Vinte e Seis ~hot

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Toya

Despenteio meu cabelo pela décima vez.

Não consigo ajeitá-lo bem o suficiente. Parece que hoje ele não quer colaborar. Não posso penteá-lo, pois fica parecendo um saco lambido. Quando o desarrumo, parece que estive em um furacão. Simplesmente está impossível.

Fecho os olhos e respiro fundo. OK, eu sei que, na verdade, sou eu que estou exigente demais. Meu cabelo está da mesma forma de sempre, mas eu estou mais nervoso que nunca. Passo a mão pelo meu peito até em baixo, alisando a camiseta preta. Meu reflexo não está de todo ruim, as roupas que Sayori mandou comprar ficaram realmente boas. Não sabia que esse estilo combinava tão bem comigo e, principalmente, com ele.

Meu celular vibra e o nome "Keigo Bakugou" aparece na tela. Sua mensagem indicava que ele havia chegado e estava esperando no portão, sendo o sinal que eu precisava para descer. Evito olhar-me novamente no espelho, para que eu não decida alterar algo de última hora. Fecho minha porta e ando rapidamente até o primeiro andar, onde calço meus sapatos e saio de casa. Ainda podia ouvir as risadas e conversas masculinas que os colegas do meu irmão trocavam, fazendo-me torcer o rosto em careta. Quando esses idiotas irão embora daqui, afinal?

Adentro o carro no lado do passageiro, acenando rapidamente para o loiro. Pude perceber que ele vestia-se como de costume: uma camiseta oreta manga curta um tanto justa e uma calça jeans escura. Hawks olha para mim, erguendo sua sobrancelha e com a expressão de quem espera alguma coisa. Sem entender, desvio o olhar, cortando aquele contato.

- O que foi? - Pergunto.

- Perguntei onde fica o escritório.

- Ah, claro. - Coloco o endereço no GPS do seu celular e volto a minha posição normal.

Seguimos em silêncio até lá, algo não tão comum. Normalmente o loiro acharia algo para conversar, mas hoje ele estava quieto. Parecia incomodado, o que me deixa ainda mais desconfortável. Saímos do carro e avançamos para dentro do prédio. Meu pai era dono de um andar inteiro dentro do prédio, que se localizava no centro da cidade de Musutafu. Lá ele fez diversos escritórios privativos para os advogados que trabalhavam com ele, além de ter o seu próprio. Por ser filho do dono, ganhei um logo que comecei a trabalhar com ele, mesmo sendo estagiário.

Cumprimentamos o porteiro, mostro meu crachá de associado e entramos sem grandes problemas. Dentro de elevador, o silêncio ainda se fazia presente. As palavras da Sayori, sobre tomar riscos, latejavam na minha mente. Tento fazer uma lista de prós e contras de tomar tal atitude, mas percebo que estou auto sabotando minha decisão. Assim que atingimos o 19º andar, as portas metálicas se abrem e o escritório aparece.

- Caralho, é enorme.

Hawks parece surpreso com o que via. Já eu, acostumado desde criança a frequentar o local, não o achava grande coisa. Deixo que o loiro vá andando por entre os acentos de espera, recepção e algumas outras áreas, como cozinha, banheiro e vestiário, para que se adaptasse e reconhecesse o local. Eu, por outro lado, ando até a enorme parede de vidro temperado, que nos dava a vista de Musutafu. A noite estava caindo e por isso o escritório já estava fechado. O por do sol daqui brilhava de uma forma resplandecente. O laranja preenche o espaço e, assim que viro-me para procurar por Hawks, ele já estava ao meu lado.

- Então esse é o poder de um advogado grande, ein? - O loiro tinha seus olhos brilhando ainda mais intensos com aquela luz crepuscular.

- E você vai trabalhar aqui, pode escalar e conseguir um lugar próprio. - Sorrio levemente.

- Você é um cara de sorte, Toya.

Não é a primeira vez que o ouço dizer meu nome. Porém, fazia tempo que nos tratávamos apenas pelo apelido que os subterrâneos nos deram. Engulo em seco e coloco as mãos nos bolsos da calça, tentando esconder o suor que brotara nelas. Eu não me sentia frágil e ridículo desde minha pré-adolescência, quando descobri que os garotos eram muito mais interessantes que garotas. Foi na mesma época que apareceu meu primeiro amor infantil, que abriu um mundo diferente aos meus olhos.

𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦 𝐟𝐨𝐠𝐨 • katsuki bakugouOnde histórias criam vida. Descubra agora