Capítulo 7

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  Ficamos praticamente a festa toda juntos, Lucien e eu. Ele talvez por não querer socializar muito, e eu por ser uma pessoa introvertida, no qual a única pessoa que sou familiarizada, ficou andando de um lado para o outro durante todo o tempo, me deixando sozinha, se não fosse o ruivo do meu lado. Percebo um pequeno grupo se retirando, Não sem antes se despedir da anfitriã, ouço uma mulher parabenizando Vassa, resolvo perguntar ao homen junto de mim o porque.
- Lucien. - Chamo sua atenção. - Por que estão parabenizando a Vassa? - Indago inclinando a cabeça para o grupo que está com Vassa. - Ergue uma sombrancelha questinativa para mim.
- É aniversário dela hoje. - O que? Como ela não me contou isso?
- Não sabia?
- Não. - Se soubesse teria juntado para comprar um presente para ela, ainda dá, mas lhe entregarei atrasado, já que não sabia. Olho para paisagem do lado de fora da enorme janela de vidro. O céu com poucas nuvens agora, pelas árvores balançando, está ventando bastante, prevendo uma mudança de tempo.
- Oi, desculpa ter te abandonado. - Fala Vassa, quando fica perto de mim.
- Já estou acostumado. - Fala o homem antes que eu pudesse dizer algo. A ruiva olha para ele.
- Não estava falando com você.
- Doeu. - Faz um bico, fingindo está magoado. Acho graça, os dois interagem como se fossem irmãos, bem o cabelo e a pele bronzeada eles têm em comum, por mais que os fios fossem de tons diferentes. Nunca tive irmãos, gostaria, assim eu não me sentiria tão sozinha, como me sinto de vez enquanto. Quem desfruta de um irmão ou irmã não quer ter, e que não tem, quer. Acho incrível a conexão que irmãos compartilham, basta um olhar para saber o que o outro está pensando ou sentindo, eles brigam, afinal nem tudo é perfeito, todo mundo briga. Mas, sempre se entendem e sempre estão um do lado do outro quando precisam, nunca deixam de se apoiar, seja na dor ou nas travessuras. Sei que existe irmãos que não se dão bem, que estão sempre um contra o outro, disputando, brigando e se machucando. Mas, se eu tivesse um irmão ou irmã, iria querer que me olhasse como Lucien e Vassa se olham. Amor, carinho, cuidado e amizade brilham em seus olhos sempre quando se olham. Podem não ser irmãos de sangue, mas, são irmãos que a vida lhes deu, irmãos que eles escolheram ter.
- Acho que vou indo, encontrasse ficando tarde. - Interrompo a pequena troca de farpas. Os dois olham para mim.
- Pode passar a noite aqui se quiser. - Sugere a ruiva.
- Agradeço pela gentileza, mas minha mãe ficaria sozinha em casa.
- Compreendo, Lucien levará até sua casa então. - Lucien olha para ela.
- Por que em certos momentos eu tenho a sensação de você mandar em mim? - Pergunta, incapaz de conter o tom afiado.
- Por que eu mando. - Falou, um sorriso de puro deboche estampado no rosto. - Afinal, não é para isso que homen serve? - Acrescenta. Lucien revira os olhos entediado, deixando Vassa ganhar essa disputa.
- Sabe que temos muito mais utilidades, principalmente em particular, envolvendo pouca roupa e muito suor. - Um sorriso felino enfeita seu rosto. Vira para mim, solta um suspiro demorado antes de dizer: - Muito bem então, vamos? - Indica a porta com os olhos. Eu poderia rebater e falar que não precisa, que posso ir sozinha e que não precisa se encomodar, mas eu estou tão cansada, e uma companhia a essa hora da noite ia ser muito bem vinda. Concordo, me despeço de Vassa e Jurian e vou embora com Lucien.
  Andamos lado a lado em silêncio até chegar em minha casa.
- Obrigada pela companhia. - Agradeço parada de frente para ele.
- Não precisa agradecer, não fiz mais do que minha obrigação. Acompanhar uma pobre humana indefesa até sua residência. - Diz brincalhão. Dou um empurrãozinho no ombro dele.
- Sei muito bem me defender tá? - Mentira, mais ele não precisa saber.
- Claro que sim, pisando nos pés deles. - Rebate com ironia. Bato de novo nele, mas dessa vez com mais força, ainda que não tenha feito nem cócegas.
- Idiota. - Reviro os olhos. Ele busca minha mão, levando-a até a boca e dando um leve selar nela, sinto um leve embrulho na minha barriga por essa ação.
- Boa noite senhorita. - Fala ainda segurando minha mão.
- Boa noite. - Devolvo, certa de que estou mais vermelha do que um tomate, retiro minha mão delicadamente da sua e entro na casa, fecho a porta, me encosto nela e solto um suspiro, meus lábios se abrindo num sorriso pequeno.
- Eai como foi? - Minha mãe surge da cozinha.
- Que susto! - Coloco minha mão sobre meu peito, sentindo o coração acelerado.
- Uhm, cabeça no mundo da lua, um sorrisinho no rosto. - Fala com a mão no queixo, de forma pensativa. - E considerando o fato que foi aquele bonitão que te trouxe. Eu diria que está apaixonada! - Afirma, os olhos brilhando, curiosos.
- Não viaja dona Sierra. - Reviro os olhos. - E o que a senhora pensa que estava fazendo espionado? - Questiono como uma mãe que pegou a filha no flagra fazendo algo errado.
- Você mesmo respondeu, estava espionando. - Dá de ombros, sentando no sofá, o filhote pula do lado dela, se aninhando no couro quentinho.
- E o que você ia ganhar com isso?
- Além da fofoca e entretenimento? Ver a minha filha voltar para casa com um partidão, e bota partido nisso. Ele é um colírio para os olhos. - Conclui se abanando, como se estivesse com calor.
- Deixa de ser asanhada. - Jogo o pano que usamos para secar a louça nela. - E além do mais, não é nada disso que a senhora pensa, Vassa só pediu que Lucien me acompanhasse para não vir sozinha. - Tiro os sapatos ficando descalça, odeio usar saltos.
- O que nada impede de algo acontecer. - Desisto de tentar falar com ela.
- Boa noite mãe, benção. - Digo depois de escovar os dentes e me trocar. Passo por ela no sofá e pego o cachorro em meus braços.
- Boa noite filha, já estou subindo também. - Aceno e subo antes dela, levando o lençol, me coloco de baixo dele e o arrumo. Viro de lado fechando os olhos, pronta para dormir.




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