Vinte e Sete: Nanami Shimura

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– Podem descansar.

As duas equipes param o jogo, ofegantes e suados, depois de 2 horas consecutivas de treino. Eu mesma estava suando muito, mas logo já estava re-hidratando ao tomar água. Ajeito o meu cabelo e começo o alongamento, evitando que meus músculos ficassem rijos antes do momento certo. Chamo com a mão uma das goleiras que fica no banco, mais descansada que as demais, para o centro da quadra. A garota olha para os lados e tenta fingir que não é com ela, mas as suas próprias colegas a empurram em minha direção.

– Vai para o gol. – Mando, enquanto movimento meu ombro dominante.

– Você não vai descansar, capitã? – Sua voz fininha pergunta, preocupada. Ainda assim, ela ajeitou suas joelheiras e cotoveleiras, indo até a rede.

– Fiquei muito tempo parada, preciso recuperar o tempo que perdi. – Espero que ela se ajeite, meio sem graça. – Tente defender com a sua vida.

– E-eu sou só a terceira goleira! – Ela grita para mim, trêmula.

– Você é uma goleira. Todos aqui tem capacidade de acompanhar o time, caso contrário, você não estaria conosco ainda. – Sorrio – Se não confiar em si mesma, não posso confiar por você, entendeu?

– Acho que você seria a pior pessoa para se jogar contra, de qualquer forma... – Ela fala mais baixo, mas ainda assim escuto. 

Não respondo, apenas solto uma pequena risada. Os times de handball estão parados, descansando na arquibancada lateral, assim como os outros times que dividem o dia de treino. Mesmo assim, ainda escuto a fricção da sola dos tênis que os meninos do basquete usam. Assim como eu, eles estão super focados em chegar na Nacional. No meu campo de visão, o moreno cabeludo, Aizawa-sensei, ressurge, andando até onde estou. Aguardo, quicando a bola no chão.

– Sua postura está tensa, vai lesionar seu ombro se seguir nesse ritmo. – Ele diz, apertando sobre meu membro.

– Ai! – Reclamo – Estou bem, só um pouco tensa com a proximidade do campeonato.

– Ok, me mostre o que anda fazendo então. – O professor dá uma meio sorriso, afastando-se de mim para ir até a linha da área. – Depois, um contra um.

– Você e eu? Como nos velhos tempos? – Grito, eufórica. O time ao lado também começa a torcer.

Aizawa é um amor. Pena que perdi o contato nos últimos meses, devido a tanta coisa acontecer. Eu o chamava de pai para irritá-lo, mas também porque o via como uma figura paterna. Esteve nas conquistas que os meus próprios pais não estiveram e sente tanto orgulho quanto um deles. Não posso decepcioná-lo no meu último ano, por isso, ignorando a dor local que ele causou - até porque, eu realmente estava fadigada - começo a treinar os lançamentos a gol. Primeiro os faço com corrida e salto, depois faço o tiro de 7m.

A goleira estava tentando pegar e, logo quando comecei a cansar mais, perdendo força no lançamento, ela começou a defender. Isso encheu seu peito de orgulho, dava para ver. Não fico triste por estar errando ou coisa do gênero, quero que o pessoal cresça sem mim aqui. Afinal de contas, ano que vem não serei mais a capitã, nem a pessoa chata que os manda treinar intensamente. O professor Aizawa pede para a goleira ir descansar, enquanto tira o seu próprio casaco de corrida para ficara penas com seu calção e regata pretos. Sua cabeleira negra é amarrada em um coque alto e seu olhar não tinha aquele cansaço habitual.

Estava cheio de energia.

– Fica meio complicado 1x1 no handball, você sabe... – Sorrio.

– Vamos fazer por avanço e defesa, trocamos as posições depois. Se alguém perder a bola, o outro precisa retornar até a metade da quadra para poder iniciar o contra-ataque. – Ele diz, guiando-me até o centro. – Você começa.

𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐨𝐠𝐨 • katsuki bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora