Trinta e Seis: Retiro

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Katsuki Bakugou

Desço do carro e ando até a porta, respirando profundamente antes de apertar a campainha. Balanço a cabeça e mexo no meu cabelo, irritado com minha hesitação. Aperto o botão e o som agudo da campainha corta o silêncio. Não demora muito para que a porta se abra, mostrando o treinador Hayato - o sr. Shimura - diante de mim. Engulo em seco, inclinando um pouco o tronco para cumprimentá-lo de um jeito mais formal.

– Bom dia, sr. Shimura. – Digo da forma mais polida que pude – Vim buscar a Sayori.

– Ela não está pronta. Entre, por favor.

Ele dá as costas para porta, deixando que eu entrasse por conta própria. Fecho a porta e tiro os calçados, um tanto ansioso por não saber o que fazer. Agradeço quando a mãe da Sayori aparece, com um sorriso extenso. Ela se aproxima de mim e nos cumprimentamos, mas os tapinhas que ela deu em meu braço, como se quisesse desejar boa sorte, foi o que me deixou mais ansioso.

– Eu gostaria de falar com você, se possível. – Hayato diz próximo a outra porta, chamando-me com a mão.

Direciono-me até ele, entrando no que reconheci como um escritório. Haviam duas mesas: uma com um notebook e papéis organizados, com um óculos e algumas canetas coloridas; outra com o apito sobre uma prancheta, papéis espalhados, um caneca de café e um telefone fixo. Quase tive vontade de rir dessa diferença de personalidade tão clara entre os locais de trabalho de cada um.

– Precisa de alguma coisa, senhor? – Falo depois de um tempo, quando Hayato já tinha ficado quieto por alguns minutos.

– Nossa primeira conversa sobre a Sayori não foi muito... boa. – Ele diz, apoiando-se na mesa e cruzando os braços.

– Ela foi necessária, de qualquer forma. Eu entendo a sua posição.

– Não sei que tipo de relacionamento vocês têm agora, mas eu sei que ela gosta de você. – O mais velho faz uma careta – Já conversei com a Sayori sobre isso. O meu plano ideal era vê-la casada com o Shouto, mas acho que disso você já sabia.

Dou um sorriso de canto, irritado com o que ele disse. Coloco as mãos nos bolsos, apertando meus dedos em punho para tentar manter a sanidade. Hayato ergue os olhos para mim, encarando-me seriamente.

– Não quer dizer que eu não goste de você, Bakugou. – Ele suspira – As circunstâncias me levaram a ter um pé atrás e, principalmente, com o envolvimento dos dois. Nanami pediu para que eu tentasse de novo, então eu estou tentando.

– Nunca perdi o respeito pelo senhor ou coisa do gênero, por causa daquela conversa. Como comentei antes, eu entendo a sua posição.

– O que você pretende com a minha filha? Quais os seus planos? – Hayato começa a gesticular, olhando para o teto – Você vai para a faculdade? Quer ser lutador?

– Eu quero ser militar, senhor. – Fico em posição de descanso do soldado, com as pernas levemente afastadas, o peito estufado e as mãos atrás das costas – No momento, estou tentando convencer a minha mãe disso. Lá eu poderei entrar em algum curso relacionado ao serviço para agregar, assim como o meu pai fez. Essa sempre foi a minha vontade, para lutar pela segurança das pessoas que eu amo, principalmente. – Minha resposta o surpreende – Muito provavelmente eu não seja o suficiente para a Sayori, sei que pensa o mesmo. Todoroki e ela tem uma conexão muito forte e eu não seria capaz de superar isso. Mesmo assim, eu quero tentar, pois amo a sua filha. O período em que ficamos longe um do outro só nos fez sofrer e, principalmente, me fez perceber o quanto preciso dela. Tenho consciência de que estou sendo egoísta, perdoe-me por isso, mas quero estar com a Sayori.

𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐨𝐠𝐨 • katsuki bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora