Estou sentada à janela do quarto admirando a neve dançar no ar noturno. Fiquei boa parte da tarde e início da noite pensando em como abordar o Lucien para conversarmos, o que na minha cabeça é ridículo, foi só um beijo, nada demais. Então por que sempre fico agitada quando lembro e minhas mãos suam?
Minha mãe veio até mim buscando saber o motivo de não ter descido para jantar, depois que disse estar enjoada ela me trouxe um chá e se retirou me desejando boa noite. O relógio bate 21 horas, me espreguiço, interrompendo o movimento ao sentir dor na região da costela, espero as pontadas pararem para me levantar. Tomo mais um comprimido para dor e passo a pomada na região arroxeada.
Com um suspiro, saio do quarto. Caminho vagarosamente porém decidida, viro a esquina, parando na porta do único quarto ocupado nesse corredor. A casa é enorme, consequentemente possui vários cômodos e os quartos são o que mais tem aqui. Levanto meu braço lentamente, o punho fechado, pronto para bater na porta. Hesito por um segundo, o que eu vou falar? Vou esperar ele abrir a porta e depois? Antes de continuar com esses pensamentos dou rápidas batidas na porta de madeira e prendo meu lábio inferior nos dentes, esperando ele abrir. Contorço os dedos da mão, ele deve está ocupado ou até dormindo, quando viro pronta para voltar para o quarto, ouço o rangido da porta ao ser aberta, meu coração palpita e me esforço para agir com naturalidade. Mas aparece um Lucien com os cabelos soltos bagunçados e vestindo uma calça de pijama cinza, bem fina. Evito olhar muito, não querendo perder o foco do que vim fazer aqui. Não sou divertida, interessante e nem sensual como as outras mulheres com que ele esteve ao longo da sua vida, tenho conhecimento da minha aparência e sei que sou bonita, mas apesar disso, não acho que sou o suficiente para despertar o interesse de alguém por mim, o suficiente para que ele se interesse por mim. O que eu tenho a oferecer para alguém como ele? Eu não entendo muito sobre estar apaixonada, não me lembro de ter vivido esse dilema em algum momento, nunca fui o tipo de mulher que procura um amor ou um relacionamento, mas... Isso não significa que nunca tenha querido um.
- Podemos conversar? - Seus olhos percorrem minhas coxas a mostra pela camisola de cetim turquesa de alcinha e com renda no colo, que cobrem menos da metade da coxa, não liguei muito para o modo de como estava vestida antes de vir, enrubeço. Ele cruza os braços e se apoia na porta.
- Agora você quer conversar? Cansou de me ignora e fugir? - Diz com deboche.
- Olha desculpa, por ter te ignorado, mas eu não estava fugindo de você. - Ele ergue uma sombrancelha ruiva duvidando disso. Me dou por vencida e dou de ombros.
- Tá, talvez eu tenha fugido de você, mas só um pouquinho.
Ele abre a porta completamente me dando espaço para entrar, ele fecha a porta e indica o divã vinho para me sentar. O macho senta perto de mim, mas numa distância respeitosa. Por mais que tenha sido eu a vir até aqui no intuito de conversarmos, é ele quem fala primeiro depois de tirar um longo suspiro.
- Sobre ontem à noite. - Começa, e eu impenço a vontade de sumir, levantar e sair daqui, esquecer que isso aconteceu. Talvez eu só esteja com medo do que ele vai dizer. - Desculpe - me se fui rápido demais com você. - Faço uma careta involuntária. - Não queria te aborrecer ou criar uma situação constragedora para você, onde não conseguisse nem olhar para mim. - Fico sem saber o que dizer, ele me olha esperando que eu diga algo, opto pela sinceridade. Respiro fundo, tomando coragem.
- Aquilo não foi nada demais. - Pigarreio. - Não que tenha sido ruim. - Acrescento temerosa do que ele possa achar, mas me arrependo ao ver seu sorriso arrogantemente preguiçoso.
- Então você gostou. - Diz num tom convencido.
- Eu não disse isso.
- E não precisou, você se mostrou bem entregue ontem e não parecia desgostar. - Escondo meu rosto com as mãos, morta de vergonha. Ele solta uma gargalhada rouca com meu sofrimento.
- Fico feliz que meu desastre o divirta. - Mau humor presente na minha voz.
- Ah, como você mesmo disse, não foi nada demais. Aparenta até que nunca foi beijada. - Não impenço o desconforto que suas palavras me causam, até um pouco de raiva.
- Porque eu nunca fui, algum problema? - Indago, meu rosto quente, se é de vergonha ou de raiva não sei, talvez seja um pouco dos dois. Ele olha para mim como se não acreditasse em minhas palavras, como se eu estivesse brincando com a sua cara.
- O quê?
- Eu nunca me envolvi romanticamente com ninguém, nunca beijei e nem nada parecido. É tão difícil acreditar? - Gesticulo o olhando. Ele assenti.
- Por que? - Um período longo, silencioso e desconfortável se instala no quarto, um período em que não degrudei meus olhos de Lucien, sua expressão difícil de desvendar. Me esforço para transparecer calmaria, mesmo me corroendo de nervosismo por dentro.
- Porque eu acho quase impossível ninguém nunca ter se interessado por você, não quando você é dona de uma beleza tão única como a sua. - Diz, depois de tonturantes minutos de quietude feérica assustadora, minutos que pareceram horas, é incrível o quanto eles conseguem permanecer completamte imóveis. Bom, pelo menos o Lucien, que é o único feérico que conheço.
- Lucien... - Tento protestar, meu rosto completamente enrubecido, mas ele não deixa, pega na minha mão delicadamente, leve como uma pluma.
- Não. - Diz, seus traços mais rígidos pela expressão seria que está fazendo. - Você é incrivelmente linda Celene, assim como me disse, você pode não achar, mas é. Deslumbrante por fora e mais ainda por dentro, você é mais preciosa do que a mais rara jóia, porque jóias existem aos montes, mas você, só existe uma. - Solto uma lufada de ar pela boca, eu queria tanto repetir o beijo. Consigo sentir meu corpo formigar com essa necessidade, ele parece querer a mesma coisa. - Não tem ninguém como você. - Reafirma, se aproximando lentamente de mim, prestes a tomar minha boca para si.
* Parar na melhor parte, sim ou claro?
* Tô empolgadissima com a fic, tenho um monte de coisas incríveis planejadas para ela e só preciso encaixar tudo.
* Acho que logo, logo, teremos a presença de um membro do círculo íntimo. Ai ai
* Votem e comentem isso influência demais.
Bjs 💜💜💜
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Depois de você
RandomDepois da perda de sua Grã-senhora, Rhysand perdeu a vontade de viver. Todos os dias são vazios, não há felicidade, ele não mais vive, apenas sobrevive. Tentou acabar com a dor, mas não é o que Feyre iria querer, ela estaria totalmente decepcionada...