Capítulo 21

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        * Sem revisão*
            Boa leitura
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  Um enorme buraco enfeita o teto, o barulho foi causado pela árvore caindo e pegando uma parte da casa. Uma cascata cai pela abertura e ensopa a sala, o sofá, o chão, tudo completamente molhado. O serzinho de quatro patas corre até meus pés, vindo da cozinha com seus pelos todos lambidos pela água, agita seu corpo na intenção de se livrar do excesso.

- O que fazemos? - esponho minha dúvida, dormimos? Não conseguiremos fazer nada agora. Minha mãe aparenta pensar numa solução, ela começa a pegar tudo o que conseguir, impedindo de molhar, ou salvar algumas coisas que estão espalhadas pela sala. Capturo alguns papéis que não estão completamente danificados, arrastamos os sofás, a mesa, tiramos uns quadros que estavam na parede e outros pequenos móveis.  O sentimento que me domina é horrível, a vulnerabilidade e a impotência são esmagadoras, sinto minha visão ficar embasada pelas lágrimas.

  A tempestade não dá trégua, estamos no meio da madrugada quando terminamos de amenizar a situação. Pelo buraco caía cada vez mais água, e só o que podíamos fazer era observar a nossa casa ser alagada.

- Vou ver como está o nosso quarto. - Confirmo com um aceno. Pego o filhote que está agitado e aninho em meu colo, tento secar seus pelos ainda úmidos com minha camisola de seda, não funciona muito, mas deu uma aliviada. Ouço minha mãe descendo os degraus, imploro para que esteja tudo bem no quarto e que nada esteja destruído por lá, principalmente meus livros. Escuto mais um enorme barulho no teto, idêntico ao do primeiro, só que as paredes dessa vez também tremem, como se estivessem prestes a desmoronar, só deu tempo de escutar o som antes de sentir uma dor rasgante na minha cabeça e tudo ficar escuro.

  O som de tambores chega até mim, conforme subo a colina o som vai aumentando. Fumaça e um odor adocicado que irrita  meu nariz pairam fortemente no ar. Noto que estou vestindo um manto encapuzado quando me aproximo da enorme fogueira no alto da colina montada numa égua, abro a boca, há centenas de pessoas aqui, todas, ou a grande maioria, com máscaras, me concentro em algo específico em seus rostos, apesar de muita parte ser um borrão de cores, consigo indentificar a orelhas pontudas, não são humanos, são feéricos! Apeeio da égua, mas fico perto dela conforme sigo pela multidão, um sussurro selvagem me puxando, como se me chamasse. Meu rosto escondido nas sombras do capuz, rezo para que a fumaça e os incontáveis aromas de diferentes Grão-Feéricos e feéricos sejam o bastante para encobrir meu cheiro humano, coloco minha mão na coxa afim de sentir as duas facas que carrego comigo conforme avanço mais para dentro da comemoração.

  Um conjunto de percussionistas toca de um lado da fogueira, porém os feéricos estão agrupados em um fosso entre duas colinaa próximas. Deixo a égua amarrada a uma figueira no topo de um monte e sigo os feéricos. Quase escorrego na encosta íngreme quando entrava na vala. Avisto a boca de uma caverna, o exterior, adornado com flores e galhos e folhas, o chão coberto de pele logo após a abertura da caverna.

  Paro perto de uma das fogueiras, no limite das árvores, observando os feéricos. Sinto alguém segurar meu braço e me vira. Olho para os três estranhos com feições demarcadas, livre de máscaras, eles parecem Grão-Feéricos, entretanto, têm algo diferente neles, algo mais alto e mais esguio que Lucien, algo mais cruel nos olhos negros. O que segura meu braço sorri, revelando dentes levemente pontudos. Murmura algo que não entendo e percorre os olhos por mim. Tento puxar meu braço de volta, mas ele segura meu cotovelo com força. Sinto meus lábios se mecherem mas não ouço nada.

  Os dois feéricos ao lado dele sorriem para mim, e um segura meu outro braço no momento em que tento pegar a faca. Etende a mão pálida, longa demais, para afastar uma mecha de meu cabelo, cabelo que eu reparei ser castanho dourado. Viro a cabeça para longe e tento me afastar do toque repugnante, mas ele segura firme. Puxo os braços com força. O aperto deles se intensifica até doer, e os feéricos mantém minhas mãos bem longe das facas. Os três se aproximam, bloqueando-me dos demais, olho em volta procurando qualquer aliado. Os três riem, um barulho baixo e chiado que percorre meu corpo, não percebi até agora o quanto estamos longe de todos. Digo algo mais alto e com mais raiva do que esperava, considerando o tremor no corpo. O que segura meu braço esquerdo abre a boca, as fogueiras não refletem em seus olhos, é como se engolissem a luz. Não sei o que falou, mas exibo meus dentes para ele .

  Um deles passa a mão pela lateral do meu corpo, os dedos ossudos pressionando minhas costelas, meus quadris. Recuo, apenas para me chcar contra o terceiro, que passa os longos dedos entre meus cabelos e se aproxima, ninguém olha, ninguém repara em nada. Eles começam a me empurrar para o limite das árvores, direto para escuridão, eu empurro e me debato contra eles, os feéricos apenas silibam, um deles me empurra, cambaleio me soltando. O chão brota em baixo de mim e levo a mão às facas, mas mãos fortes me seguram sob os ombros antes que eu consiga saca-las, ou de cair na grama.

  Eram mãos fortes, quentes e largas,  diferente dos três feéricos que ficam completamente calados quando alguém me coloca de pé com cuidado. Não entendo o que diz, apenas ouço sua voz grave e sensual que eu jamais ouvira. Ele se coloca ao meu lado e passa um braço despreocupado em volta de meu ombro. Os três feéricos inferiores empalidecem, seus olhos escuros arregalando. Pelo que parece, meu salvador agradece a eles, sutil e educado. Há um tom afiado nas últimas palavras que faz com que os três erijecem o corpo. Sem mais comentários eles correm de volta às fogueiras. Saio da proteção do braço do meu salvador e me viro para agradecer, travo quando vejo que diante de mim, está o homen mais lindo que eu já vi.





* Isso é tudo pessoal.


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