Vinte e Dois: Cuidado

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NOTAS INICIAIS

Pessoal, este capítulo contém violência. Não quero ferir os sentimentos de ninguém, então tenham cuidado ao ler, caso seja um assunto gatilho, ok?


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Minha boca estava muito seca e até mesmo respirar doía.

Não sei como em um dia tão chuvoso e úmido eu podia ficar com tanta sede. Era claro que nenhum deles estava afim de quebrar as regras para ofertar uma aguinha para a prisioneira. Pelo menos eu não estava mais vendada, conseguia ver o pessoal indo de um lado para o outro, enquanto eu permanecia amarrada na cadeira.

Meu sequestrador se apresentou como Shigaraki, mas eu prefiro chamá-lo de Sr. Ressecado. Aparentemente, estou aqui para garantir a vitória do lutador dele, um tal de "Deiko", que irá lutar contra Katsuki. Já fazem algumas horas desde que me trouxeram para cá, mas ainda assim vi poucas pessoas circulando por aqui.

Provavelmente eu ficarei amarrada até o término da luta. O problema é o tempo que estarei sem dar notícias para os meus pais. Eu poderia aguentar de boa se eles ainda estivessem viajando, mas neste momento, na minha atual confirmação familiar, estou muito fodida.

Olho ao redor, procurando por alguma coisa afiada. O escritório fedia e era escuro, mas deveria ter alguma coisa que cortasse as cordas em meu pulso. A mordaça na minha boca estava úmida e machucava os lábios, deixando um gosto de derrota ainda maior na minha língua.

Shigaraki aparece junto com um segurança, andando tranquilamente até o sofá do escritório. Ele se joga ali e acende um cigarro, tragando-o enquanto me encara. Fico mais ereta, para demonstrar que não havia medo em mim. Isso causou um certo riso nele.

– Quando você apareceu lá na primeira vez, imaginei que não fosse uma garotinha qualquer. – A fumaça deixa seus lábios, subindo pelo ar – Normalmente as mulheres não gostam de violência, desviam o olhar na primeira oportunidade. É o que sempre acontece com as prostitutas.

Não posso falar, mesmo que tente empurrar o tecido com a língua. Sigo encarando-o, esperando que ele pudesse dizer que a brincadeira tinha acabado e que eu estava livre. É claro que não aconteceu isso.

– Você conheceu um cara peculiar. – Shigaraki traga novamente, soltando a fumaça pelas narinas – "Dynamight".

Franzo a testa e olho para o segurança. Ele estava com uma roupa casual, mas era grande o suficiente para precisar abaixar a cabeça ao entrar pela porta. Ele olhava fixamente para a parede, em posição de guarda. Shigaraki faz um movimento de mãos, que percebo pela visão periférica. O mesmo cara aproxima-se de mim e desce minha mordaça, deixando-a em meu pescoço.

– Você sabe por que está aqui?

– Porque você é um tarado? – Sorrio para ele. A pele dos meus lábios estica-se, quase rompendo de tão seca.

– Porque seu amigo quis dar uma de esperto. – Shigaraki inclina a cabeça e cruza as pernas – Lá em Tóquio. Quase deu certo, mas somos mais perspicazes.

– Isso não significa que vocês são burros? Ele já enganou vocês, pelo o que entendi.

Talvez tenha sido o meu tom, mas acredito que o real motivo para levar uma bofetada no rosto tenha sido a minha sinceridade. Grunho com a dor e o sangue deixa um gosto ruim na boca. O segurança se afasta novamente, voltando ao seu posto.

𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐨𝐠𝐨 • katsuki bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora