Capítulo 16

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  Passamos a tarde toda nos preparando para o "grande" evento. Vassa e eu já estamos vestidas com nossos vestidos, ela com o turquesa e eu com o lilás. Meus fios dourados estão num penteado, Vassa tinha pego duas mechas largas da frente, fazendo  uma trança folgada e grossa, e prendeu com grampos atrás da cabeça escondendo as pontas para um acabamento mais elegante. O restante do cabelo solto, descendo livremente pelas minha costas.

  No cabelo dela eu improvisei um coque folgado, uma coroa de trança, também folgada,  em volta da cabeça, na frente deixei um pouco da sua franja caída pelo rosto. Alguma jóias pelo corpo da ruiva brilham,  brinco, colar e pulseira, em mim só uns anéis, brincos e um lindo colar delicado da mesma cor dos brincos, azul com uns pontinhos pratas.

  Lucien e Jurian nos aguardavam ao pé da escada, conversando. Desviam o olhar quando nos ouve descendo as escadas, os olhos de Lucien acompanhando cada movimento meu, percorrendo cada centímetro do meu corpo coberto pelo vestido, arruma a postura limpando a garganta quando paro em sua frente. Ele está com os cabelos sedosos presos para trás, o casaco azul marinho abotoado até o pescoço, bonito, poderoso, um pouco libertino, mas não sem deixar de parecer educado e elegante, reprimo um suspiro.

- Está linda. - Encontro com seus olhos, mordo o lábio inferior sentindo meu rosto esquentar.

- Obrigada. Você também.

- Viu, devia aprender com ele a como elogiar uma mulher. - Vassa quebra nossa conexão de olhares reclamando com Jurian e batendo em seu peito.

  Jurian sai reclamando sobre como ela é confusa demais e não sabe o que quer, Vassa o segue. O ruivo me oferece o braço, passo o meu pelo dele e descanso meu braço por cima do seu ante braço. Seguimos para fora da mansão, os dois humanos estão parados na frente da carruagem que nos levará até a residência do duque. Entramos, sento no banco acolchoado ao lado de Vassa, e os homens se sentam na nossa frente, parte do caminho eu e a mulher conversávamos e o restante passamos em silêncio.

  A carruagem estaciona em frente a entrada da mansão, outras pessoas descem de suas carruagens, todas muito bem vestidas, aceito a ajuda do cocheiro para descer, subimos a escada e passamos pelo portal de entrada. Vamos até o grande salão, um espaço que poderia facilmente rivalizar com salões de baile dos castelos das rainhas no continente, de tão majestoso e luxuoso que é. No fundo do salão, ao lado oposto da entrada, estão dois tronos, cobertos de veludo na cor vinho, neles estão sentados dois homens, o duque e seu filho.

  É de conhecimento geral que o duque e a duquesa possuem dois filhos, um na maioridade e o outro ainda criança. Não tem como eu não saber sendo filha de minha mãe e ela saber através de suas clientes toda a fofoca que circula sobre o vilarejo. O que é muita, ainda mais sobre a família do duque, que de uns tempo para cá, nunca é visto com sua esposa e vice-versa.

- Alguém pode me lembrar por que eu vim? - Jurian pergunta olhando ao redor, visivelmente sem nenhuma vontade de estar aqui.

- Estou me perguntando a mesma coisa. - Devolvo. Vassa nos olha com repressão.

- Vocês dois vão colocar um sorriso no rosto e parar de agirem como bichos do mato, estão numa festa, vão interagir, comer, dançar e aproveitar as oportunidades que a festa oferece. - Fala como minha mãe dando bronca. O moreno  revira os olhos.

- Que oportunidade? A única que eu vejo é várias lindas oportunidades para me envolver com alguém. - Diz olhando para as mulheres que passam
perto de nós.

- Claro! É só o que sabe fazer. - Vejo um brilho de mágoa manchar os olhos da ruiva, tão rápido como apareceu, sumiu.

- Por que querida Vassa, isso lhe incomoda? - Abre um sorriso irônico.

- Pouco me importa o que você faz ou deixa de fazer. - Sorri falsamente.

- Então já que é assim, até logo. - Se afasta de nós, não sei para onde, talvez indo atrás de uma das mulheres, só sei que isso incomodou a ruiva, por mais que ela diga e aja que não.

- O que vocês querem fazer? - Se volta para nós. Antes que eu ou Lucien pudéssemos dizer algo, um cara alto, branco, com cabelos castanhos e olhos castanhos misturados com âmbar aparece.

- Vassa minha querida, sempre estupenda. - Pega sua mão a levando até seus lábios e dando um sutil beijo.

- Tobias! Como vai? - Fala com um sorriso gentil nos lábios rosados.

- O mesmo de sempre, nenhuma novidade. - Cumprimenta Lucien com um aperto de mão. - Você eu não conheço, mas gostaria. - Me olha de cima a baixo com interesse, o ruivo arranha a garganta chamando a atenção.

- Ela não está disponível. - Diz olhando com  seriedade para Tobias, sua postura na defensiva, franzo o cenho estranhando sua fala e atitude.

- Que pena. - Estala a língua, lamentando, pede licença antes de ir até onde era requisitado, com a promessa de que voltaria. 

- O que foi isso? - Me viro para o feérico.

- O que? - Ergue uma sombrancelha ruiva se fazendo de desentendido. Cruzo os braços esperando uma explicação, Vassa fala que vai buscar algo para comer.

- Não estou disponível?

- Olha desculpa, você parecia desconfortável com a investida dele e eu sei que ele não desistiria de tentar algo com você, só fiz isso para ele sair de perto. - Justifica, finjo acreditar. - Se você quiser eu o chamo e falo que você está aberta a suas investidas. - Nego.

Depois de um tempo Vassa volta com uma pequena bandeja de prata em mãos, cheias de aperitivos e com uma expressão emburrada.

- Tudo bem? - Pergunto incerta.

- Claro, por que não estaria? - Enfia um enroladinho de queijo com tomate na boca.

- Nada.

  Um homen perto do trono avisa que Tobias irá escolher uma dama para dançar, e é para o resto se juntar a eles. Antes que eu conseguisse fugir, Vassa larga a bandeja com o ruivo e agarra minha mão me puxando com ela para onde estão as outras garotas que serão escolhidas. E é claro que como em todo livro clichê que eu leio, isso não podia ser diferente, e de todas as garotas que estão presentes aqui nesta noite, o filho do duque, galanteador barato e mulherengo tinha que me escolher.





*Quase não sai.
 
*Comentem 💜💜💜


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