliz pela vida que tem, rica, porém infeliz, seu pai a obriga a se casar com um lorde de terras distantes, com o intuito de gerar herdeiros poderosos e alianças com outras terras. Mal sabe ela que o tal o duque, é o garoto em que ela era apaixonada na infância.
Volto para padaria, guardo o livro na bolsa e tiro outra fornada de pães do forno, desenformo e os coloco na cesta, preparo a massa do rocambole, ponho na forma e encaminho para o forno. Livre de tarefas por enquanto, resolvo começar a leitura do novo livro que adquiri. O som do alarme indicando que o rocambole está pronto, me tira da concentração. Visto as luvas e o tiro do forno.
- Celene, se estiver tudo terminado pode ir embora. - Gerard, o dono da padaria surge pela cortina que separa o fundo e a frente da loja. Ele é um senhor que está na casa de seus secenta anos, ainda muito ativo fisicamente, mas com certas limitações, possui olhos azuis acinzentados, cabelo rente a cabeça loiro grisalho, e pele pálida, mas não como a de um doente, deve ter um metro e setenta. Apesar da idade, ele é um senhor muito bem conservado e aposto que deu trabalho para esposa quando mais novo, fui contratada para o auxiliar na padaria, entretanto, vendo que a sua querida loja estava em boas mãos, decidiu meio que se ausentar e deixar parcialmente as coisas em minha direção. Claro que ele volta e meia aparece para ver como estão as coisas e me ajudar caso eu precise.
- Só falta esse. - Me refiro ao doce em minhas mãos.
- Pode deixar isso aí e ir. - Para do meu lado, coloca uma luva e pega a forma de minhas mãos antes que pudesse protestar.
- Mas...
- Anda menina! Estou com saudades da minha padaria, quero fazer algo. - Apesar de poder não fazer nada e só desfrutar de sua vida tranquila, sem se preocupar com falta de dinheiro, ele insistia em não ficar parado.
- Tem certeza? Não quer ajuda? - Pergunto mesmo sabendo que ele é plenamente capaz de fazer o que quisesse.
- Sim garota, agora vai, anda, vai fazer o que os jovens fazem, namorar, cavalgar e mais o que. - Me enxota com as mãos, como se espantasse moscas.
- Sabe que não disponho de um namorado Gerad.
- Mas deveria, não sabe o que está perdendo, uma jovem da sua idade não deveria ficar sozinha menina. - Antes que eu pudesse rebater, falando que não preciso de tal coisa, ele interrompe. - E antes de falar que não precisa de ninguém, isso é mentira e sabe disso. Sei que sonha com um amor, fiel, verdadeiro, companheiro, em que possa se doar por inteiro e não receber nada menos que isso, onde ele sempre esteja do seu lado, a amando, apoiando, confiando em você independente do que aconteça e a respeitando sempre. Porque você Celene é uma mulher única e espetacular e merece alguém tão especial quanto você. E também sei que você vai encontrar, ou ele vai te encontrar. Afinal, está escrito nas estrelas. - Não impenço uma lágrima de cair, esse senhor desde o momento que eu o conheci, virou uma das pessoas mais especiais e importantes para mim. Ele me ajudou desde o início, lembro de uma vez em que minha mãe ficou doente e não pode trabalhar, tive que me ausentar também da padaria para cuidar dela, Gerard procurando saber o que tinha acontecido foi até nossa casa, viu o motivo e nos ajudou com uma quantia de dinheiro para comprarmos os remédios para ela, disse que não precisava me incomodar com a loja que ele assumiria os afazeres. Nunca conheci meu pai, mas, a partir do momento em que conheci o Gerard e depois de tudo que fez por mim, comecei a ver nele uma figura paterna.
- Obrigada por tudo. - O abraço.
- De nada garota. - Dá uma batidinha nas minhas costas. - Agora vá.
- Estou indo, até amanhã! - Me despeço.
- Até.

Entro dentro de casa, me jogo no sofá e coloco os pés em cima da mesa de centro. Logos depois minha mãe surge pela porta, repetindo minhas ações.
- Como foi seu dia? - Pergunto com a cabeça deitada no encosto do sofá e com os olhos fechados.
- Bom! Atendi bastante clientes hoje, acho que logo seremos agraciadas com um baile na aldeia! - Diz, repleta de animação na voz.
- Por que? - Indago, tentando achar um motivo para que teríamos um baile, ainda mais nas condições precárias que se encontram alguns moradores do vilarejo. Tantas pessoas passando por dificuldades e os endinheirados gastando com futilidades.
- Segundo minhas clientes, o filho do duque Dante, está em busca de uma moça para desposar. E todas as moças dessa região serão convidadas. - Percebendo que eu não falaria nada, continua: - Não é incrível? Já pensou? Ser a escolhida? - Solta um suspiro esperançoso, sonhando com o dia em que não precisaria mais se preocupar em correr atrás das coisas, sem batalhar e apenas aproveitar a vida repleta de luxos e riquezas.
- E ter o resto da vida condenada a escravidão? Não obrigada. - levanto do sofá, pronta para ir até a cozinha.
- Precisa saber o que fazer com sua vida, construir uma família, casar, ter uma base sólida para se manter, e que melhor jeito do que se casando com um nobre? Não estarei aqui para sempre. - Eu sei disso, e mesmo assim essa constatação me assusta, não gosto de pensar nisso e evito sempre. Por isso, quando esse fato é jogado em meu colo, simplesmente desabo.
- Vou alcançar uma base sólida como você diz, mas, não será me casando ou construindo uma família. - Gesticulo com as mãos enquanto falo. - Vou conseguir por mérito próprio, sem ajuda de ninguém. Não preciso de homen algum para nada. Assim como a senhora não precisou.
- Está enganada. - Fala com convicção. - Eu não tive ajuda, não significa que não precisei. Fiz um ótimo trabalho na sua criação,mas, obtive de grandes desafios e sacrifícios. Coisas que seriam muito mais fáceis caso possuísse um companheiro. - É de meu conhecimento que, mesmo sendo feliz sem ninguém, romanticamente falando, minha mãe sempre quis ter um companheiro, alguém para apoia-lá, ama-lá e dividir momentos preciosos em sua vida. Ela mais do que ninguém, merece tudo
de bom desse mundo.

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