capítulo 22

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   *Sem revisão, boa            leitura 💜💜💜

Tento abrir os olhos com dificuldade, a claridade os incomodando, forço mais uma vez, conseguindo. Estou em meu quarto, com uma sensação ruim no peito, o bernese enroscado comigo, dormindo, memórias da madrugada começam a surgir. A dor desperta um segundo depois quando tento sentar, sinto um tecido em volta da minha cabeça, a enfaixando. Evito me mexer muito pela dor, tanto na cabeça quanto na coluna, me encosto no travesseiro soltando um suspiro pelo desconforto causado pelo movimento. Movo meus olhos para porta do quarto, encontrando minha mãe parada no batente me observando de braços cruzados, seu rosto carregado de preocupação.

- Como está se sentindo?

- Com um pouco de dor. -  Falo com minha garganta seca. - O que houve?

- Uma parte do teto da sala despencou,  acertando em você. - O colchão afunda quando ela senta perto de mim, oferece o copo cheio de água, pego, tomando tudo rapidamente.

- Como ficou a sala? - Indago receosa, uma árvore já tinha caido na cozinha e fez um estrago considerável, mais uma caindo na sala, tenho medo da resposta. Como ficaremos aqui assim? Como resolveremos? Tenho umas economias guardadas, mas, não é o bastante.

- Quase todo o teto desabou, felizmente o quarto não foi atingido, mas, o restante da casa foi. A sala está cheia de destroços, assim como a cozinha, levará bastante dias para arrumarmos tudo e conseguirmos concertar o telhado. - mumura desanimada e com aparência cansada, abatida. Antes que eu pudesse perguntar o que faríamos, uma cabeleira ruiva passa pela porta.

- Você nos assustou Celene. - Vassa diz como  cumprimento, logo atrás dela surge o outro ruivo. - Como se sente? - Trilha todo meu corpo com os olhos, caçando mais algum machucado além do da cabeça.

- Na medida do possível. - Tento dá de ombros, porém a dor me faz travar.

- É como dizem, coisa ruim não quebra. - Lucien que continua no batente da porta fala com humor na voz.

- Sorte sua que eu não consigo levantar daqui. - Espreito meus olhos na sua direção, ele apenas sorri de lado, nem um pouco afetado com a minha ameaça ridícula.

- Bom, eu vou pegar os remédios que o doutor prescreveu. - A loira mais velha levanta, passa a mão pelo vestido desamassando-o.

- Eu acompanho você.

- Não precisa se preocupar. - Fala olhando para Vassa.

- Eu insisto, aliás, qualquer coisa que vocês precisarem, me informem. - Intercala os olhares entre minha mãe e eu, tento abrir a boca, assim como a mais velha para protestar, mas Vassa levanta a mão impedindo. - Quero ajudar vocês no que puder, inclusive, gostaria que ficassem em nossa casa enquanto  a de vocês não fica pronta.

- Vassa...

- Aceitamos, muito obrigada. - Dona Sierra me Interrompe, sorrindo para a ruiva.

- Não precisa agradecer, vocês são importantes para mim e fico feliz em ajudar.

- Bom, vamos indo então? - Vassa acena concordando, minha mãe se inclina em minha direção e deixa um selar em meus cabelos. - Não demoro. - Antes de se erguer, ela cola a sua boca no meu ouvido, e fala: - Ele é ainda mais bonito de perto. - Fecho os olhos tentando aliviar a vergonha, não preciso olhar para o Lucien para saber que ele ouviu e que os lábios dele agora estapam um sorriso presunçoso, pronto, agora ele vai ficar ainda mais convencido.

- Não vai com elas? - Pergunto olhando para o macho.

- Não. Alguém precisa ficar de olho na moribunda. - Desencosta do batente, se aproximando da cama.

- Caolho idiota. - Bufo, ele sorri preguiçoso.

- Sabe, os humanos já possuiram mais respeito por nós feéricos. - Ergo uma sombrancelha.

- Não sabia que ódio era respeito. - Digo descrente, ele se não deixa abalar.

- Antes de sermos odiados, fomos respeitados.

- Claro, na época em que vocês usavam os humanos como escravos? Há um grande abismo entre ser temido e ser respeitado - Digo com acidez escapando da minha boca.

  Ele cruza os braços, os músculos se destacando na camisa de manga cumprida na cor marfim, tão justa que aparenta que vai rasgar.

- Sempre fui contra a escravidão, nunca achei certo. Na época em que os feéricos faziam isso eu era pequeno, tenho poucas lembranças sobre isso, quase nada, para dizer a verdade. - Senta na cama ao meu lado, o peludo que antes estava dormindo abre a boca bocejando, sai do meu pescoço e vai até Lucien, buscando um afago na orelha.

- Olá bolinha de pelos, sua dona está te dando muito trabalho? - O cachorro abana o rabo agitado e solta um latido agudo, quase que confirmando.

- Que traidorzinho, sou eu quem te alimento. - Finjo estar ofendida, ele late de novo debochando de mim, estico minha mão para o agarrar e balanço ele o derrubando na cama, faço carinho na barriga fofinha.

- Tudo bem por você, nós duas ficarmos um tempo na casa de vocês? Afinal, não é só Vassa que mora lá. - Mordo o lábio inferior. Ele encosta as costa no travesseiro, estica as pernas, sem os sapatos, na cama e olha para mim.

- Acho que não me incomoda em nada vocês estando lá. - Afirma despreocupado, seu ombro encostando no meu, o calor vazando dele até mim. Bocejo, me aproximo mais dele atraida pelo seu calor, encosto a cabeça em seu ombro e fecho os olhos, Lucien parece não se importar com o ato, sinto as garras da inconsciência me levar novamente.


* Quase não sai.

* Posto o próximo amanhã. 💜💜💜















 

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