- É, eu andei pensando, seria uma boa oportunidade para mim e minha mãe.Ele ergue uma sombrancelha com desdém antes de proferir:
- Então é desse tipo de pessoa? - Franzo o rosto não entendendo o que quer dizer. - Que se une ao matrimônio por dinheiro. - Olho para ele sem acreditar no que disse, sua expressão não vacila e nem mostra arrependimento, ele parece convicto com o que falou.
- Presta atenção porque eu só vou dizer uma vez! - Me aproximo um passo com o dedo erguido em frente ao meu rosto. - Mesmo que não seja da sua conta, não, eu não aceitei. Mas eu poderia, sou uma mulher livre, ponho comida em casa, independente, sem amarras, então a escolha que eu tomo sobre mim e meu corpo é problema meu. Ninguém tem direito de opinar sobre as decisões que tomo, como eu levo a minha vida, o que eu faço ou deixo de fazer. A única pessoa que "devo" alguma coisa, é a minha mãe. O resto que se exploda, então se você tiver alguma coisa contra, pegue a sua opinião e enfie naquele lugar. - Mostro os dentes e dou as costas para ele andando em passos pesados.
Bato a porta com mais força do que queria, afundo meu rosto no colchão assustando o filhote que tirava um cochilo.
- Macho estúpido. - Grunho, o som abafado pela coberta, o animal me olha com estranheza, uma orelha levantada e a cabeça inclinada para o lado, se ele pudesse falar, diria que eu estou doida. Me ajeito na cama e o trago até meu peito o aninhando, acaricio sua cabeça.
Abro os olhos com dificuldade, não sei em que momento acabei dormindo, mas o quarto já está banhado com a claridade da manhã. Me espreguiço sentindo alguns ossos estalarem, levanto com a maior calma, vou até o banheiro, tiro a roupa que estava desde ontem, entro na banheira. Solto um suspiro de satisfação ao sentir minha pele limpa. Penteio meu cabelo passando um creme para desembaraçar, deixo o secar livre de amarras como de costume, limpo meus dentes. Apresentável novamente, me preparo para descer, o filhote vai para o chão e me segue.
Ao chegar no primeiro andar encontro tudo silêncioso, sem movimentações, nenhum sinal de Vassa, Lucien ou Jurian. Encontro Layla na cozinha aprontando o que eu acho que seja nosso café?
- Bom dia Layla! - Estando de costas para mim não me viu chegar e devia estar muito concentrada no que fazia para não me ouvir também.
- Bom dia senhorita. - Fala após se recuperar do susto.
- Onde estão todos?
- Senhora Vassa foi ao mercado, senhor Jurian acho que a acompanhou e senhor Lucien provavelmente está lá fora. - Diz com as mãos ocupadas preparando nossa refeição.
- Quer ajuda? - Pergunto, não tenho nada para fazer mesmo e eu gosto de ficar na cozinha.
- Não senhora, não precisa, estou quase acabando, mas obrigada.
Aceno compreensiva, resolvo andar pela casa caçando algo para fazer. Escuto um som abafado, como alguém socando um estofado, ou algo macio, vou para parte de trás da casa, encontrando o causador do barulho, no espaço aberto e gramado. Lucien encontra-se socando a árvore, nela tem uma almofada para amortecer os impactos, uma faixa branca cobrindo suas mãos a impedido de machucar, ou aliviar um pouco os danos. Encosto meu ombro no batente, observando seus movimentos, o suor escorre pelo seu tronco desnudo, seus fios presos no topo da cabeça, pela falta de uma camisa é possível ver todos os seus músculos se contraindo, percorro meus olhos pelas costas dele, os ombros largos, não consigo impedir o pensamento delas marcadas, me imagino passando as unhas nelas, da nuca até em cima da lombar.
- Sabe que eu posso sentir você aí parada me espionando né? - Fala ainda de costas para mim, sua voz minimamente ofegante. Imagino que o esforço teria que ser muito maior do que só socar a árvore, para cansar um feérico.
- Eu não estava espionando você. - Afirmo após me reogarnizar, expulsando qualquer pensamento malicioso.
- Ah, não?
- Que eu saiba não é proibido assistir alguém treinar. - Digo num tom presunçoso.
- Tem razão, não é. - Sorri preguiçoso.
Ele busca sua camisa e a veste, desenrola o pano em volta dos dedos, logo em seguida sobe os poucos degraus que separam a varanda do gramado e para diante de mim. Suspira, abre a boca exitante um pouco em falar. Por fim diz:
- Lamento pelo modo em que a tratei ontem, e pelas minhas palavras que a feriram. - Seus olhos transmitem sinceridade, mas...
- Você realmente pensa isso de mim? - Pergunto ainda magoada, acho que acabei demostrando muito como suas palavras me ofenderam, não que eu me importe sobre o que ele pensa de mim, mas...
- Não! Acabei falando aquilo sem pensar, eu estava com a cabeça cheia e... - Suspira.
- Entendi, tudo bem, todo mundo têm um dia ruim né? - Dou de ombros. - Creio que Layla já tenha terminado de colocar a mesa, vamos?
Ele confirma e seguimos até a sala de jantar, a mesa posta com variedades de comida. Tomo meu lugar e começo a comer, imagens desconexas do sonho que tive essa noite tomam conta de meus pensamentos, lembro de ver um mar de estrelas tremeluzindo pelo céu escuro, uma melodia alegre e tranquilizadora encheu meus ouvidos. Parecia que eu estava voando no céu, a baixo de mim uma cidade, vibrante, colorida, não lembro de muitos detalhes. Mas acordei com vontade de continuar dormindo pela imensa paz que o sonho me deu, uma sensação estranha, mas boa.
Pelo fato de hoje ser domingo não trabalho, diferente de alguns armazéns e mercados que funcionam todo os dias, Gerard só funciona hoje na parte da manhã, em que ele mesmo toma conta do estabelecimento. Tendo terminado de comer, ajudo Layla, contra a vontade dela, a arrumar a bagunça que fizemos, logicamente arrastando Lucien junto para nos ajudar.
- Pode me lembrar novamente o por que estamos fazendo isso? - Fala mal humorado lavando a louça.
- Porque somos pessoas educadas que ajudam os outros quando precisam. - Ele bufa.
- Para de ser um velho rabugento. - Jogo um pouco de água que usava para enxaguar a louça, nele. Ele emite um som chocado.
- Você não fez isso! - Me fuzila com os olhos. Dou língua, debochando dele. Ele faz com que uma grande porção de água que estava escorrendo pela torneira acerte em mim. Um som esganiçado sai de meus lábios. Olho para ele em choque.
- Agora é guerra. - Declaro, adrenalina percorrendo em minhas veias, os olhos de Lucien repletos de competividade, espelho dos meus.
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* Aceito críticas CONSTRUTIVAS, nada de massacrar com palavras os amiguinhos.
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Depois de você
De TodoDepois da perda de sua Grã-senhora, Rhysand perdeu a vontade de viver. Todos os dias são vazios, não há felicidade, ele não mais vive, apenas sobrevive. Tentou acabar com a dor, mas não é o que Feyre iria querer, ela estaria totalmente decepcionada...